Temos acompanhado lances históricos aparentemente inéditos no Brasil. É a
primeira vez que a população em massa sai às ruas para exigir mudanças
estruturais na forma de governar o país. A Inconfidência foi uma ação da elite intelectual
e econômica; a Independência foi uma ação da corte contra si mesma; a
República, uma ação militar. A massa popular em ação simultânea no país inteiro,
só agora.
Muitos cineastas se envolveram com questões sociais e disseram "luz, câmera, revolução". Aqui estão sete filmes que traduziram o espírito da revolução
popular no meio da rua:
A Batalha de Argel, 1966, de Gillo Pontecorvo. Quem luta: os
líderes da resistência da Argélia. Motivo: obter independência da
França. Resultado: filmado com tamanha eficácia e realismo que o filme foi banido da
França e proibido pela ditadura brasileira por vários anos e por razões óbvias.
Terra e liberdade, 1996, de Ken Loach. Quem luta: jovens
espanhóis e estrangeiros. Motivo: a ditadura do general Franco nos anos
30. Resultado: uma ode ao ardor revolucionário e ao desejo de mudança.
Malcolm X, 1992, de Spike Lee. Quem luta: ativistas afro-americanos.
Motivo: igualdade de direitos civis e luta contra o racismo. Resultado: se Martin
Luther King, que pregava a revolução pacífica, foi assassinado, que fim poderia
ter Malcolm X, que defendia o olho por olho?
Germinal, 1993, de Claude Berri.
Quem luta: os trabalhadores franceses das minas de carvão no final do século 19. Motivo: melhores
condições de trabalho e de salário. Resultado: seu protesto incendeia o ânimo
das classes populares brutalizadas pela elite local.
Gandhi, 1982, de Richard Attenborough. Quem luta: o Mahatma
e o povo indiano. Motivo: a saída dos ingleses da Índia. Resultado: o
filme ficou um tanto longo, mas não é capaz de tirar a inspiração da liderança de
Gandhi.
Spartacus, 1960, de Stanley Kubrick. Quem luta: os escravos
de Roma Antiga. Motivo: adivinha? Resultado: um épico que romanceia
um pouco a história, mas nada diminui a emoção de ouvir todos os escravos dizendo
“Eu sou Spartacus”.
Comentários