Leio que Julie Andrews completou 74 anos em 01 de outubro. Dá pra acreditar? A Maria de A Noviça Rebelde tornou-se uma septuagenária. Podem chamar de sentimental e convencional, mas é difícil resistir à Julie Andrews surgindo numa colina verdejante e girando com os braços abertos e cantando a bela “The sound of music”. Tudo bem que depois tem aquelas sete notas musicais ou sete crianças, o que dá no mesmo. Mas logo aparece uma Julie enamorada cantando “Something” e o resto é Oscar, história e lágrimas.
O cantor Cazuza dizia numa música que seus heróis morreram de overdose. Ele próprio escolheu viver e morrer como seus heróis. As mídias fingem odiar esse tipo de herói, mas são elas que cobrem cada nova celebridade com sua cota televisiva de vaidade (quando tudo vai bem), falso moralismo (quando tudo vai mal) e confete post-mortem. Todo astro recém-falecido por overdose é coroado com um mito: o melhor é morrer jovem e famoso. Essa é a maior falácia da cultura pop, um engodo que tem levado muita gente a achar que aproveitar a vida é experimentar tudo, todos e todas ao som de muito rock’n’roll, yeah!
Como escreve Robert Pirsig, “a degeneração é prazerosa, mas não sustenta uma vida inteira”. Mas quem é que está se lixando pra expectativa de vida, quando dizem que não há nem céu nem inferno, nem Deus, nem deus, nem juízo. Lembra do trinômio revolucionário “liberdade, igualdade, fraternidade”? Pode parecer apocalíptico, mas alguém discorda de que esse ideal foi substituído pelo também trinômio “sexo, drogas e rock’n’roll”?
Antes que os filisteus virtuais ataquem este web-escriba, já adianto que o problema dessa geração pode até não ser a música (que espelha as vontades dessa geração). O problema é esse estilo de vida “morra jovem e drogado” sendo vendido como a quintessência do pensamento rebelde e antiautoritário, um modelo insuperável de ser artista e porta-voz da geração, quando no fundo é apenas suicídio juvenil glamourizado. Roqueiros e atores, principalmente, são elevados à categoria de ícones da juventude transviada que estabeleceu suas próprias regras de sucesso, vida e morte. Porém, se solos de guitarra não vão me conquistar, esse overdose way of life também não me convence.
Meus heróis não morreram de overdose: Dostoievski, Jane Austen, Guimarães Rosa, John Steinbeck, Tolstoi; Beethoven, Bach, Bernard Herrmann, Debussy, Stravinski, Duke Ellington; Kurosawa, Jean Renoir; Lincoln, Luther King. Eles representam um tipo de herói: aqueles que escaparam da mediocridade reinante na cultura e nas relações sociais. São heróis pela excelência artística e de pensamento.
Alguém dirá: e Lutero, Paulo, Isaías, Daniel, Pedro e João não seriam heróis maiores e melhores? Estes são um outro tipo de herói: gente que nos serve de inspiração para viver. Eles são muito mais que heróis das artes e do pensamento.
Meus heróis não morreram de overdose. Talvez nem sejam heróis apenas; uns preferem chamá-los de mártires. Eles morreram decapitados, queimados, crucificados e temo não estar à altura de mártires assim, que não morrem por uma ideologia, morrem pelo Amor que excede todo entendimento. Meus heróis não pegaram em armas e venceram exércitos. Eles viveram não por força nem por violência, mas pelo poder do Espírito. Meus heróis não foram seres perfeitos. Eles tiveram falhas e espinhos na carne, mas negaram-se a si mesmos e decidiram que, não eles, mas Cristo viveria neles.
Há heróis e super-heróis para todos os gostos. Contudo, se em vez de adotarmos heróis pelo nosso gosto pessoal nós levarmos nossa vida ao pé da cruz, sairemos dali com um novo sentido do que é de fato um herói. Eu preciso de heróis que vivem pelo que ainda não se vê, que vivem por uma esperança estranha para quem não acredita, mas tremendamente perfeita e elevada para quem aceita.
O cantor Cazuza dizia numa música que seus heróis morreram de overdose. Ele próprio escolheu viver e morrer como seus heróis. As mídias fingem odiar esse tipo de herói, mas são elas que cobrem cada nova celebridade com sua cota televisiva de vaidade (quando tudo vai bem), falso moralismo (quando tudo vai mal) e confete post-mortem. Todo astro recém-falecido por overdose é coroado com um mito: o melhor é morrer jovem e famoso. Essa é a maior falácia da cultura pop, um engodo que tem levado muita gente a achar que aproveitar a vida é experimentar tudo, todos e todas ao som de muito rock’n’roll, yeah!
Como escreve Robert Pirsig, “a degeneração é prazerosa, mas não sustenta uma vida inteira”. Mas quem é que está se lixando pra expectativa de vida, quando dizem que não há nem céu nem inferno, nem Deus, nem deus, nem juízo. Lembra do trinômio revolucionário “liberdade, igualdade, fraternidade”? Pode parecer apocalíptico, mas alguém discorda de que esse ideal foi substituído pelo também trinômio “sexo, drogas e rock’n’roll”?
