Os católicos estão diminuindo, os evangélicos aumentaram e
os que se declaram sem religião crescem espantosamente. Essa é a primeira
impressão que se tem ao olhar os novos dados do IBGE sobre a configuração
religiosa no Brasil. Falando em números: o percentual de católicos diminui (de
89,9%, em 1980, para 64,6%, em 2010), o de evangélicos cresceu consideravelmente
(de 6,6%, em 1980, para 22,2%, em 2010) e os “sem religião” aumentaram (de 1,9%
para 8% no mesmo período).
É preciso avaliar esses números por meio da análise do
contexto econômico, social e religioso. Para facilitar a leitura desses dados,
vou dividi-los em três partes: católicos, evangélicos e o grupo sem religião
(não quer dizer necessariamente ateu).
1) A questão católica: no período 1991-2000, o
censo do IBGE conferiu que o catolicismo havia diminuído percentualmente (de
83,8% para 73,8%), mas havia aumentado numericamente passando de 121,8 milhões
de membros para 125 milhões. Nos dados do censo 2010, registrou-se um número
pouco inferior a 124 milhões de católicos declarados. Há pessoas (ver artigo no
Estadão de 29/6/12) que creditam a queda do percentual de católicos à
inflexibilidade da igreja quanto a temas de ordem moral e sexual. Para eles, o
conservadorismo católico tem feito com que os fiéis procurem outras igrejas. Esse
argumento não está totalmente errado, mas está olhando apenas para um dos lados
dessa tendência de declínio numérico da Igreja Católica.
Se os católicos mantiveram antigos
princípios, por outro lado, houve uma forte inserção na modernidade por meio da
Renovação Carismática, num processo que conjuga produção de mercadorias
religiosas e apelo midiático, semelhante ao que se observa no meio
neopentecostal. Além disso, a oferta de denominações religiosas é muito grande
e as pessoas se sentem mais livres para fazer uma escolha religiosa pessoal,
sem vínculos com a tradição religiosa familiar. Diminuiu, talvez, o número de
católicos nominais e ganhou-se em número de católicos ativos. É possível também
que o aumento dos que se declaram sem religião inclua ex-católicos.
2) A expansão evangélica: o Censo 2010 considerou duas
categorias – os evangélicos de missão (também conhecidos como protestantes,
incluindo as igrejas Luterana, Presbiteriana, Batista, Metodista,
Congregacional e Adventista); os evangélicos de origem pentecostal (incluindo
os pentecostais clássicos, como Assembleia de Deus, e neopentecostais (como a
Igreja Universal). Confirmou-se a tendência de crescimento do segmento de
evangélicos pentecostais (10,4% para 13,3%). Houve um ligeiro declínio no
segmento evangélico de missão (de 4,1% para 4%). Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste,
houve redução no número de evangélicos de missão. Os pentecostais cresceram em
todas as regiões, principalmente na região Norte (de 14% para 20%). No Sudeste,
os evangélicos de missão diminuíram de 4,3% para 3,9%, e na região Sul, de 5,7
para 5%.
A mais numerosa igreja pentecostal é a Assembleia de Deus
(12,3 milhões de membros). Entre as igrejas neopentecostais, a Igreja Universal
do Reino de Deus possui o maior contingente (1,9 milhão).
Em 2010, os pentecostais eram mais jovens, com uma idade
mediana de 27 anos e os de missão, 29 anos. Os evangélicos pentecostais (6,2%)
são os grupos com maiores contingentes de pessoas de 15 anos ou mais de idade
sem instrução, e formavam o grupo religioso com a
maior proporção de pessoas pertencentes a classes de rendimento até 1 salário
mínimo (63,7%). Entre os evangélicos de missão, 51,6% são de pessoas se
declararam brancas. Sua origem vinculada à religião dos imigrantes europeus e
norte-americanos explica em parte essa associação. Entre os evangélicos
pentecostais, a maioria declarou-se de cor parda (48,9%).
3) O aumento do grupo sem religião: quanto à parcela da
população que se declarou sem religião (incluindo ateus, agnósticos ou sem
religião determinada), alguns números podem surpreender. Para muita gente, essa
seria uma categoria com maior presença de pessoas brancas e com alta
escolaridade. No entanto, no grupo sem religião, a declaração de cor mais
presente foi parda (47,1%). Este também foi o grupo que apresentou as menores
taxas de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais de idade- o grupo com maior grau de instrução é o de espíritas.
Outro dado relevante é que a faixa etária
média do grupo sem religião é de 26 anos, o mais jovem dentre todos os grupos
pesquisados. E, ainda, é o grupo que mais cresceu – 300%, considerando o
período de 1980 a 2010. Com o risco de fazer uma análise apressada e simplista,
podemos perceber que o segmento jovem, de cor parda e negra e de baixa instrução,
tem optado por não se filiar a nenhuma denominação religiosa ou a declarar-se
descrente.
A partir desses números, o que pensar:
a) A tendência de redução de católicos é
irreversível? Até que percentual irá essa diminuição? O que tem levado ao
aumento do grupo que se declara sem religião? E por que este segmento apresenta
menor taxa de instrução?
b) O segmento religioso que mais cresce declarou frequentar igrejas de origem
pentecostal. Esse grupo tem respondido ao evangelismo
contemporâneo que se caracteriza por maior ênfase no louvor, exposição na mídia
secular, alta comercialização de bens religiosos e proximidade com as
estratégias do capitalismo por meio da teologia da prosperidade. Como as
igrejas evangélicas de missão irão reagir ao
avanço midiático, econômico e comportamental das igrejas pentecostais?
c) Muitas
igrejas têm direcionado suas estratégias de evangelismo para a conquista de
segmentos bem instruídos e com maiores rendimentos. Observa-se a elaboração de material evangelístico permeado por temas
extraídos da filosofia e da cultura e também produção musical de sofisticação artística a fim de atrair a atenção desse
segmento. Enquanto isso, o neopentecostalismo tem atuado em questões de ordem
da sobrevivência imediata, conseguindo penetrar em locais com altos níveis de
pobreza e violência.
Evidentemente, esse painel que descrevi é generalizante. De
fato, as igrejas protestantes e pentecostais se inserem nas mais diversas áreas
socioeconômicas, mas os números do Censo 2010 constatam as diferenças sociais, econômicas
e de faixa etária entre os segmentos pentecostais e protestantes. A explicação
pode estar nos métodos preferenciais de evangelização utilizados por esses grupos, na sua proximidade com o mercado de consumo e na sua acomodação às novas exigências de comportamento e de fé.
Comentários
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