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Mostrando postagens de 2012

meus livros e músicas de 2012

Comecei a postar essas listas anuais na época em que comecei o mestrado. Desde então (e ainda agora no doutorado), o tempo para leitura de ficção ficou menor diante das obrigações de leituras acadêmicas e ensaios literários.  Meus livros do ano: Beethoven (Lewis Lockwood) – obra de fôlego que analisa a vida e a música do meu compositor preferido há muito tempo,desde as aulas com o mestre Jael Enéas. Os amigos preferiam me ouvir tocando a "Pour Elise", mas meu espírito gostava mesmo era da "Sonata ao Luar". A reinvenção do mundo: um adeus ao século XX (Jean-Claude Guillebaud) – a nova mentalidade social, a tecnologia, a cultura e nós que vivemos em meio a tudo isso. Para não renunciar à mudança por causa do passado e nem aprovar o novo só porque é o futuro. A new song for an old world (Calvin Stapert) – nos primeiros séculos do cristianismo, pensadores da estirpe de Clemente de Alexandria, Tertuliano, João Crisóstomo e Agostinho escrevera

meus melhores filmes de 2012

Minha lista de melhores não dos melhores filmes desse ano, mas de filmes que vi neste ano não importa o ano de sua produção. Em 2012, assisti obras-primas como A Separação e Na Estrada da Vida , ótimos dramas como Jean de Florette e A Morte e a Donzela , animações estupendas como   A Viagem de Chihiro e filmes não tão bons mas com interessantes questões teológicas, como Prometheus . À lista: Brinquedo proibido  (1952) – na França da 2ª Guerra Mundial, uma menina perde os pais e encontra a amizade de outra criança, filho de camponeses que lhe dão abrigo. O travo amargo da guerra é aliviado por momentos inesperados de humor. Mas se prepare, ao contrário do engodo de  A Vida é Bela , em que Aschwitz vira Disneylândia, este pequeno filme não maquia o horror da guerra para consolar o espectador. 4 meses, 3 semanas e 2 dias (2007) – após assistir a esse filme, qualquer que seja sua opinião a respeito do aborto, contrária ou a favor, ela vai mudar. Porque esta não é mais uma c

darwin, newton e o cartum do fim do mundo

dave brubeck e ravi shankar

Dois músicos geniais faleceram em dezembro: o pianista Dave Brubeck e o músico indiano Ravi Shankar. Há pouco mais de 50 anos, ambos passavam a estabelecer novos parâmetros para a escuta e a prática de sua música. O jazz não seria mais o mesmo após o álbum "Time Out", de Brubeck e sua magnífica trupe, e os sons da Índia atingiriam uma popularidade mundial inesperada pelas mãos de Shankar. Nada mais a declarar: só tire um tempo para ouvi-los. Dave Brubeck, "Take Five": Ravi Shankar e sua filha Anoushka (ele também é pai da cantora Norah Jones):  

o fim do mundo: seis ficções e uma verdade

O cinema trata o fim do mundo como se fosse verdade. Uma verdade de duas horas. O espectador fica em suspense quando assiste “O Dia depois de Amanhã”. Quando o filme acaba, ele sai para comer como se não houvesse amanhã. Para Hollywood e para o vendedor de pipocas, o fim do mundo pode ser só ficção, mas o lucro é bem real. Como os maias “agendaram” a destruição do planeta para o dia 21/12/12, vamos lembrar de seis ficções e uma verdade sobre o fim do mundo: Ficção 1: Presságio O começo : números e cálculos feitos por uma garota há mais de 50 anos são interpretados como previsões (acertadas) de catástrofes. O fim : aniquilação total. O lado religioso : em meio a várias referências bíblicas (4 cavaleiros, profecias), arruma-se até uma espécie de “nave de Noé”. Ficção 2: O Fim do Mundo O começo : cientista descobre que um planeta desgovernado atingirá a Terra. O fim : colisão de planetas. O lado religioso : uma arca de Noé espacial levará alguns habitantes sorteados pa

