Everybody loves Rio. É difícil não olhar para a capital carioca como se ela fosse nada mais que uma paisagem abençoada por Deus e bonita por natureza, que beleza! Os séculos passam e o povo continua na toada de que o Rio de Janeiro continua lindo, apesar da fumaça, apesar da desgraça, apesar do tráfico de drogas e de influências. Costumamos dividir a cidade em pessoas e cartão-postal. Depois separamos os habitantes em civis e governantes, sendo os primeiros a galera carnavalesca e hospitaleira e os segundos uma corja corrupta no ativo e no passivo.
Foi assim, com a memória embevecida pelas belezas naturais e artificiais que o comitê olímpico escolheu o Rio de Janeiro como sede dos jogos de 2016. Havia outros argumentos, até porque o Rio já tinha batido na trave três vezes nas escolhas de sedes olímpicas passadas: o Brasil nunca sediou uma Olimpíada, a América do Sul nunca sediou uma Olimpíada, o comitê não costuma escolher o mesmo continente duas vezes seguidas (os jogos de 2012 serão em Londres), e outras justificativas politicamente corretas.
O que ganhamos com uma Olimpíada? Nós, não cariocas, nada além de um orgulhozinho cívico. Não sei se haveria essa euforia toda se a cidade ganhadora fosse Campo Grande, Natal ou Vitória. Afinal, nosso ridículo ufanismo tem limites, certo?
Ah, mas essas outras capitais não têm dinheiro para sediar os jogos! Ahã! E o Rio tem, né?
Três perguntas básicas:
Foi assim, com a memória embevecida pelas belezas naturais e artificiais que o comitê olímpico escolheu o Rio de Janeiro como sede dos jogos de 2016. Havia outros argumentos, até porque o Rio já tinha batido na trave três vezes nas escolhas de sedes olímpicas passadas: o Brasil nunca sediou uma Olimpíada, a América do Sul nunca sediou uma Olimpíada, o comitê não costuma escolher o mesmo continente duas vezes seguidas (os jogos de 2012 serão em Londres), e outras justificativas politicamente corretas.
O que ganhamos com uma Olimpíada? Nós, não cariocas, nada além de um orgulhozinho cívico. Não sei se haveria essa euforia toda se a cidade ganhadora fosse Campo Grande, Natal ou Vitória. Afinal, nosso ridículo ufanismo tem limites, certo?
Ah, mas essas outras capitais não têm dinheiro para sediar os jogos! Ahã! E o Rio tem, né?
Três perguntas básicas:
1) Preocupados com a violência? É só lembrar da calmaria suíça que foi o Pan-Americano/2007 do Rio.
2) O transporte é um entrave aos jogos? Segundo o G1, 40% do orçamento de 29 bilhões será aplicado em trens, ônibus e metrôs.
3) Essa dinheirama não poderia ser investida para melhorar o sistema de transportes da cidade sem precisar de Olimpíada? Sim, mas sem um prazo (2016) duvido que um projeto desse porte fosse finalizado.
Analistas se dividem a respeito dos reais benefícios de uma cidade ser anfitriã olímpica. Alguns apontam para Montreal/1976, que ficou pagando a dívida até 2005, e Atenas/2004, cujo orçamento saltou de 1,6 bilhões para 16 bilhões e depois do evento mal utiliza a gigantesca infraestrutura esportiva que ergueu.
Outros apontam para Barcelona/1992, que entrou no mapa das rotas turísticas mundiais, e Atlanta/1996, que fez a cidade renascer.
O orçamento vai inchar, nosso rico dinheirinho vai ser cooptado para cobrir os gastos. Mas está certificado que há um clima generalizado de felicidade durante um evento esportivo de primeira grandeza. Os locais de provas correm o risco de virar mausoléus depois dos jogos, a Olimpíada servirá de palco para disputas políticas. Mas haverá maiores investimentos para atletas e modalidades que não o futebol e o vôlei.
Lula chorou, Pelé chorou, os olhinhos do povo estavam cheios de ternura e lágrimas, até os jornalistas se davam aquele abraço. Alô, alô, torcida brasileira, agora verás com quantos reais se faz uma cidade maravilhosa.
Analistas se dividem a respeito dos reais benefícios de uma cidade ser anfitriã olímpica. Alguns apontam para Montreal/1976, que ficou pagando a dívida até 2005, e Atenas/2004, cujo orçamento saltou de 1,6 bilhões para 16 bilhões e depois do evento mal utiliza a gigantesca infraestrutura esportiva que ergueu.
Outros apontam para Barcelona/1992, que entrou no mapa das rotas turísticas mundiais, e Atlanta/1996, que fez a cidade renascer.
O orçamento vai inchar, nosso rico dinheirinho vai ser cooptado para cobrir os gastos. Mas está certificado que há um clima generalizado de felicidade durante um evento esportivo de primeira grandeza. Os locais de provas correm o risco de virar mausoléus depois dos jogos, a Olimpíada servirá de palco para disputas políticas. Mas haverá maiores investimentos para atletas e modalidades que não o futebol e o vôlei.
Lula chorou, Pelé chorou, os olhinhos do povo estavam cheios de ternura e lágrimas, até os jornalistas se davam aquele abraço. Alô, alô, torcida brasileira, agora verás com quantos reais se faz uma cidade maravilhosa.
P.S.: esse texto foi escrito com total ausência de dores no cotovelo. Aliás, até fiquei contentinho com a escolha do Rio de Janeiro.
Leia também: Everybody loves Ricardo Teixeira (sobre a Copa do Mundo do Brasil/2014).
Comentários
publiquei um texto e vc tá lá no rodapé!
abraço
publiquei um texto e vc tá lá no rodapé!
abraço
valeu a citação, meu caro. depois vou lá ler o seu artigo completo.