Há mais de 30 anos, a canção “Feijão Maravilha” exaltava as virtudes únicas do prato nacional. “Dez entre dez brasileiros preferem feijão”, começava a música. E dizia que o feijão era “o preto que satisfaz”. Eu era muito novo pra entender se essa frase era preconceito ou elogio. Além disso, a canção era tema de novela e na minha casa não tinha TV.
" Música bonita gera cristais de gelo bonitos e música feia gera cristais de gelo feios ". E que tal essa frase? " Palavras boas e positivas geram cristais de gelo bonitos e simétricos ". O autor dessa teoria é o fotógrafo japonês Masaru Emoto (falecido em 2014). Parece difícil alguém com o ensino médio completo acreditar nisso, mas não só existe gente grande acreditando como tem gente usando essas conclusões em palestras sobre música sacra! O experimento de Masaru Emoto consistiu em tocar várias músicas próximo a recipientes com água. Em seguida, a água foi congelada e, com um microscópio, Emoto analisou as moléculas de água. Os cristais de água que "ouviram" música clássica ficaram bonitos e simétricos, ao passo que os cristais de água que "ouviram" música pop eram feios. Não bastasse, Emoto também testou a água falando com ela durante um mês. Ele dizia palavras amorosas e positivas para um recipiente e palavras de ódio e negativas par
Comentários
se combinar em diferentes estilos.
Após várias considerações, ele faz, sem atribuições valorativas,a distinção entre a prosa estetizante e realista dos italianos e a poesia brasileira. Os seguintes trechos são bastante esclarecedores:
"O futebol de prosa é o do chamado sistema (o futebol europeu). Nesse esquema, o gol é confiado à conclusão, possivelmente por um “poeta realista” como Riva, mas deve derivar de uma organização de jogo coletivo, fundado por uma série de passagens “geométricas”, executadas segundo as regras do código..."
"O futebol de poesia é o latino-americano. Esquema que, para ser realizado, demanda uma capacidade monstruosa de driblar (coisa que na Europa é esnobada em nome da “prosa coletiva”): nele, o gol pode ser inventado por qualquer um e de qualquer posição. Se o drible e o gol são o momento individualista-poético do futebol, o futebol brasileiro é, portanto, um futebol de poesia."
Pensando na convocação do Dunga e no ardor com que ele valoriza o sistema, a construção coletiva e ordenada das jogadas, vemos como atualmente a seleção brasileira é muito mais prosaica do que poética e seus jogos estão repletos de parágrafos corretos,fiéis às normas ortográficas e sintáticas vigentes, mas publicam poucos versos desconcertantes.
Se fosse revisar hoje o seu artigo, acho que Pasolini precisaria buscar outros exemplos para a sua argumentação...
Pasolini foi seduzido pelo poema em linha reta que era uma corrida de Jairzinho, pela parábola dos lançamentos de Gérson, pela fábula do jogo de Tostão, pela onomatopeia do chute de Rivelino e pelos superlativos de Pelé.