Minha lista de melhores não dos melhores filmes desse ano, mas de filmes que vi neste ano não importa o ano de sua produção. Em 2012, assisti obras-primas como A Separação e Na Estrada da Vida, ótimos dramas como Jean de Florette e A Morte e a Donzela, animações estupendas como A Viagem de Chihiro e filmes não tão bons mas com interessantes questões teológicas, como Prometheus. À lista:
Brinquedo proibido (1952) – na
França da 2ª Guerra Mundial, uma menina perde os pais e encontra a amizade de
outra criança, filho de camponeses que lhe dão abrigo. O travo amargo da guerra
é aliviado por momentos inesperados de humor. Mas se prepare, ao contrário do engodo de A Vida é Bela, em que Aschwitz vira Disneylândia, este pequeno filme não maquia o horror da
guerra para consolar o espectador.
4 meses, 3 semanas e 2 dias
(2007) – após assistir a esse filme, qualquer que seja sua opinião a respeito
do aborto, contrária ou a favor, ela vai mudar. Porque esta não é mais uma
comédia adolescente, mas um drama que mostra como o processo pode ser
traumatizante para a mulher. E os homens dessa história? Bem, “boys” just wanna
have fun.
Do jeito que ela é (2003) – essa
história de tolerância e aceitação familiar trata as diferenças inconciliáveis do
relacionamento entre pais e filhos com a dose certa de emoção e realismo. Se
fosse uma letra de música, o filme seria: “você diz que seus pais não lhe
entendem, mas você não entende seus pais”.
Fausto (2011) – nessa versão da
milenar história de um homem que faz um pacto com o diabo, o homem é um
cientista e o diabo é um comerciante. Em meio a diálogos de alta voltagem
teoógica, e filmando ora paisagens deslumbrantes ora cenas atordoantes, o cineasta
russo Alexander Sokúrov nos diz que o grande mal que assola o homem não é o
embate entre ciência e religião, mas o cientificismo que repudia a fé e o amor
pelos semelhantes.
O garoto da bicicleta (2011) – um
adolescente abandonado pelo pai passa a desenvolver sentimentos extremos de
fúria e solidão, manifestando tanto o ódio quanto a vontade de receber afeto. Uma
mulher desconhecida passa a visitá-lo no orfanato e acolhê-lo em sua casa. Uma
parábola sobre o amor incondicional.
O artista (2011) – um filme mudo sobre os tempos do cinema mudo. É uma proeza técnica o fato de espectadores do século XXI se deliciarem com a inventividade do cinema que, sem dispensar a música, abdica da voz.
Pina (2011) – espetáculo visual
impressionante dirigido por Wim Wenders que reencena as revolucionárias coreografias de Pina
Bausch, a mulher que trouxe o balé para o risco do cotidiano e lhe deu gestos simples, mas nem por isso menos sofisticados.
A separação (2011) – a princípio,
parece apenas ser sobre a vida de um casal em processo de separação no Irã. Mas
pouco a pouco começam a entrar aspectos da religião islâmica que vão sendo
discutidos sem apontar soluções apressadas. É um painel rico de situações
cotidianas e surpreendentes que nos faz perceber como boa parte das encenações
familiares filmadas em Hollywood são apelativas, sentimentalóides e
fotogênicas.
P.S: Eu já não esperava grande coisa, mas O Espetacular Homem-Aranha deveria se chamar o apenas razoável homem-aranha. Com mudanças forçadas na história, mais coincidências que novela do SBT, teia comprada na Amazon e uma aluna de ensino médio como estagiária-chefe de uma megacorporação, não deu pra engolir esse caça-níqueis.
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