Dá pra desculpar quem tem medo de ladrão, inseto nojento ou
medo de não passar no vestibular. E claro, ter medo da morte é natural e
conserva os dentes. Outra coisa natural é ter medo da polícia de hoje. Aliás,
reparou que só os inocentes têm medo da polícia?
Mas tem gente que leva uma vida baseada no medo.
É gente com fobia do sol, fobia de carne vermelha, fobia de
salada, fobia de unha pintada, fobia de gay, fobia de muçulmano, fobia de
americano, fobia de presidente negro, fobia de papa argentino, fobia de papa
alemão, fobia de igreja evangélica, fobia de galinha preta, fobia de religião,
fobia do fim do mundo, fobia da Globo, fobia do PT, fobia de conspiração, fobia
de que tudo aquilo em que acredita não passe de uma grande ilusão, fobia de
filosofia, fobia de alegria, fobia de ser feliz com o que se tem!
Comentários
Caro amigo Joêzer,
Eu entendo perfeitamente que, com esta mensagem, você talvez estivesse desejando passar uma mensagem reflexiva para os seus leitores - o que é, em si, uma atitude louvável.
Contudo, temo que você tenha sido um pouquinho infeliz em relação ao emprego do termo "fobia" no seu texto, e já explico-lhe o motivo:
Tecnicamente falando, uma fobia difere muito de um simples medo. Ao contrário deste último, uma fobia é considerada como tal justamente pelo fato de a pessoa que a sente não possuir qualquer "desculpa" ou justificativa racional para tê-lo - e, apesar de estar ciente disso, mesmo assim a tarefa de dominá-la simplesmente que extrapola os horizontes de suas forças e de seu desejo de recuperar-se.
Enfim, o fato é que certas patologias - tais como fobias, síndromes e depressão - não são coisas que se sanem por meio de fé nem de mensagens positivas contidas em sermões ou livros de auto-ajuda.
Um abração.
De fato, antes eu escrevi tudo com a palavra "medo". Depois me dei ao trabalho de substituir por "fobia", para ter mais impacto. Receio que minha licença poética desnecessária tenha extrapolado o campo das definições científicas.
Acho que vou até alterar o texto e colocar "medo" de novo e citar seu comentário.
Obrigado.
só para dar um toque de que você não substituiu por "medo" as palavras "fobia" do último parágrafo.
Fora a pequena imprecisão semântica (que eu nem perceberia não fosse o alerta do primeiro comentário) o texto captou muito bem como quase todos hoje não sentem muitos pudores de demonstrar suas intolerâncias.
Gostei.
Abraço
Paulo Roberto
Registro/SP