a parábola do bom legalista

Certo dia, porque é sempre em certo dia que esses eventos se dão, um grupo de alunos subiu ao andar onde seu professor corrigia provas e lhe perguntaram: “Mestre, é mais fácil um camelo entrar voando por essa janela do que um legalista ir para o céu?” O professor, sabendo que camelos não voam e que todo legalista pensa que a lei dá asas, contou a seus alunos a seguinte parábola: Um homem ao sair para o trabalho encontrou um livro no chão. Pegou, olhou, folheou e guardou o livro que tinha por título uma só palavra: “Lei”. E pensou: “Cristo não veio revogar a lei, mas cumpri-la. Que bom que eu já obedeço à lei, ao contrário desse meu colega de trabalho evangélico que não sabe o que é verdade.” E assim passou a semana como o legalista que era, exigindo muito, pedindo um pouco e não agradecendo por nada. Chegando o sábado, foi à igreja achando que sua observância da lei lhe dava créditos e méritos de salvação. Outro homem ao sair para a igreja encontrou um livro igual no c

um estudo sobre o cd Princípio e Fim

As congregações evangélicas, de um modo geral, foram acostumadas a um modelo musical de melodias firmes, poesia simples e teologia direta. Isso pode explicar o apreço pelos dois primeiros CDs de Leonardo Gonçalves, nos quais há músicas que se consolidaram no repertório evangélico dos últimos anos (“Getsêmani”, “Volta”, “Moriá”, “Ele Virá”, são algumas). O 1º CD, "Poemas e Canções", apresentava temas gerais do cristianismo. O segundo, "Viver e Cantar", pôs em sequência teológica as doutrinas cristãs centrais. O terceiro, "Avinu Malkenu" , relaciona a tradição musical e teológica judaica à compreensão teológica  cristã. O CD  “Princípio e Fim”  diverge dos anteriores nos aspectos musicais e poéticos. E também é diferente no viés teológico. Vamos aos aspectos musicais. Ouvindo musicalmente As músicas deste CD se adequam mais à reflexão pessoal do que à performance pública, isso chega a ser reconfortante. Esta é uma produção que não buscou a f

o que você sempre quis saber sobre música

César e Deus numa nota de cem reais

Em São Paulo, a Procuradoria dos Direitos do Cidadão entrou com ação que propõe que não se inclua a expressão "Deus seja louvado" nas futuras notas de real a serem impressas. O argumento apela à laicidade do Estado, ou seja, que um Estado laico não deve promover esta ou aquela religião. Isso é diferente de propor a mudança do nome dos Estados de São Paulo para "Eduardo" e de Santa Catarina para "Mônica". Eu não tenho nada contra o governo retirar das cédulas essa expressão tipicamente cristã. E tenho 3 razões: 1) Os cristãos provavelmente não gostariam de ver escrito nas cédulas expressões como "Buda seja louvado" ou "Tupã seja louvado", ou qualquer uma das frases escritas na nota de real no começo desta postagem. Tem cristão que não suporta calado nem o título sincrético-religioso de uma novela, tipo "Salve Jorge", imagina carregar expressões assim na carteira! Alguns defendem a permanência da expressão cristã nas

Adventistas na América: republicanos ou democratas?

Em 1874, após o Congresso norte-americano rejeitar um projeto que outorgava ao estado o poder de impor valores morais do cristianismo, a Associação de Reforma Nacional, formada por uma frente evangélica conservadora e próxima ao Partido Republicano, passou a propor a imposição de leis dominicais. Quando alguns estados começaram a apoiar estas leis e as perseguições aos violadores do domingo como dia de descanso terminaram em multas e prisões de grupos sabatistas, como os batistas e adventistas do sétimo dia, estes reivindicaram a liberdade religiosa e de consciência. “O Partido Republicano endossava a imposição da lei dominical, e os adventistas que tendiam a apoiar os republicanos desde 1856, mudaram sua lealdade em favor dos democratas” (R. Schwarz e F. Greenleaf, Portadores de Luz, p. 242). Na década de 1880, na Califórnia, quando os democratas venceram as eleições estaduais, eles revogaram a legislação dominical. Na época, o que interessava aos políticos era a quest

há tempo para...

