Há alguns anos li um artigo que escalava os imortais da literatura numa seleção de futebol. Muito boa a idéia. Mas como é difícil imaginar Machado e Graciliano, de estilos contrastantes mas necessários, dividindo a meia cancha brasileira, eis aqui um selecionado cujo talento nas artes do ludopédio também é difícil de engolir. Mas, se até Zagallo já foi deglutido, abram as cortinas que começa o espetáculo:
Goleiro - o ditado não falha: pra ser goleiro, só louco. E o louco de sempre só pode ser Tom Zé. A torcida brasileira, que prefere um guarda-metas que transmita tranqüilidade à defesa, não entende como ele complica o simples e simplifica o difícil. É mais admirado quando joga fora de casa.
Ala direita - Quando Dorival Caymmi cruza a bola na cabeça dos goleadores ou ele mesmo marca um gol, a torcida canta alto: " o que é que esse baiano tem?". Sem correria, é um lateral que só apoia quando bem lhe apetece. E com o risco de voltar no mesmo vagar com que subiu ao ataque. A torcida desconfia que ele força algumas suspensões para não jogar algumas partidas e passar o fim de semana em Marancagalha.
Zagueiro-Central - Beque não pode ter medo de cara feia. A vida de um atacante fica que nem jiló ou pior, se tiver de encarar o zagueiro Luiz Gonzaga. Apelidado Gonzagão, (devido ao filho Gonzaguinha, cujo estilo é tão próximo ao do pai quanto um bandeirinha o é de outro), põe logo o fole pra chiar quando a temperatura do jogo esquenta. E tome forróbodó.
Quarto-Zagueiro - Noel Rosa é o contraponto de seu companheiro de zaga. De aparência (e saúde) frágil, recusa-se terminantemente a dar bicões para onde o nariz estiver apontado. É tão refinado e inteligente que chega a ter seu estilo de jogo imitado pelosjogadores do meio-campo dessa seleção.
Ala Esquerda - Ninguém chama Pixinguinha de lateral. Um jogador que apóia e marca tão bem quanto passa ou chuta a gol também merece atender por "Enciclopédia", um epíteto para os gênios da posição. Carinhoso no trato da bola, com ele um simples 1x 0 é uma acachapante goleada.
Volante - Gilberto Gil faz de uma partida um domingo no parque. Talvez sofisticado demais para a posição, o termo cabeça-de-área não lhe cai bem. Pelo menos não com a conotação Dunga de ser. Mas pode ser duro...pero sem perder a ternura.
Meia-Esquerda – Roberto Carlos. Seus críticos o acusam de praticar um futebol demasiadamente romântico e sem lances de ousadia. Às vezes, parece sempre estar jogando mais para a torcida que para o time, o que faz com que invariavelmente seja substituído pelo volante rompedor Tim Maia, mais raçudo e até brigão (reclama até do sonoplasta do estádio).
Meia-Armador – Nunca se soube se o craque Tom Jobim atuava mais pela direita ou pela esquerda. Começou fazendo tabelas perfeitas com o meia Vinícius ( mas a preferência deste por bares e praias o levou à reserva). Pela maneira como conduz o time a magníficas vitórias, brilhando em campos cariocas ou estrangeiros, recebeu o epíteto de maestro soberano. Ao contrário do que dizem, Tom nunca foi craque de uma jogada só.
Ponta-de-lança – Chico Buarque. Iniciou sua carreira fazendo golaços em diversos torneios. Costuma fazer tabelas inesquecíveis com Tom, Gil e outros caros amigos, deixando o adversário numa roda viva. Quando ele não está em campo a torcida começa a cantar "e agora como é que eu fico / sem Chico, sem Chico".
Atacante – Jorge Benjor. Rápido, de dribles desconcertantes, seu ritmo de jogo é inimitável. Como um Garrincha, faz sempre a mesma jogada irresponsavelmente eficiente, sem maiores preocupações cerebrais.
Centroavante – Caetano Veloso. Como de praxe, todo goleador tem que ser polêmico em suas declarações. Inclusive quando não pretende sê-lo. Seu estilo de jogar inclui todo e qualquer estilo, o que o leva a transfigurar um estilo de jogo tipicamente bretão em gols de placa com sabor de autêntico futebol-arte tropicalista.
Técnico – Radamés Gnatalli, por sua ambivalência tática, ora clássica, ora mais popular, conforme o ritmo da partida. Cada um dos 180 milhões de ouvintes, digo, torcedores, têm uma outra seleção com outros craques. Só não há discussão para autor do hino desta seleção: Lamartine Babo.
