Pular para o conteúdo principal

a culpa é das estrelas, das pessoas ou do John Green?

"A culpa, caro Brutus, não está em nossas estrelas,
Mas em nós mesmos, que somos subordinados"
(Shakespeare, "Júlio César", ato I, cena 2)

Viu só? A culpa não é das estrelas!
Placar parcial: Shakespeare 1 x 0 John Green

Mas, no intervalo do jogo, você vê que alguns personagens do livro/filme não escolheram contrair câncer. Por isso, John Green põe a culpa no destino ou na sorte justamente pelo fato de que nem sempre temos o controle remoto nas mãos.

Além disso, Green não discorda de Shakespeare, pois, deixa evidente que, em relação ao câncer, um indivíduo pode adoecer ao escolher, por exemplo, continuar fumando.

Um dos hábitos mais arraigados dos seres humanos é colocar a culpa nos outros, nos políticos, em Deus, na vida, no diabo. E assim vamos nos desresponsabilizando pelos nossos atos, quando poderíamos refletir o quanto as coincidências, o acaso, a providência divina realmente interferem no nosso saldo final.

Se tudo fosse controlado e determinado fora de nós mesmos (por agentes sobrenaturais, por exemplo), então, ninguém poderia colocar a culpa em nós? Evidentemente, pela consciência que desenvolvemos em relação ao mundo e por nossa participação nele, é claro que muitas vezes, tomamos decisões conscientes, nem sempre coerentes, que vão afetar toda a nossa vida.

Então, na Copa das zebras, não é surpresa o placar final:
Shakespeare 1 x 1 John Green

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

o mito da música que transforma a água

" Música bonita gera cristais de gelo bonitos e música feia gera cristais de gelo feios ". E que tal essa frase? " Palavras boas e positivas geram cristais de gelo bonitos e simétricos ". O autor dessa teoria é o fotógrafo japonês Masaru Emoto (falecido em 2014). Parece difícil alguém com o ensino médio completo acreditar nisso, mas não só existe gente grande acreditando como tem gente usando essas conclusões em palestras sobre música sacra! O experimento de Masaru Emoto consistiu em tocar várias músicas próximo a recipientes com água. Em seguida, a água foi congelada e, com um microscópio, Emoto analisou as moléculas de água. Os cristais de água que "ouviram" música clássica ficaram bonitos e simétricos, ao passo que os cristais de água que "ouviram" música pop eram feios. Não bastasse, Emoto também testou a água falando com ela durante um mês. Ele dizia palavras amorosas e positivas para um recipiente e palavras de ódio e negativas par

paula fernandes e os espíritos compositores

A cantora Paula Fernandes disse em um recente programa de TV que seu processo de composição é, segundo suas palavras, “altamente intuitivo, pra não dizer mediúnico”. Foi a senha para o desapontamento de alguns admiradores da cantora.  Embora suas músicas falem de um amor casto e monogâmico, muitos fãs evangélicos já estão providenciando o tradicional "vou jogar fora no lixo" dos CDs de Paula Fernandes. Parece que a apologia do amor fiel só é bem-vinda quando dita por um conselheiro cristão. Paula foi ao programa Show Business , de João Dória Jr., e se declarou espírita.  Falou ainda que não tem preconceito religioso, “mesmo porque Deus é um só”. Em seguida, ela disse que não compõe sozinha, que às vezes, nas letras de suas canções, ela lê “palavras que não sabe o significado”. O que a cantora quis dizer com "palavras que não sei o significado"? Fiz uma breve varredura nas suas letras e, verificando que o nível léxico dos versos não é de nenhu

Nabucodonosor e a música da Babilônia

Quando visitei o museu arqueológico Paulo Bork (Unasp - EC), vi um tijolo datado de 600 a.C. cuja inscrição em escrita cuneiforme diz: “Eu sou Nabucodonosor, rei de Babilônia, provedor dos templos de Ezágila e Égila e primogênito de Nebupolasar, rei de Babilônia”. Lembrei, então, que nas minhas aulas de história da música costumo mostrar a foto de uma lira de Ur (Ur era uma cidade da região da Mesopotâmia, onde se localizava Babilônia e onde atualmente se localiza o Iraque). Certamente, a lira integrava o corpo de instrumentos da música dos templos durante o reinado de Nabucodonosor. Fig 1: a lira de Ur No sítio arqueológico de Ur (a mesma Ur dos Caldeus citada em textos bíblicos) foram encontradas nove liras e duas harpas, entre as quais, a lira sumeriana, cuja caixa de ressonância é adornada com uma escultura em forma de cabeça bovina. As liras são citadas em um dos cultos oferecidos ao rei Nabucodonosor, conforme relato no livro bíblico de Daniel, capítulo 3. Aliás, n