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Os Miseráveis: musical de muito glacê e pouca vitamina


Duas horas e meia de um filme inteiramente cantado, infinitamente longo, politicamente ingênuo, exageradamente melodramático, musicalmente esquecível e miseravelmente chato.

Esse filme não é uma adaptação direta do livro Os Miseráveis (de 1862), e sim do musical Les Miserábles, sucesso da Broadway que fez miséria do clássico de Victor Hugo. Enquanto o livro retrata a opressão social de uma França pós-revolução, conferindo protagonismo popular aos mais pobres e dosando romance, consciência humanista e o tema da redenção, o musical põe tudo isso a perder em forma de duas ou três boas canções e muito glacê pra turista deslumbrado aplaudir.

Noves fora a brevíssima e marcante interpretação de Anne Hathaway cantando “I dreamed a dream” e um surpreendente Hugh Jackman Wolverine no papel de Jean Valjean, quase todo o restante é maçante e interminável. Pule o filme, leia o livro.

Comentários

Anônimo disse…
aplaudi, mas não sou turista. oops.
De fato, Joêzer! Sua opinião e seus argumentos fazem sentido. Assisti ao filme e fiquei embasbacada, chorei, entendi o enredo, compreendi o roteiro... Achei tudo fabuloso! Mas não tenho nem meia ponta da tua erudição, então minha opinião não conta! Ahahahahahaha.
Você, como sempre, arrebentando as bocas de todos os balões do mundo. Amém.
joêzer disse…
Caro Anônimo,
os turistas que eu quis mencionar são os deslumbrados que assistem o musical na Broadway quando vão a NY fazer compras.

Vivi, sua opinião conta muito. A minha é que não conta, até porque o filme andou fazendo sucesso. Achei tudo muito exagerado, vai ver a culpa é minha.rs

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