O dia 05 de março foi sancionado oficialmente como Dia Nacional da Música Clássica. Como estamos na antevéspera dessa nova efeméride tupiniquim, aproveito a ocasião para deixar que os músicos falem da música. Particularmente, não aprecio o termo "música clássica". Fica parecendo uma música congelada no tempo que estará deslocada atualmente, o que é uma inverdade.
"Música erudita" é um termo excludente e até esnobe, que privilegia as formas instrumentais postas na pauta da notação ocidental. E de nota na pauta, já lhe basta esse blog morno que não aquece o pensamento do amigo leitor. Além disso, se a música de Miles Davis, Dave Brubeck, Tom Jobim, Ennio Morricone, Noel Rosa, Paco de Lucía ou a banda de frevo-jazz do maestro Spok não tiverem, a seu modo, um alto grau de complexidade e sofisticação, então não sei mais o que quer dizer "erudito".
Cada um desses termos tem uma explicação para iniciados (inclusive a expressão redutora
"música de concerto"). Deixemos que os músicos falem da música, mesmo porque eles não diziam que estavam compondo música barroca ou romântica ou classicista, salvo os compositores do século XX que reviravam os rótulos e conceitos e se inseriam com prazer dentro deles (pontilhista, serialista, minimalista etc).
Nada pode impedir-me de apreciar e desenvolver tudo o que os grandes mestres deixaram atrás de si, porque não faria sentido para cada um começar do princípio; mas é preciso que seja um desenvolvimento ao melhor nível das minhas capacidades e não uma repetição inútil do que já foi (Felix Mendelssohn-Bartholdy).
As artes são o mais seguro meio de se esconder do mundo e são também o meio mais seguro de se unir a ele (Franz Liszt).
Richard Wagner, no seu estilo totalizante: A música é para as outras artes, no seu conjunto, o que a religião é para a igreja.
A minha ideia é que há música no ar, há música a nossa volta, o mundo está cheio de música e simplesmente cada um tira para si aquela de que precisa (Edward Elgar).
Tudo está escrito numa partitura, exceto o essencial (Gustav Mahler).
Houve e há, apesar das desordens que a civilização traz, pequenos povos encantadores que aprendem música tão naturalmente como se aprende a respirar. O seu conservatório é o ritmo eterno do mar, o vento nas folhas e mil pequenos ruídos que escutaram com atenção, sem jamais terem lido despóticos tratados (Claude Debussy).
Sem revelar que admirável música seria essa (que se parece mais com religião), diz Pablo Casals: A música expulsa o ódio dos que vivem sem amor. Dá paz aos que não tem descanso e consola os que não têm descanso. Os que se perderam encontram novos caminhos, e os que tudo rejeitam encontram confiança e esperança.
Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade, sem esperar resposta.
Se essa última não lhe parece tão boa quanto as citações anteriores, saiba que quem a disse foi Heitor Villa-Lobos, cujo dia de nascimento (5 de março de 1887) foi escolhido para fincar um dia de celebração da música clássica - ou erudita, de concerto, artística; você escolhe.
Citações via Meloteca.
Comentários
me diverti com a de Wagner
valeu pelas gotas
shalom