Há mais gente querendo ser entretida do que ser edificada dentro das igrejas. Um programinha light, pedem. Uma musiquinha gostosa, gente bonita passando, conversa agradável. Parece praça de alimentação de shopping, mas é nisso que alguns estão transformando o cristianismo. Como aquele sujeito comum que aparece na TV e ganha uma transformação visual completa, o cristianismo está passando por um total makeover. Antes, um Jesus amigo. Depois, um Jesus-é-o-cara. Antes, a cruz me salvou. Depois, sou 100% Jesus. Antes, “Eu Te Amo, meu Mestre”. Depois, “Sou Apaixonado por Jesus”.
É essa perspectiva moderna de alteração da imagem de Jesus que é abordada no livro “Sexy Jesus – Exchanging a beautiful Saviour for an attractive God” (Jesus sexy – trocando um belo Salvador por um Deus atraente).
A resenha editorial do livro diz:
“Sexy Quem?! (...) Deixe-me falar diretamente sobre o mundo cristão do século 21 em que vivemos A verdade é que sem perceber, muitas pessoas fizeram Jesus Cristo um pouco sexy. Em nosso desejo sincero de mostrar um Deus que apela para as massas (e às vezes, até mesmo para nós), temos trocado um belo Salvador por um Deus atraente. Queremos uma religião com o brilho, o glamour, e todos os modismos extras. Queremos um Jesus sexy, fashion. Inconscientemente, queremos que todos os benefícios de um relacionamento com Cristo, sem as etiquetas de preço bíblicas. E o resultado? Encontramo-nos secretamente descontentes com o cristianismo que estamos vivendo. Muitas vezes nos perguntamos, isso é tudo que há num relacionamento real com Cristo?”
Cada época necessita que o evangelho seja adaptado aos meios de comunicação e à linguagem do contexto social. Caso contrário, estaremos falando num idioma ininteligível. A mensagem cristã precisa ser relevante para as novas gerações, precisa fazer sentido. Contextualização é a palavra de ordem. E isso está absolutamente certo.
No entanto, alguns líderes religiosos estão levando essa contextualização ao extremo. Achando que estão facilitando a compreensão da mensagem muitas vezes acabam diluindo o teor da mensagem. Fazem o extremo avesso daqueles pregadores ferozes e fundamentalistas que despejam veredictos e regras a cada culto.
Numa sociedade que faz da beleza exterior a medida de todos os ibopes, passaram um photoshop no cristianismo. Cortamos mandamentos “difíceis”, aparamos as pontas da doutrina. Mas ficou a graça. Aliás, se me permitem, Jesus ficou uma graça. E só.
O evangelho precisa ser atrativo não por causa de uma relação custo-benefício. Ou porque precisa manter a audiência. Entre outras coisas, precisa ser atrativo para ganhar a confiança de nossa geração que desconfia do autoritarismo, dos milagreiros, da monotonia.
Mas não convém alguém querer ser personal stylist de Deus. Torná-Lo pop e atraente pode resultar numa atração imediata que corre o risco de assemelhá-Lo a um ícone do entretenimento. E isso não é tudo que há num relacionamento com Deus.
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