A Revista Adventista de setembro traz uma entrevista que merece reflexão e ação por parte dos líderes e músicos da igreja. O entrevistado, Edemilson Cardoso, pastor da Capital Brazilian Temple, em Washington DC, diz que precisamos repensar nossos modelos litúrgicos. Ele vê que o caminho para o reavivamento dos cultos passa por uma vida de comunhão e pelo resgate dos elementos bíblicos na adoração. Mas ele não descarta os recursos e formas musicais contemporâneas de expressão.
Transcrevo a seguir alguns pontos da entrevista (especialmente os tópicos sobre música).
Importância da música para a igreja
Na maioria dos reavivamentos pelos quais o povo de Deus passou, o ministério da música foi restaurado. Davi, por exemplo, foi o que reestruturou da melhor maneira possível a adoração do seu tempo [...] Também em períodos como a Reforma e o reavivamento americano no século 19, a música acompanhou a Palavra de Deus e novas músicas foram compostas.
Hinos tradicionais e adoração contemporânea
A hinódia tem sua importância porque nos conecta com o legado da igreja. Porém, temos que abrir espaço para os salmos e cânticos espirituais do nosso tempo. Cantamos hinos de movimentos do passado, que têm valor histórico mas não representam a experiência de hoje. É necessário a atualização constante de hinários, para que eles representem o movimento do Espírito de Deus sobre cada geração.
Música vocal e música instrumental
O pastor Edemilson concorda que a maior valorização da produção vocal, em detrimento do estudo do instrumento musical, limita a adoração na igreja, onde são usados cds e dvds em demasia. Ele diz: Em vez de gastar energia discutindo qual instrumento deve ser utilizado, deveríamos investir esforço e recursos financeiros para treinar jovens instrumentistas.
Remuneração de um ministro da música na igreja
Durante a reconstrução de Jerusalém, os levitas foram reconduzidos ao cargo de músicos. Eles deixaram a agricultura para voltar ao templo a fim de educar o povo na teologia e na música. Qual a importância disso? 1) o músico pode auxiliar o pastor na preparação de programas mais adequados para a igreja, integrando pregação e cânticos; 2) Alguém remunerado pode dar aulas e formar novas gerações de músicos. Quando não se pode ter alguém exclusivo, um ministro de música por Associação poderia educar os voluntários nas igrejas locais, de acordo com a visão bíblica de adoração e louvor.
Formato contemporâneo para a liturgia
É importante que se fale uma linguagem que todos entendam, evitando jargões. A ordem do culto é importante, mas ela não deveria sobrepor-se à adoração. Encontrar o equilíbrio entre formalidade e informalidade é o segredo. [...] Como a questão da ordem do culto não é mandatória bíblica, eu acredito que Deus deu a liberdade de as igrejas entenderem o grupo com que estão trabalhando [a fim] de descobrir como tornar o culto mais relevante para seu contexto.
O lugar da adoração na vida
A adoração é mais do que culto, é um estilo de vida de quem decidiu seguir a Jesus. Não adianta a pessoa passar a semana longe de Deus e procurar compensar esse "déficit" de adoração no sábado. A experiência com Deus não acontece assim. No culto, não apenas recebemos bençãos de Deus, também entregamos a Ele a vida como oferta.
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Nota na pauta: Embora os conteúdos bíblicos sejam os mesmos e a mensagem continue a mesma, a linguagem precisa ser adaptada não a um país inteiro, mas a cada contexto local. Como tornar a velha e feliz história de salvação em algo relevante para gerações nascidas em tempos de ceticismo e entretenimento globalizado? Se estudamos como a internet e os novos meios de comunicação podem ser usados para a evangelização, então a música não pode ser tratada como um acessório, mas como uma ferramenta que precisa ser implementada com estudo e comunhão, que traduza as experiências espirituais do cristianismo contemporâneo, que seja relevante musicalmente e teologicamente para os peregrinos modernos.
Comentários
ministro de música? hummmm!
inovar sim! sem sair das recomendações hein Pastor de Washington... aliás aí nos EUA vale o manual da igreja? ou isso é coisa que tem que ser "superada" hehe
o texto e a entrevista do "pastor de Washington" foram publicados na revista oficial da igreja adventista e não tem a intenção de ser normativo para nenhuma igreja.
ao contrário, ele frisa que cada igreja pode buscar o culto relevante mas equilibrado dentro de seu contexto e dentro de suas próprias espeficidades.
não creio que ele está saindo das tais recomendações e manuais que você invoca.