meritocracia ou meriTEOcracia

"Mestre, o que devo fazer para ser salvo?" Há pessoas que fazem a pergunta com a esperança de receber uma receita pronta de salvação. Elas perguntam, e pensam adivinhar a resposta. “O Mestre vai dizer que é preciso um tanto de amor ao próximo e dez tantos de mandamento”. O problema é que achamos que Jesus não vai contar com nossa astúcia. A resposta Dele é sempre mais profunda do que esperamos: “Vai vende tudo o que tens, dá aos pobres e segue-Me”. Ou então: “Você tem que nascer de novo”. Ou ainda: “A Minha graça te basta”. Nossa sociedade está tão obcecada com a meritocracia, com o pensamento de que apenas os mais esforçados merecem prêmios e troféus, que muitos chegam a acreditar que a salvação é uma questão de esforço pessoal e crédito na praça. Há quem se apegue a ritos, a indulgências compradas, a leis cumpridas, a cerimônias entediantes, a teologias liberalizantes para garantir seu troféu. Melhor dizendo, sua coroa. Mas isso é meritocracia aplicada à

telenovela, medo e a religião dos outros

O site exercitouniversal.com.br , criado por adeptos da Igreja Universal, lançou uma campanha pela internet contra a novela da Globo “Salve Jorge”. Segundo o site, essa novela promove a adoração a Ogum, entidade espiritual que, no sincretismo católico, representa São Jorge. Por isso, os evangélicos devem boicotar a novela global. A campanha também agregou imagens com o slogan "Queima o Jorge". Sem querer perder a audiência da fatia evangélica que assiste suas novelas, a Rede Globo afirma que a novela não vai enfocar as religiões afro-brasileiras ou o catolicismo, mas vai somente utilizar na trama o mito do guerreiro Jorge da Capadócia. A semana de estreia da novela global marca também a reestreia da minissérie “Rei Davi”, na Rede Record, a TV do bispo Macedo. A contrapropaganda do site neopentecostal é mera coincidência? Há muitos motivos para não assistir a telenovelas. Mas não assistir por causa do seu título é crer num mundo mágico que não tem nada a ver co

as três criações de Deus

A dúvida não é um problema. Ficar paralisado pela dúvida, sim; passar a vida indeciso repetindo para si a mãe hamletiana de todas as dúvidas: ser ou não ser. Duvidar, questionar, perguntar, tudo isso é humano. Nossos ossos são dúvida, nossa carne é dúvida, nosso pensamento é pergunta. E como perguntar não ofende... Mas há algo nessa breve história da dúvida que precisa ser contada. Minhas dúvidas vão se apagando na medida em que acende a certeza da centelha divina da criação que há em mim. Quando eu vejo um bebê sendo gestado no mar amniótico da tranquilidade, eu penso: há um Criador. Quando eu olho para a rotina da Terra a girar feito bailarina incansável, eu acredito: há um Criador. Quando eu contemplo a tapeçaria celeste disposta como teto sobre mim, eu não tenho dúvidas: há um Criador. Alguns cristãos procuram conciliar a teoria da evolução e o Gênesis. No entanto, aceitar o evolucionismo teísta, que dispõe Deus como supervisor do processo evolutivo e não como o Criador da

