Pular para o conteúdo principal

Todo mundo odeia o Bush


George W. Bush sairá da vida na Casa Branca para entrar na história. Na história das anedotas e piadas. Algum outro presidente foi tão satirizado, criticado e odiado quanto o filho de George Bush I?

Qualquer Forrest Gump percebeu que o atual presidente passou os dois mandatos esforçando-se tenazmente para angariar o rancor e o ressentimento do mundo. Nenhum foi tão bem-sucedido em ativar o anti-americanismo latente em todas as nações que vivem na esquizofrenia de amar e odiar a América ao mesmo tempo.

Rememoremos algumas das peripécias de George W. Bush no comando da nave imperial:
1) Seus espias e arapongas não se prepararam devidamente para o súbito ataque terrorista de 11 de setembro.
2) Passou meses caçando em vão o inimigo público #1, Osama Bin Laden.
3) Fez da invasão ao Iraque um canteiro de obras para as empreiteiras ligadas ao lobby de políticos republicanos.
4) Chafurdou num atoleiro à la Vietnã ao subestimar a capacidade de retaliação iraquiana, cujos homens-bomba iletrados e desempregados são usados como literais buchas de canhão pelos islâmicos mais belicistas e fanáticos.
5) Foi acusado de negligência no socorro às vítimas do furacão Katrina.
6) Não ganhou mas levou a reeleição. Se isso tivesse ocorrido numa republiqueta sul-americana, a região teria sido infestada de inspetores da Transparency International.
7) Vai deixar o trono com o país financeiramente nocauteado. A culpa pelo caos econômico não é só de Bush. A política financeira americana vem há décadas abusando de períodos de vacas gordas, com pequenos sustos aqui e acolá. Como nenhum outro presidente fez o dever de casa antes, a crise estourou no colo de Bush. Nunca na história da república americana houve homem mais errado na hora mais errada no local mais errado.
8) Foi o marechal de Guantánamo, a terra sem lei.

Como se vê, se a ONU fosse o DETRAN, Bush teria sua carta de motorista da máquina americana tomada por imprudência, imperícia e negligência.

Depois de ser retratado (exageradamente, muitas vezes) como um político sem dotes, como um Jerry Lewis mais apalermado, como um Chuck Norris piorado, enfim, após tantos equívocos e subterfúgios, o homem chegou ao grau máximo de descrédito. Porque se não fossem seus movimentos friamente calculados, Bush teria levado uma sapatada de um jornalista iraquiano, que ainda o chamou pelo insulto sórdido de “cão”. Perto dos epítetos pelos quais a comunidade ocidental andou lhe chamando, o xingamento canino chega a ser reconfortante.

É triste ver um homem que não consegue fazer amigos. Se bem que, no Dia de Ação de Graças deste ano, Bush seguiu a tradição e perdoou um peru aliviando-o da panela certa. Pelo menos com um amigo ele poderá contar.

PS: eu demorei mais que vocês pra perceber que, na foto "Um presidente no jardim-da-infância" (na cumeeira desta postagem), Bush segura o livro em posição pouco ortodoxa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

o mito da música que transforma a água

" Música bonita gera cristais de gelo bonitos e música feia gera cristais de gelo feios ". E que tal essa frase? " Palavras boas e positivas geram cristais de gelo bonitos e simétricos ". O autor dessa teoria é o fotógrafo japonês Masaru Emoto (falecido em 2014). Parece difícil alguém com o ensino médio completo acreditar nisso, mas não só existe gente grande acreditando como tem gente usando essas conclusões em palestras sobre música sacra! O experimento de Masaru Emoto consistiu em tocar várias músicas próximo a recipientes com água. Em seguida, a água foi congelada e, com um microscópio, Emoto analisou as moléculas de água. Os cristais de água que "ouviram" música clássica ficaram bonitos e simétricos, ao passo que os cristais de água que "ouviram" música pop eram feios. Não bastasse, Emoto também testou a água falando com ela durante um mês. Ele dizia palavras amorosas e positivas para um recipiente e palavras de ódio e negativas par

paula fernandes e os espíritos compositores

A cantora Paula Fernandes disse em um recente programa de TV que seu processo de composição é, segundo suas palavras, “altamente intuitivo, pra não dizer mediúnico”. Foi a senha para o desapontamento de alguns admiradores da cantora.  Embora suas músicas falem de um amor casto e monogâmico, muitos fãs evangélicos já estão providenciando o tradicional "vou jogar fora no lixo" dos CDs de Paula Fernandes. Parece que a apologia do amor fiel só é bem-vinda quando dita por um conselheiro cristão. Paula foi ao programa Show Business , de João Dória Jr., e se declarou espírita.  Falou ainda que não tem preconceito religioso, “mesmo porque Deus é um só”. Em seguida, ela disse que não compõe sozinha, que às vezes, nas letras de suas canções, ela lê “palavras que não sabe o significado”. O que a cantora quis dizer com "palavras que não sei o significado"? Fiz uma breve varredura nas suas letras e, verificando que o nível léxico dos versos não é de nenhu

Nabucodonosor e a música da Babilônia

Quando visitei o museu arqueológico Paulo Bork (Unasp - EC), vi um tijolo datado de 600 a.C. cuja inscrição em escrita cuneiforme diz: “Eu sou Nabucodonosor, rei de Babilônia, provedor dos templos de Ezágila e Égila e primogênito de Nebupolasar, rei de Babilônia”. Lembrei, então, que nas minhas aulas de história da música costumo mostrar a foto de uma lira de Ur (Ur era uma cidade da região da Mesopotâmia, onde se localizava Babilônia e onde atualmente se localiza o Iraque). Certamente, a lira integrava o corpo de instrumentos da música dos templos durante o reinado de Nabucodonosor. Fig 1: a lira de Ur No sítio arqueológico de Ur (a mesma Ur dos Caldeus citada em textos bíblicos) foram encontradas nove liras e duas harpas, entre as quais, a lira sumeriana, cuja caixa de ressonância é adornada com uma escultura em forma de cabeça bovina. As liras são citadas em um dos cultos oferecidos ao rei Nabucodonosor, conforme relato no livro bíblico de Daniel, capítulo 3. Aliás, n