O SoundCloud está mudando as formas da atividade industrial-musical. São as novas tecnologias criando novas maneiras de circulação do som que você ouve e faz. Aliás, circulação não é a palavra adequada, porque nas redes sociais não se anda em círculos e o destino é imprevisível. Nada será como antes.
Confira parte da reportagem do Estadão intitulada "SoundCloud, a voz do som":
“Não acho que somos apenas uma rede social de música”, diz
Dave Haynes, vice-presidente de negócios do SoundCloud.
Haynes pode até desconversar, mas o fato é que, aos poucos,
seu site vem se estabelecendo como a principal rede social de música na
internet, título que já foi do MySpace, quando este aspirava a ser maior rede
social do mundo. Enquanto este último deslizou ao deixar a música em segundo
plano – e aos poucos perder a relevância digital –, o SoundCloud restringiu seu
foco e dedicou-se apenas ao compartilhamento de arquivos de áudio.
Esta definição rendeu bons frutos. Menos de dois anos depois
de ter sido criado na Suécia em 2009 pelo engenheiro de som Alex Ljung e pelo
artista Eric Wahlforss, já conseguiu atrair grandes nomes do mercado musical.
Hoje o site é baseado em Berlim, na Alemanha. E diferentemente do MySpace, que
começou a ganhar fama ao revelar artistas independentes como Lily Allen, Arctic
Monkeys e Mallu Magalhães, o SoundCloud teve a facilidade de ser reconhecido
mais naturalmente por artistas já estabelecidos.
Eles começaram a usar a
plataforma para mostrar, em alguns casos na íntegra, lançamentos inteiros em
streaming, como foi o caso do Foo Fighters (/foofighters). A banda deixou seus
fãs ouvirem todo seu disco mais recente na mesma semana em que ele foi para as
lojas – digitais ou não. E não são apenas artistas cujos fãs já estão
habituados a baixar músicas online, como é o caso do ex-beatle Paul McCartney
(/paulmccartney). Ele encerrou o ano passado apresentando a primeira faixa de
seu próximo disco na rede social. O disco será lançado no mês que vem.
E não são apenas artistas que se prontificaram a estabelecer
perfis na rede social. Muitas gravadoras – principalmente selos pequenos – já o
utilizam como base para lançamento de seus artistas, apresentando canções,
discos e até mesmo promoções, como foi o caso da gravadora nova-iorquina DFA
Records (/dfa-records). Na outra ponta do espectro, a tradicional gravadora
alemã de música erudita Deutsche Grammophon (/deutschegrammophon) também tem
seu perfil no site.
Mas se Haynes não acha que o SoundCloud é uma rede social de
música, então o que é este site, que, na semana passada, comemorou a marca de
10 milhões de usuários?
“Somos uma plataforma de criadores de áudio”, diz. “É
natural que nos associem a artistas, afinal música é muito popular e vários
nomes – tanto estabelecidos quanto iniciantes – já ajudaram o público a
entender a natureza do site. Mas achamos que música é só uma pequena parte de
nosso potencial. Hoje, graças aos celulares, todos carregamos uma câmera no
bolso, também temos um microfone à nossa disposição o tempo todo. E é nisso que
apostamos.”
O executivo do site lista que as pessoas já usam o
SoundCloud para publicar comentários falados, fazer diários em áudio,
entrevistas e ler textos em voz alta. “E não são apenas pessoas comuns, mas
jornalistas, comediantes, editoras de livros, radialistas, escritores,
emissoras de rádio e TV”, continua Haynes.
Não é pouca coisa: nomes como a editora Penguin, a revista
Vanity Fair, a emissora de rádio norte-americana ABC, a Sociedade Real de Literatura
Inglesa e a BBC também utilizam a plataforma para priorizar mais a voz do que
canções. A voz vai substituir o texto como principal meio de comunicação na
rede?
“Acho que isso é uma tendência que ainda vai se estender por
alguns anos. A revolução da telefonia móvel está apenas começando”, diz,
citando que só agora estamos vendo a ascensão dos smartphones para as pessoas
que até outro dia apenas trocavam SMS e conversavam pelo celular. Ele completa:
“Acredito que é uma tendência sem volta”.
(A matéria completa aqui)
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