A cultura musical brasileira é rica e multivariada. Estilos estrangeiros que aportaram por nossas bandas foram devidamente apropriados e tomaram novas formas. A miscigenação que ocorreu no trânsito de etnias teve um correlato nas misturas culturais. Práticas que eram consideradas fora-da-lei, como o samba, foram apropriadas institucionalmente e se tornaram orgulho de uma população.
O que teria motivado, então, a exclusão do ambiente litúrgico das formas musicais mais populares, como o choro, o samba, a modinha? Seria o preconceito do missionário norte-americano em relação à cultura de um povo considerado incivilizado e inferior?
Alguns estudiosos do cristianismo no Brasil, como Prócoro Velasques e Jaci Maraschin, têm relacionado o eurocentrismo (e o “americanocentrismo”) dos pioneiros como o fator que obstruiu a presença dos estilos musicais de matriz nacional nos cultos protestantes. Entretanto, essa visão etnocêntrica (que equivale ou valida as culturas autóctones) deixa de analisar outros fatores como:
a) A noção de santidade cristã: a música popular brasileira estava ligada tanto às diversões seculares quanto às festividades católicas. Desse modo, o princípio de resguardar-se de diversões inapropriadas até para filisteus afastava os primeiros protestantes de festas com música secular. Além disso, o anticatolicismo era algo muito comum e os levava a repudiar os estilos aceitos pelo sincretismo católico romano.
O que teria motivado, então, a exclusão do ambiente litúrgico das formas musicais mais populares, como o choro, o samba, a modinha? Seria o preconceito do missionário norte-americano em relação à cultura de um povo considerado incivilizado e inferior?
Alguns estudiosos do cristianismo no Brasil, como Prócoro Velasques e Jaci Maraschin, têm relacionado o eurocentrismo (e o “americanocentrismo”) dos pioneiros como o fator que obstruiu a presença dos estilos musicais de matriz nacional nos cultos protestantes. Entretanto, essa visão etnocêntrica (que equivale ou valida as culturas autóctones) deixa de analisar outros fatores como:
a) A noção de santidade cristã: a música popular brasileira estava ligada tanto às diversões seculares quanto às festividades católicas. Desse modo, o princípio de resguardar-se de diversões inapropriadas até para filisteus afastava os primeiros protestantes de festas com música secular. Além disso, o anticatolicismo era algo muito comum e os levava a repudiar os estilos aceitos pelo sincretismo católico romano.
b) Segregação social: num país de dominante maioria católica, os conversos ao protestantismo no começo do século XX sofriam bastante com o preconceito e a perseguição. Os “crentes”, como passaram a ser chamados, eram discriminados socialmente. Sua posição sectária refletia tanto o isolamento social que lhes era imposto como o posicionamento excludente, pois não raro proclamavam-se depositários exclusivos da verdade.
c) Referencialidade sociogeográfica: a adoção dos hinos de origem americana e europeia pelos novos conversos não era uma simples imposição hegemônica cultural dos missionários. A origem daqueles hinos – se baseados em estilos populares, em marchas militares, em música folclórica – era distante geograficamente e desconhecida culturalmente para os novos protestantes. Sem referências diretas daquela música, eles podem ter aceitado aquela liturgia pela diferença musical em relação à missa católica e às canções seculares brasileiras. Os hinos lhes pareciam mais apropriados para os cultos do que os dançáveis estilos nacionais.
Pergunta: a cultura musical brasileira foi repudiada devido ao eurocentrismo dos missionários, verdade ou mito?
Se olharmos essa questão apenas pelo ângulo da noção de hegemonia cultural de um país sobre o outro, parece verdade. No entanto, quando se estuda a introdução do protestantismo no Brasil e os valores morais e eventos sociais mais acuradamente, nota-se que a rejeição aconteceu, mas a batida argumentação tradicional de preconceito é um MITO.
Na semana que vem: os estilos brasileiros são mesmo inadequados para o louvor cristão de hoje?
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