melancolia e depressão na música pop

A música popular de hoje está depressiva? As melodias têm maior inclinação melancólica do que antes?  A música triste e melancólica não é uma atribuição do pop contemporâneo. No século XIX, Chopin compôs peças de caráter nostálgico e melancólico, o que seria um reflexo de sua própria personalidade.  Isso nos leva à pergunta: a música reflete o estado da alma de seu compositor? O ato de composição é complexo. Por isso, o que vou dizer a seguir é algo bem simplificado. Uma música pode expressar uma experiência dolorosa que um músico pode estar vivenciando; o compositor procurou somente representar musicalmente uma emoção ou sentimento. Ou ainda, não é o compositor que está buscando representar uma determinada emoção em forma musical, mas o ouvinte é que tenta encontrar na melodia um significado emocional. Ouça o movimento poco alegretto da 3ª Sinfonia de Brahms [ouça o 1º minuto]: Essa música é melancólica? Depressiva? Ou é o ouvinte que associa certas sonoridades a certa

aos mestres

O que fazemos bem hoje, devemos a um bom professor. Afinal, quem quer aprender sozinho sempre aprende com alguém bem ignorante.

a palavra da fé e a fé na Palavra

A Bíblia é uma perfeita literatura artística e espiritual. Ao estudarmos a Bíblia sem preconceitos e mente aberta, colocamos em xeque nosso modo de viver, passamos a duvidar de que temos a resposta humana para tudo e começamos a compreender o significado da vida. Então, tudo está explicado? Não. Muitas vezes, gostaríamos que certos pontos da Bíblia fossem mais claros e diretos, gostaríamos de ver um “x” marcando a alternativa correta para que ninguém interpretasse diferente. Não é assim tão fácil. Aliás, não é difícil enxergar a Bíblia como a palavra da fé. Mas o que precisamos mesmo é ter fé na Palavra. Em João 5:39, vemos Jesus dizendo: “Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de Mim”. Muitos de nós examinamos, pesquisamos e estudamos a Bíblia buscando achar um erro histórico, uma incoerência textual. E é possível encontrar o que se quer: a falha gramatical, a dúvida factual, a vida eterna. No verso 40, Jesus adver

o ano em que não fomos mais os mesmos

Música, tecnologia, guerra, direitos civis, religião: de tempos em tempos, o modo de pensar e agir sobre isso tudo muda. Se alguém quiser saber quando foi que nossa sociedade começou a ser do jeito que é hoje, é preciso recuar até 1962. Há 50 anos, deixamos de ser os mesmos. Em fevereiro de 1962, John Glenn tornava-se o primeiro astronauta americano cruzando a órbita da Terra. O próximo passo seria a chegada à Lua e o resto é história (ou uma tremenda "estória"). A corrida espacial disputada por americanos e soviéticos era acalorada. Enquanto a isso, a Guerra Fria também esquentava naquele ano. Em 14 de outubro, um avião espião dos Estados Unidos fotografou quatro lançadores de mísseis em Cuba, desde a época, uma ilha comunista rodeada de capitalismo por todos os lados. O mundo prendeu o fôlego por 13 dias esperando o Armagedom atômico.  Só no dia 28, o premiê soviético Nikita Kruschev declarou que as armas seriam desmontadas, encaixotadas e enviadas de volta à

qual é a política do cristão?

O cristão não é um ser apolítico. Primeiro, ninguém é apolítico. Todo posicionamento a favor, contra ou muito pelo contrário é um posicionamento político. Segundo, o cristão que verdadeiramente ama a Deus também ama seu semelhante. Isso implica reconhecer sua responsabilidade social. O pastor Bert Beach escreveu que o “cristianismo é uma religião de comunidade. Os dons e as virtudes cristãs têm implicações sociais. Devoção a Cristo significa devoção a todos os filhos de Deus, o que gera responsabilidade pelo bem-estar dos outros”. Isso não quer dizer que todo cristão tem que se filiar a um partido político. Além de denunciar estruturas socioeconômicas opressoras, o cristão deve trabalhar para mudar pessoas. O cristão também é um revolucionário. Mas do tipo que apresenta a paz e a vida em Cristo. Ele tem como objetivo mudar o homem. O homem transformado mudará as estruturas sociais de exploração e opressão. O cristão espera novo céu e nova terra. Enquanto isso, ele trab