Antes que os filisteus virtuais ataquem este web-escriba, já adianto que o problema dessa geração pode até não ser a música (que espelha as vontades dessa geração). O problema é esse estilo de vida “morra jovem e drogado” sendo vendido como a quintessência do pensamento rebelde e antiautoritário, um modelo insuperável de ser artista e porta-voz da geração, quando no fundo é apenas suicídio juvenil glamourizado. Roqueiros e atores, principalmente, são elevados à categoria de ícones da juventude transviada que estabeleceu suas próprias regras de sucesso, vida e morte. Porém, se solos de guitarra não vão me conquistar, esse overdose way of life também não me convence.
Meus heróis não morreram de overdose: Dostoievski, Jane Austen, Guimarães Rosa, John Steinbeck, Tolstoi; Beethoven, Bach, Bernard Herrmann, Debussy, Stravinski, Duke Ellington; Kurosawa, Jean Renoir; Lincoln, Luther King. Eles representam um tipo de herói: aqueles que escaparam da mediocridade reinante na cultura e nas relações sociais. São heróis pela excelência artística e de pensamento.
Alguém dirá: e Lutero, Paulo, Isaías, Daniel, Pedro e João não seriam heróis maiores e melhores? Estes são um outro tipo de herói: gente que nos serve de inspiração para viver. Eles são muito mais que heróis das artes e do pensamento.
Meus heróis não morreram de overdose. Talvez nem sejam heróis apenas; uns preferem chamá-los de mártires. Eles morreram decapitados, queimados, crucificados e temo não estar à altura de mártires assim, que não morrem por uma ideologia, morrem pelo Amor que excede todo entendimento. Meus heróis não pegaram em armas e venceram exércitos. Eles viveram não por força nem por violência, mas pelo poder do Espírito. Meus heróis não foram seres perfeitos. Eles tiveram falhas e espinhos na carne, mas negaram-se a si mesmos e decidiram que, não eles, mas Cristo viveria neles.
Há heróis e super-heróis para todos os gostos. Contudo, se em vez de adotarmos heróis pelo nosso gosto pessoal nós levarmos nossa vida ao pé da cruz, sairemos dali com um novo sentido do que é de fato um herói. Eu preciso de heróis que vivem pelo que ainda não se vê, que vivem por uma esperança estranha para quem não acredita, mas tremendamente perfeita e elevada para quem aceita.
Comentários
Minha atual heróina é justamente a querida e septuagenária Julie Andrews e me orgulho muito de fazer parte de uma geração jovem que consegue admirar alguém tão maravilhosa e que não sucumbiu ao lado obscuro da fama.
bem-vinda ao clube, lorena.
Nesse texto você me inspirou. Puxa vida... como é bom fazer essa reflexão, porque são textos assim que me lembram do salmista dizendo "guarda as portas do teu coração, porque dele procedem as fontes da vida", e "como poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a Tua Palavra". O que nós jovens precisamos hoje, mais do que nunca na história desse país (kkk), é de referências benéficas, enobrecedoras e humanas. Digo SIM para Julie Andrews, Jane Austen, Mahatma Gandhi, Rosamunde Pilcher, Bach, Häendel, Elgar, Sarney (ops, brincadeirinha...)
que legal você gostar de jane austen também. já as "obras" de sarney ficam no mesmo nível literário dos atos secretos assinados por ele. rs
e vida longa e próspera a julie andrews!
você é blogueira de primeira. então, fique à vontade para postar esse texto.
Não só gosto de Jane Austen, como já li todos os seus livros publicados em português, e assisti a todas as produções cinematográficas baseadas em seus romances. Livro e filme preferidos: "Razão e Sensibilidade".
Vale dizer também que os livros de Colleen McCullough são excelentes (embora eu nunca saiba escrever corretamente o nome dela). Dela, assisti repetidas vezes à série "Pássaros Feridos", que recomendo, e li o livro. A riqueza de detalhes com que ela descreve as cenas é maravilhosa. Fico embevecida com os livros dela e também os recomendo.
Mas... Rosamunde Pilcher é a escritora contemporânea que me cativou. Recomendo a leitura, em todas as suas formas, levando em consideração o teor do que se lê, porque afinal de contas estamos falando de heróis, e devemos escolhê-los, e não deixar que eles nos escolham (se isso é possível). Abrass...
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos Estão no poder
Ideologia, eu quero uma prá viver
Ele pede uma ideologia, pois ve que as coisas não estão indo bem.
E ele não escolheu morrer como seus ídolos. Mas isso é outro papo...
os heróis de cazuza, considerado com justiça um dos letristas mais viscerais da música brasileira (e não só do rock br) dos últimos 30 anos, morreram por overdose de drogas. isso tem um significado que não podemos deixar de ver: seja che guevara, marlon brando ou coco chanel, escolhemos nossos heróis de acordo com nossa visão de mundo.
se ele não escolheu viver e morrer (talvez não morrer, concordo com você) como seus heróis, isso realmente dá pano pra discussão.
também não é porque se lê a Bíblia que se deixou ou não de contextualizar aqui. aliás, quando não se interpreta contextualmente a Bíblia é que corre-se o risco de indiferenciar as narrativas bíblicas.
valeu por comentar e chamar a atenção deste aprendiz de blogueiro
abraços, profeta anônimo!