Se o goleiro e o batedor do pênalti pedem a ajuda de Deus no mesmo momento, para quem o Onipotente decide? Ao falar sobre a natureza do universo, Einstein teria dito que "Deus não joga dados". A frase estava relacionada a determinações e incertezas propostas por teorias da mecânica e física quântica. Os resultados do esporte também podem ser tão difíceis de determinar, e têm tantas variáveis e incertezas, que dá pra dizer que se Deus não joga dados, Ele também não bate nem defende pênaltis.
Outra situação: num concurso federal onde 5 mil pessoas disputam duas vagas. Ainda que todos rezem para o mesmo Deus, ninguém espera um milagre em que todos os candidatos sejam aprovados e convocados. Até porque isso criaria um mar de contas no vermelho para o governo e não haveria Moisés ou José do Egito capaz de administrar esse inchaço do funcionalismo público.
Os primeiros lugares em concursos e os medalhistas de ouro têm mais fé do que outros? Não tenho fé para acreditar nesse tipo de meritocracia, e nem há base bíblica pra isso. Na verdade, na Bíblia está escrito que "Deus faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos"(Mateus 5:45). Não custa lembra que ser bom ou mau não tem relação direta com o fato de alguém ser cristão ou ateu.
Ter fé do tamanho de uma bola de basquete não é suficiente para remover os adversários. Está aí o ginasta japonês Kohei Ishimura, bicampeão olímpico que disse que não acredita em Deus, e sim em treinamento.
Não parece haver muita lógica em um esportista atribuir a alguma divindade o motivo de sua derrota ou vitória, mas sim ao treinamento duro, a habilidades superdesenvolvidas e ao esforço contínuo. No entanto, e se Usain Bolt e Michael Phelps quiserem agradecer a Deus por tudo isso e mais as oportunidades que tiveram?
Nesse caso, quando o assunto é gratidão, não há qualquer impedimento em ser grato a Deus. Está aí a seleção de rugby das ilhas Fiji creditando sua medalha de ouro a Deus. É verdade que a letra da canção diz "vencemos pelo sangue do Cordeiro e pela Palavra do Senhor", dando a impressão de uma mistura de triunfos esportivos com conquistas espirituais. Mas, se eles estiverem seguindo a recomendação de "Em tudo, dai graças" (I Tessalonicenses 5:18), então, deixa o time cantar.
Em caso de derrota, muito cristão resignado diz que isso também foi vontade de Deus. Mas tem gente que, em vez de creditar sua derrota a erros pessoais, ao seu treinamento ou à maior competência do concorrente, prefere atribuir seu fracasso à vontade dos deuses dos outros.
"Ele [Thiago Braz] estava influenciado pelas forças místicas do candomblé": foi o que teria dito o treinador do atleta Renaud Lavillenie, que perdeu a medalha de ouro na modalidade salto com vara para o brasileiro Thiago Braz. Seria este o primeiro caso de doping espiritual de um atleta medalha de ouro. Se os organizadores da competição acreditarem nisso, o comitê de doping vai passar a ser formado por um médico e um exorcista. [mais tarde, o repórter do Le Monde disse ter inventado a fala do treinador]
Voltando a pergunta inicial, se o goleiro e o batedor do pênalti pedem a ajuda de Deus, como o Onipotente decide? Sabendo que todos são iguais ao olhos divinos, e entendendo que o fato de ser bom ou mau, ateu ou devoto, não altera o resultado de um jogo, resta confiar em outra qualidade atribuída a Deus: a sabedoria.
Outra situação: num concurso federal onde 5 mil pessoas disputam duas vagas. Ainda que todos rezem para o mesmo Deus, ninguém espera um milagre em que todos os candidatos sejam aprovados e convocados. Até porque isso criaria um mar de contas no vermelho para o governo e não haveria Moisés ou José do Egito capaz de administrar esse inchaço do funcionalismo público.
Ter fé do tamanho de uma bola de basquete não é suficiente para remover os adversários. Está aí o ginasta japonês Kohei Ishimura, bicampeão olímpico que disse que não acredita em Deus, e sim em treinamento.
Não parece haver muita lógica em um esportista atribuir a alguma divindade o motivo de sua derrota ou vitória, mas sim ao treinamento duro, a habilidades superdesenvolvidas e ao esforço contínuo. No entanto, e se Usain Bolt e Michael Phelps quiserem agradecer a Deus por tudo isso e mais as oportunidades que tiveram?
Nesse caso, quando o assunto é gratidão, não há qualquer impedimento em ser grato a Deus. Está aí a seleção de rugby das ilhas Fiji creditando sua medalha de ouro a Deus. É verdade que a letra da canção diz "vencemos pelo sangue do Cordeiro e pela Palavra do Senhor", dando a impressão de uma mistura de triunfos esportivos com conquistas espirituais. Mas, se eles estiverem seguindo a recomendação de "Em tudo, dai graças" (I Tessalonicenses 5:18), então, deixa o time cantar.
Em caso de derrota, muito cristão resignado diz que isso também foi vontade de Deus. Mas tem gente que, em vez de creditar sua derrota a erros pessoais, ao seu treinamento ou à maior competência do concorrente, prefere atribuir seu fracasso à vontade dos deuses dos outros.
"Ele [Thiago Braz] estava influenciado pelas forças místicas do candomblé": foi o que teria dito o treinador do atleta Renaud Lavillenie, que perdeu a medalha de ouro na modalidade salto com vara para o brasileiro Thiago Braz. Seria este o primeiro caso de doping espiritual de um atleta medalha de ouro. Se os organizadores da competição acreditarem nisso, o comitê de doping vai passar a ser formado por um médico e um exorcista. [mais tarde, o repórter do Le Monde disse ter inventado a fala do treinador]
Voltando a pergunta inicial, se o goleiro e o batedor do pênalti pedem a ajuda de Deus, como o Onipotente decide? Sabendo que todos são iguais ao olhos divinos, e entendendo que o fato de ser bom ou mau, ateu ou devoto, não altera o resultado de um jogo, resta confiar em outra qualidade atribuída a Deus: a sabedoria.
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