O cristianismo bíblico descreve o ser humano como filho de Deus, o Pai. Considerando que Deus é amor, não poderia haver filiação mais desejada do que esta, certo? Quase certo, se todos enxergassem a relação homem-Deus como filho-Pai. Considerando que muita gente possui um histórico de relações com Deus em que repressões, más interpretações, autossuficiência e abusos podem ter levado a traumas espirituais quase irreparáveis, insisto aqui na compreensão de Deus como um Pai amorável que deseja o melhor para cada criatura Sua.
A letra de "O meu louvor é ser feliz", de autoria de Valdecir Lima (a música é de Lineu Soares), tem uma simplicidade aparente cuja superfície não esconde a profundidade da abordagem. É como se a letra fosse um regato de água translúcida a ponto de enxergarmos o leito, sendo esse córrego cristalino tão belo em sua pequenez quanto qualquer imensidão amazônica.
Quero depender de Deus
nEle crer e nEle confiar
O pensamento moderno sobre Deus é que, se Ele não existe, isso não interfere no meu caráter, e que, se Ele existe, Ele não interfere na minha vida. A primeira linha é elementar: se não existe Deus nem lei moral, isso não deve me tornar um mau-caráter, pois o amor pelos meus semelhantes deve me salvaguardar de praticar o mal contra eles (não lhe parece algo bem religioso?). A segunda linha não é melhor: não há dependência de Deus nem mesmo que Ele exista. Como escreveu Chesterton: “O homem é marxista num dia, nietzcheano no outro, super-homem (provavelmente) no dia seguinte e escravo todos os dias”.
Na contramão da autossuficiência (ou abandono) do homem, os versos de Valdecir expressam o desejo de depender de Deus. A conjugação verbal “quero” revela que depender de Deus, e crer e confiar em Deus, é uma escolha humana. O homem também é livre para não querer depender. Dependência relaciona-se à humildade, o que é confundido com humilhação. Humilhar-se diante de Deus e dEle depender não é rastejar e lamber o chão, não é imolar-se numa escadaria nem ferir as mãos numa corda. Depender de Deus é reconhecer que somos miseráveis demais para garantir nossa respiração no próximo segundo, mas também é saber que somos especiais demais porque fomos vestidos com mais glória do que os lírios do campo.
E ao sentir que sou um filho Seu
Em gratidão Seu nome irei louvar
A letra de "O meu louvor é ser feliz", de autoria de Valdecir Lima (a música é de Lineu Soares), tem uma simplicidade aparente cuja superfície não esconde a profundidade da abordagem. É como se a letra fosse um regato de água translúcida a ponto de enxergarmos o leito, sendo esse córrego cristalino tão belo em sua pequenez quanto qualquer imensidão amazônica.
Quero depender de Deus
nEle crer e nEle confiar
O pensamento moderno sobre Deus é que, se Ele não existe, isso não interfere no meu caráter, e que, se Ele existe, Ele não interfere na minha vida. A primeira linha é elementar: se não existe Deus nem lei moral, isso não deve me tornar um mau-caráter, pois o amor pelos meus semelhantes deve me salvaguardar de praticar o mal contra eles (não lhe parece algo bem religioso?). A segunda linha não é melhor: não há dependência de Deus nem mesmo que Ele exista. Como escreveu Chesterton: “O homem é marxista num dia, nietzcheano no outro, super-homem (provavelmente) no dia seguinte e escravo todos os dias”.
Na contramão da autossuficiência (ou abandono) do homem, os versos de Valdecir expressam o desejo de depender de Deus. A conjugação verbal “quero” revela que depender de Deus, e crer e confiar em Deus, é uma escolha humana. O homem também é livre para não querer depender. Dependência relaciona-se à humildade, o que é confundido com humilhação. Humilhar-se diante de Deus e dEle depender não é rastejar e lamber o chão, não é imolar-se numa escadaria nem ferir as mãos numa corda. Depender de Deus é reconhecer que somos miseráveis demais para garantir nossa respiração no próximo segundo, mas também é saber que somos especiais demais porque fomos vestidos com mais glória do que os lírios do campo.
E ao sentir que sou um filho Seu
Em gratidão Seu nome irei louvar
Agradeço a Deus por minha vida
Pela alegria de viver em paz
Por receber tantas coisas lindas
Que Sua mão a cada dia traz
A percepção de que a paternidade divina é uma benção inigualável produz no ser humano a vontade irreprimível de adorá-Lo. O louvor é uma consequência natural de quem se sente amparado, de quem vê a misericórdia do Pai renovar-se a cada manhã. Deus nos amou primeiro. A gratidão vem na forma transbordante da música.
Pra Deus eu sou como criança
Com sonhos e alma de aprendiz
A criança é uma invenção com menos de 500 anos. Tratada milenarmente como um adulto em miniatura, a criança tinha pouco tempo para brincar e ser criança, pois sua existência servia aos afazeres domésticos e aos labores para o sustento da família. Segundo Philipe Ariès, na sociedade medieval, a criança era vista como um animalzinho, fonte de diversão para os pais e habitantes do local. Assim que crescia, passava a participar da vida em condições semelhantes às dos servos.
Eram comuns os casamentos com crianças (raramente o noivo era da faixa etária da noiva); os meninos dotados de talento musical eram entregues aos cuidados da igreja e os mais talentosos eram disputados pelas cortes (quando criança, o músico Orlando de Lassus foi raptado várias vezes de uma corte para outra); a escola não possuía estratégias de ensino voltadas para as competências infantis; os adultos não tinham pudores perto das crianças, que assistiam a conversas e atos que estarreceriam a Vara da Infância e da Juventude.