Goleiro - o ditado não falha: pra ser goleiro, só louco. E o louco de sempre só pode ser Tom Zé. A torcida brasileira, que prefere um guarda-metas que transmita tranqüilidade à defesa, não entende como ele complica o simples e simplifica o difícil. É mais admirado quando joga fora de casa.
Ala direita - Quando Dorival Caymmi cruza a bola na cabeça dos goleadores ou ele mesmo marca um gol, a torcida canta alto: " o que é que esse baiano tem?". Sem correria, é um lateral que só apoia quando bem lhe apetece. E com o risco de voltar no mesmo vagar com que subiu ao ataque. A torcida desconfia que ele força algumas suspensões para não jogar algumas partidas e passar o fim de semana em Marancagalha.
Zagueiro-Central - Beque não pode ter medo de cara feia. A vida de um atacante fica que nem jiló ou pior, se tiver de encarar o zagueiro Luiz Gonzaga. Apelidado Gonzagão, (devido ao filho Gonzaguinha, cujo estilo é tão próximo ao do pai quanto um bandeirinha o é de outro), põe logo o fole pra chiar quando a temperatura do jogo esquenta. E tome forróbodó.
Quarto-Zagueiro - Noel Rosa é o contraponto de seu companheiro de zaga. De aparência (e saúde) frágil, recusa-se terminantemente a dar bicões para onde o nariz estiver apontado. É tão refinado e inteligente que chega a ter seu estilo de jogo imitado pelosjogadores do meio-campo dessa seleção.
Ala Esquerda - Ninguém chama Pixinguinha de lateral. Um jogador que apóia e marca tão bem quanto passa ou chuta a gol também merece atender por "Enciclopédia", um epíteto para os gênios da posição. Carinhoso no trato da bola, com ele um simples 1x 0 é uma acachapante goleada.
Volante - Gilberto Gil faz de uma partida um domingo no parque. Talvez sofisticado demais para a posição, o termo cabeça-de-área não lhe cai bem. Pelo menos não com a conotação Dunga de ser. Mas pode ser duro...pero sem perder a ternura.
Meia-Esquerda – Roberto Carlos. Seus críticos o acusam de praticar um futebol demasiadamente romântico e sem lances de ousadia. Às vezes, parece sempre estar jogando mais para a torcida que para o time, o que faz com que invariavelmente seja substituído pelo volante rompedor Tim Maia, mais raçudo e até brigão (reclama até do sonoplasta do estádio).
Meia-Armador – Nunca se soube se o craque Tom Jobim atuava mais pela direita ou pela esquerda. Começou fazendo tabelas perfeitas com o meia Vinícius ( mas a preferência deste por bares e praias o levou à reserva). Pela maneira como conduz o time a magníficas vitórias, brilhando em campos cariocas ou estrangeiros, recebeu o epíteto de maestro soberano. Ao contrário do que dizem, Tom nunca foi craque de uma jogada só.
Ponta-de-lança – Chico Buarque. Iniciou sua carreira fazendo golaços em diversos torneios. Costuma fazer tabelas inesquecíveis com Tom, Gil e outros caros amigos, deixando o adversário numa roda viva. Quando ele não está em campo a torcida começa a cantar "e agora como é que eu fico / sem Chico, sem Chico".
Atacante – Jorge Benjor. Rápido, de dribles desconcertantes, seu ritmo de jogo é inimitável. Como um Garrincha, faz sempre a mesma jogada irresponsavelmente eficiente, sem maiores preocupações cerebrais.
Centroavante – Caetano Veloso. Como de praxe, todo goleador tem que ser polêmico em suas declarações. Inclusive quando não pretende sê-lo. Seu estilo de jogar inclui todo e qualquer estilo, o que o leva a transfigurar um estilo de jogo tipicamente bretão em gols de placa com sabor de autêntico futebol-arte tropicalista.
Técnico – Radamés Gnatalli, por sua ambivalência tática, ora clássica, ora mais popular, conforme o ritmo da partida. Cada um dos 180 milhões de ouvintes, digo, torcedores, têm uma outra seleção com outros craques. Só não há discussão para autor do hino desta seleção: Lamartine Babo.
Comentários
Com a sua elasticidade(como ele consegue fazer aqueles acordes?) ele está bem perto de ser o aranha negra da seleção!
um aluno seu me recomendou esse blog e estou gostando bastante.
nem sempre eu sei encontrar uns textos interessantes pra ler na web.
sucesso.