O ano é 2093. A nave Prometheus parte em missão exploratória
confidencial para um planeta onde estariam os criadores da raça humana. Esse remoto local - uma incrível e revolucionária descoberta - não foi tirado de um livro. Estava inscrito em paredes de cavernas. A tradição do
Gênesis está longe. Mas a figura de um criador, não. O filme segue a visão
conciliatória de criacionismo com evolucionismo; seríamos fruto de um Criador
organizando o acaso. Ou seja, viemos de uma “evolução acompanhada”.
Mas dar atenção só a esse ponto é perder a contundência de algumas perguntas que o filme faz. E não quero perder a chance de explorá-lo teologicamente.
Mas dar atenção só a esse ponto é perder a contundência de algumas perguntas que o filme faz. E não quero perder a chance de explorá-lo teologicamente.
A decisão de crer
Nem todos na astronave querem fazer perguntas aos criadores,
chamados de Engenheiros. A antropóloga Elizabeth Shaw está entre aqueles que
estão em busca de respostas. Ela perdeu a mãe quando ainda era criança. E é na
infância que ela aprende que existe um céu maravilhoso aonde a vida é eterna. Inquieta, ela pergunta
ao pai: “Como você sabe que o céu é lindo?” Ele diz: “Eu não sei. Mas escolhi
acreditar que é assim”. É na infância que ela aprende a ter esperança e fé. E isso será crucial para as decisões que irá tomar mais tarde.
Não há relatos bíblicos de um Deus que força a adoração ou
obriga a escolha individual. Como está escrito em Deuteronômio 30:19: “[...]te
tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida,
para que vivas, tu e a tua descendência”. São as pessoas que decidem aceitar
crer ou não.
A necessidade de criação
Entre os tripulantes, há um androide [imagem acima] – robô à imagem e
semelhança do homem, com uma diferença. Não tem as mesmas emoções ou sensações.
Contudo, ele parece se ocupar com questões além da matéria. Em conversa com um
cientista, o androide lhe pergunta: “Se você fosse o criador, por que você criaria o homem?” A resposta: “Porque sou capaz de criar”. O androide
diz: “Imagine a minha decepção se eu ouvisse
isso da boca de quem me projetou”.
Criar apenas pelo poder de criar não passa de demonstração de competência. O poder sem amor gera autoritarismo e
medo. A Bíblia não diz que “Deus é poder”, e sim que “Deus é amor” (I João
4:8), e “o perfeito amor lança fora o medo” (I João 4:18)
A necessidade de salvação
Os exploradores descobrem o local onde estão os Engenheiros,
os quais não demonstram interesse pela humanidade.
A crença de que Deus teria criado o mundo e o ser humano e
deixá-los por sua conta e risco é o que chamamos de deísmo. É verdade que o
aparente silêncio de Deus diante de tanto horror e violência pode dar a impressão
de que não há mais ninguém no comando. No entanto, um Deus de amor é
incompatível com Sua distância definitiva dos nossos problemas. Seria como uma mãe que,
depois de dar à luz, fosse embora e deixasse seu filho com uma casa mobiliada.
Deus não disse: “Se virem”. Aprendi que Ele diz: “Vinde a Mim”. Fico pensando se
não somos nós que deixamos os outros por sua conta e risco.
Antes de encontrar os Engenheiros, o idoso megaempresário que financiou a expedição pergunta:
“Se eles nos criaram, eles podem nos salvar?” Ao tomarmos a Bíblia como explicação que dá sentido à existência
humana e à ação divina, podemos entender a criação e a necessidade de salvação.
Se por um homem o pecado começou (Romanos 5:12), pelo Filho do Homem, Jesus, a
salvação foi dada. Assim como a Criação, a Salvação também mostra o poder e o
amor de Deus. Não basta poder para criar, é preciso amor para salvar. Também não
basta amor para criar, é preciso poder para salvar.
O mistério da destruição
Ao encontrarem um dos Engenheiros, os exploradores percebem
que serão destruídos por ele. Elizabeth Shaw pergunta, aterrorizada: “Por que
você quer nos destruir?” Não há resposta; só aniquilação. Por que Deus irá destruir o mundo? (pela Bíblia, seria a
segunda vez – a primeira foi o dilúvio). Tremendo mistério, aparentemente por ser incompatível com um Deus de amor. Mesmo os escritores bíblicos não sabiam revelar o mistério da destruição: o profeta Isaías descreveu esse ato
como “a estranha obra de Deus” (Is. 28:21).
Enquanto o poder sem amor é autoritarismo, o amor sem justiça é complacente em excesso. Embora seja "tardio em irar-se", Deus é descrito como "grande em poder e ao culpado não tem por inocente" (Naum 1:3). Nesse verso bíblico, estão relacionados o amor paciente, o poder imenso e a justiça necessária.
Enquanto o poder sem amor é autoritarismo, o amor sem justiça é complacente em excesso. Embora seja "tardio em irar-se", Deus é descrito como "grande em poder e ao culpado não tem por inocente" (Naum 1:3). Nesse verso bíblico, estão relacionados o amor paciente, o poder imenso e a justiça necessária.
No filme, o Engenheiro pretende destruir a raça humana completamente; não
sobrarão nem oito pessoas para recomeçar. Segundo a Bíblia, Deus destruirá o
mundo, a maldade e os maus com o propósito de garantir a existência e felicidade eternas de Suas criaturas em um mundo recriado.
Agora alguém pode perguntar: Quem é bom? Quem merece ser
salvo e não ser destruído? Não sei quem merece, mas penso que o amor de Deus
maravilhosamente incluirá, Sua justiça sabiamente excluirá e Sua graça
misericordiosamente decidirá.
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