A Bíblia compreende a natureza diferenciada da criança, tratando-a como um ser que requer cuidados especiais pela sua compleição física e psicológica em tenra formação, mas também atribuindo-lhe deveres espirituais, como foi o caso de Samuel, chamado desde cedo para servir a Deus.
Apesar da tradição de manter as crianças longe dos assuntos “mais adultos” da religião, Jesus permitia que elas se aproximasse dEle sem medo e ainda recomendava a todos a converterem-se em crianças. É claro que existe a maldade infantil, muitas vezes estimulada por modelos adultos negativos. Não é baseado nesse modelo que Cristo nos orienta. O alto padrão do cristianismo estabelecido por Jesus referenda a fé e a confiança em Deus da mesma maneira que um menino não se preocupa com o almoço de amanhã nem com o que vai vestir de noite nem como vai pagar os livros escolares. O cristão é aquele que entende a Bíblia com a razão adulta e confia em Deus com a fé da criança.
Por isso louvo com minha vida
O meu louvor é ser feliz
Enquanto da boca dos pequenos brota um perfeito louvor, não há louvor maior a Deus do que uma vida dedicada a Ele. Mais do que altares e ofertas, mais do que belos poemas e inestimáveis canções, nosso louvor é ser feliz. E procurar ser feliz nesse planeta parece uma missão impossível. Mas posso começar a viver feliz pela esperança de um lugar real onde a felicidade não tem fim, tristeza sim.
Pela alegria de viver em paz
Por receber tantas coisas lindas
Que Sua mão a cada dia traz
A percepção de que a paternidade divina é uma benção inigualável produz no ser humano a vontade irreprimível de adorá-Lo. O louvor é uma consequência natural de quem se sente amparado, de quem vê a misericórdia do Pai renovar-se a cada manhã. Deus nos amou primeiro. A gratidão vem na forma transbordante da música.
Pra Deus eu sou como criança
Com sonhos e alma de aprendiz
A criança é uma invenção com menos de 500 anos. Tratada milenarmente como um adulto em miniatura, a criança tinha pouco tempo para brincar e ser criança, pois sua existência servia aos afazeres domésticos e aos labores para o sustento da família. Segundo Philipe Ariès, na sociedade medieval, a criança era vista como um animalzinho, fonte de diversão para os pais e habitantes do local. Assim que crescia, passava a participar da vida em condições semelhantes às dos servos.
Eram comuns os casamentos com crianças (raramente o noivo era da faixa etária da noiva); os meninos dotados de talento musical eram entregues aos cuidados da igreja e os mais talentosos eram disputados pelas cortes (quando criança, o músico Orlando de Lassus foi raptado várias vezes de uma corte para outra); a escola não possuía estratégias de ensino voltadas para as competências infantis; os adultos não tinham pudores perto das crianças, que assistiam a conversas e atos que estarreceriam a Vara da Infância e da Juventude.
A Bíblia compreende a natureza diferenciada da criança, tratando-a como um ser que requer cuidados especiais pela sua compleição física e psicológica em tenra formação, mas também atribuindo-lhe deveres espirituais, como foi o caso de Samuel, chamado desde cedo para servir a Deus.
Apesar da tradição de manter as crianças longe dos assuntos “mais adultos” da religião, Jesus permitia que elas se aproximasse dEle sem medo e ainda recomendava a todos a converterem-se em crianças. É claro que existe a maldade infantil, muitas vezes estimulada por modelos adultos negativos. Não é baseado nesse modelo que Cristo nos orienta. O alto padrão do cristianismo estabelecido por Jesus referenda a fé e a confiança em Deus da mesma maneira que um menino não se preocupa com o almoço de amanhã nem com o que vai vestir de noite nem como vai pagar os livros escolares. O cristão é aquele que entende a Bíblia com a razão adulta e confia em Deus com a fé da criança.
Por isso louvo com minha vida
O meu louvor é ser feliz
Enquanto da boca dos pequenos brota um perfeito louvor, não há louvor maior a Deus do que uma vida dedicada a Ele. Mais do que altares e ofertas, mais do que belos poemas e inestimáveis canções, nosso louvor é ser feliz. E procurar ser feliz nesse planeta parece uma missão impossível. Mas posso começar a viver feliz pela esperança de um lugar real onde a felicidade não tem fim, tristeza sim.
Comentários
Quando Deus pede que sejemos como crianças significa ser aprendiz a todo momento, dificilmente a criança esta presa a costumes, diferentemente do adulto que muitas vezes se torna endurecido por causa dos costumes litúrgicos do passado e não quer mudar simplesmente porque ja faz a muito tempo e de outra maneira não serve ou é irreverente. Vale lembrar tambem que Jesus sabia da presença dos fariseus ali no momento que proferia as palavras, Ele queria mostrar que acima de rituais estava Deus e Ele veio representar Deus e por simplesmente os tais fariseus estarem presos a rituais de maneira que viram o Messias e não deram crédito assim morreram na ignorancia, porque não tiveram a humildade de uma criança. Deus é aquele que esta presente entre nós e ao mesmo tempo esta em TODAS as partes deste infinito universo, imaginar isso é incrivel tentar compreender isto é facil e ao mesmo tempo complexo, Deus nos revelou aquilo que podemos enxergar e somente aqueles que dependem dele e têm a sutil percepção podem realmente viver na plena razão e ao mesmo tempo ter a fé de uma criança.