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as três criações de Deus


Não fui criacionista a minha vida inteira. Não se surpreenda. Aquele que nunca chegou a pensar (nem digo acreditar) que o mundo pode ter vindo a existir de uma forma, digamos, não bíblica não é desse planeta. Quem nunca duvidou que atire a primeira banana!

A dúvida não é um problema. Ficar paralisado pela dúvida, sim; passar a vida indeciso repetindo para si a mãe hamletiana de todas as dúvidas: ser ou não ser. Duvidar, questionar, perguntar, tudo isso é humano. Nossos ossos são dúvida, nossa carne é dúvida, nosso pensamento é pergunta. E como perguntar não ofende...

Mas há algo nessa breve história da dúvida que precisa ser contada. Minhas dúvidas vão se apagando na medida em que acende a certeza da centelha divina da criação que há em mim. Quando eu vejo um bebê sendo gestado no mar amniótico da tranquilidade, eu penso: há um Criador. Quando eu olho para a rotina da Terra a girar feito bailarina incansável, eu acredito: há um Criador. Quando eu contemplo a tapeçaria celeste disposta como teto sobre mim, eu não tenho dúvidas: há um Criador.

Alguns cristãos procuram conciliar a teoria da evolução e o Gênesis. No entanto, aceitar o evolucionismo teísta, que dispõe Deus como supervisor do processo evolutivo e não como o Criador da natureza e do ser humano, derruba algumas colunas inegociáveis do Cristianismo. Como? É que alguns pressupostos caros ao cristianismo, como pecado, expiação, redenção, perdem o sentido sem a literalidade ou, no mínimo, sem a veracidade do Gênesis.

O Gênesis, o livro dos começos, nos conta que a criação do homem e do mundo ocorreu em sete dias literais. Houve tarde e manhã e aquela foi a primeira criação de Deus. E Ele viu que tudo era bom.

Depois, a perfeita natureza foi desmantelada pela foice afiada do pecado nas mãos do pecador cego. Mas se os animais não se atacavam e se devoravam, como eles passaram a saber que um era mais forte do que outro, que este devia fugir daquele? O equilíbrio edênico da criação teve, suponho, que ser reequilibrado. Um novo ecossistema que não degenerasse no caos no primeiro dia precisou ser desenhado. Se assim foi, esta teria sido a segunda criação de Deus.

Todo o estudo criacionista, porém, cairia por terra se não fosse por um último e importante detalhe: a restauração do ser humano e da sua casa-mundo. Por isso a Bíblia não acaba no Gênesis nem nos quatro evangelhos. O Apocalipse parece o livro dos finais, mas na verdade é o livro dos recomeços. Nesse livro, aprendi que a existência de um Deus criador também faz sentido na recriação de tudo. E essa será a terceira criação de Deus.


John Baldwin escreveu melhor no artigo "Deus, o pardal e a jiboia esmeraldina" 

Comentários

Josué disse…
Belo post, parabéns!

Mas na verdade não estou passando para opinar sobre a postagem, mas deixar o convite para se possivel dar uma olhada no meu blog, criado recentemente...o blog é novo, e eu conto com sua participação.

Obrigado pela atenção e muita paz.

Segue as essências/

www.verdade87.blogspot.com
joêzer disse…
vou lá ver, sim.

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