Alguém se deu o trabalho de fazer um quadro comparativo das "causa
mortis" de músicos por gênero musical. De fato , trata-se de pesquisa conduzida pela professora Dianna Kenny, da Universidade de Sidney, que investiga as causas de morte precoce de músicos.
Nesse quadro, músicos do gospel têm taxas menores de morte por
câncer ou ataque do coração do que as dos músicos de blues, jazz, pop e
country, mas músicos desses estilos morrem menos por assassinato do que os
músicos gospel.
30% dos músicos de jazz e blues morreram por problemas cardíacos ou
câncer, o que certamente foi causado pelo estilo de vida e não pela música que
tocavam. Nesses estilos, há menos mortes por suicídio do que no punk (11%) e no
metal (19%). Mais do que o dobro de suicídios no rock e no rap. Já no rap, as
taxas de morte por câncer e problemas cardíacos é muito menor do que as taxas
observadas em todos os outros estilos.
Um analista descuidado lê isso e vai recomendar a audição de uma dose
diária de rap para diminuir as taxas de colesterol. Já vejo a manchete:
"Hip Hop ajuda no combate ao câncer". Mas, lembre que as taxas de
morte por assassinato de artistas do rap são as maiores entre todos os gêneros
(mais de 50%).
Antes que o mesmo analista descuidado aponte o rap como causa de homicídio
("Hip hop mata mais que câncer" seria sua manchete), vamos lembrar
que, se rappers morrem menos de ataque cardíaco, provavelmente seja porque eles
morrem jovens. E não é por causa do estilo musical, mas, entre outros motivos, por problemas
surgidos pelo tom crítico de suas letras ou por conflitos que envolvem sua condição social de origem em locais urbanos de forte
risco social.
Um estilo musical não é capaz de retardar ou apressar a morte de um músico.
Mas o estilo de vida e as condições sociais e psicológicas de um artista podem
estar na sua própria causa mortis. Roger Daltrey (da banda The Who) cantava nos anos 60 que esperava morrer antes de envelhecer ("I hope I die before I get old" - letra de My Generation). Bem, ao contrário de outros roqueiros de sua geração, Roger Daltrey já passou dos 70 anos de idade, contrariando as expectativas de sua própria música.
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