O cristão não é um ser apolítico. Primeiro, ninguém é apolítico. Todo posicionamento a favor, contra ou muito pelo contrário é um posicionamento político. Segundo, o cristão que verdadeiramente ama a Deus também ama seu semelhante. Isso implica reconhecer sua responsabilidade social.
O pastor Bert Beach escreveu que o “cristianismo é uma religião de comunidade. Os dons e as virtudes cristãs têm implicações sociais. Devoção a Cristo significa devoção a todos os filhos de Deus, o que gera responsabilidade pelo bem-estar dos outros”.
Isso não quer dizer que todo cristão tem que se filiar a um partido político. Além de denunciar estruturas socioeconômicas opressoras, o cristão deve trabalhar para mudar pessoas. O cristão também é um revolucionário. Mas do tipo que apresenta a paz e a vida em Cristo. Ele tem como objetivo mudar o homem. O homem transformado mudará as estruturas sociais de exploração e opressão.
O cristão espera novo céu e nova terra. Enquanto isso, ele trabalha para minorar o sofrimento, a injustiça e a pobreza mesmo tendo consciência de que as dores do mundo não serão curadas definitivamente pelo próprio homem.
Não quero dizer que o cristão não deve entrar oficialmente para a política. O cristão que almeja ou ocupa um cargo público costuma usar o argumento de que até personagens bíblicos atuaram na esfera política, como José, Ester e Daniel. É verdade. Mas eles pagaram o preço por não se corromperem. Quer se candidatar? Então, mais do que ser um cristão político você deve atuar como um político cristão.
Um candidato cristão não deve usar os cultos de sua igreja para a autopromoção. Púlpito não é palanque. O púlpito não merece ser ocupado com outro assunto que não seja a mensagem da salvação em Jesus.
Os candidatos políticos têm suas diferenças ideológicas, e nós costumamos defender nossas preferências políticas. Por isso, gastamos nossa lábia tentando provar que nosso voto é melhor que o dos outros. Alguns irmãos se unem pela fé e se separam pela ideologia. Vão à igreja pela doutrina e deixam até de se cumprimentar por causa de partidarismo. Por isso, esse é um bom conselho: “Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo para fazer como fazeis”(EGW, Carta 4, 1898).
O evangelho é a prioridade das instituições cristãs. Uma coisa é manter um relacionamento respeitoso com as instâncias governamentais. Outra bem diferente é buscar proximidade a fim de obter favorecimento. Tanto a oposição aberta como o apoio oficial à situação acabam atrelando a imagem da igreja a contendas políticas e não à divulgação do evangelho.
O discipulado cristão tem uma dupla missão: anunciar o evangelho puro e simples de Cristo e ajudar a diminuir as necessidades sociais. A igreja desempenha um papel na comunidade, mas não é um comitê de campanha. A igreja busca servir os desfavorecidos, mas não é uma ONG. A igreja pode ter relevância social, mas não pode omitir sua missão na restauração espiritual.
Comentários
muito bom mesmo os artigos (o original e também o teu).
Se a bancada de evangélicos lesse (e praticasse) as advertências/recomendações não teríamos que nos envergonhar tanto (ou ao menos da maior parte dela).
Gosto muito do teu blog e já recomendei a vários de meus amigos e parentes.
Acho que você é abençoado por conseguir demonstrar que é possível proximidade com nosso Deus sem necessariamente termos que nos manter totalmente alheios ao mundo em que vivemos. Mundo que foi criado por Ele e apesar de toda decadência ainda é maravilhoso, não? Mas o mundo que está sendo preparado deve ser bem melhor, não é mesmo?
Fraterno abraço.
PS - Vc está em Curitiba ainda?
Paulo Roberto
Estou em Curitiba.
Abraço.