Foi uma Copa estranha. Craques consagrados refugaram (Cristiano Ronaldo, Messi, Rooney) e novos craques prevaleceram. A Alemanha jogou como artista, o Uruguai jogou como guerreiro e o Brasil como brahmeiro. A Itália foi embora sem ganhar e a Nova Zelândia foi embora sem perder. Foi uma Copa estranha e eis uma seleção de 11 motivos:
1 – Concerto para Vuvuzela: a tolerância para o ruído é diretamente proporcional à sofisticação do gosto musical. Se a Copa fosse na Dinamarca, a vuvuzela seria declarada como um bem cultural ou como uma máquina de fazer surdo? Quando ouço que o som da vuvuzela é “politicamente correto”, eu saco meus tampões de ouvido.
2 – A vingança é um empate que se come frio: 44 anos depois de ganhar da Alemanha com um gol ilegítimo que só o juiz viu, a Inglaterra perde para a Alemanha com um legítimo gol que só o juiz não viu. A justiça ludopédica falha, mas não tarda.
3 – O locutor que não quer calar: a ira tupiniquim contra o locutor mais famoso do Brasil criou uma tag campeã no twitter, o maldoso #calabocaGalvão, que durou o tempo das passageiras empolgações dos tuiteiros. Rouco como estava, o locutor e fumante inveterado precisava é de #compraumapastilhaGalvão ou #paradefumarGalvão.
4 – Um dia de Fúria: o esplendoroso toque de bola da Espanha deixou os adversários na roda, aliás, a chamada Fúria foi a seleção responsável pela roda de bobinho mais longa da história. No carrossel de Xavi, Iniesta e cia., o gol parece só um detalhe.
5 – Um técnico à beira de um ataque de nervos: Dunga gritando, batendo no chão e mordendo o banco foi a imagem de uma seleção com os nervos em frangalhos. O Brasil fez dois jogos na Copa: bestial no primeiro tempo vencendo a Holanda, uma besta no segundo tempo perdendo da Holanda.
6 – Kaká bad boy: conhecido pela tranqüilidade, o craque evangélico xingou (dizem que, na verdade, falava em línguas estranhas), irritou-se com a marcação dura dos adversários e foi até expulso de campo. Tem colega seu que jura que chegou a ouvir Kaká cantarolando o “rebolation” no chuveiro.
7 – Fraternidade zero: com um técnico mal-humorado que convocava os jogadores baseando-se em mapa astral, os jogadores franceses vagavam sem rumo pelos gramados sul-africanos. Então amotinaram-se. Virou caso de Estado. Mas fraternidade não dá jeito em mediocridade e a França foi eliminada na primeira fase. Saíram da Copa assim como entraram: pela porta dos fundos.
8 – A “voz” do polvo...: o polvo paranormal participou profetizando as partidas. Em conversa de fruto de mar, andam dizendo que a diferença entre a Copa e o Brasil é que o polvo acerta tudo e o lula não acerta nada.
9 – Jabulani, a bola que os homens rejeitaram: Forlán, Xavi, Iniesta, Villa, Muller, Özil e Sneijder demonstravam tanta intimidade com a Jabulani que os outros jogadores ficavam enciumados. No começo, muito jogador odiou a bola. No final, estava claro que, em certos casos, a recíproca era verdadeira.
10 – A mão que balança as redes: se os pés dos jogadores não conseguiam domar a Jabulani, o jeito era apelar para as malícias da mão. Henry levou a França à Copa na mão grande, Luis Fabiano, ajeitando a bola no braço, fez o gol ilegal mais bonito das Copas, e o atacante Luis Suarez fez a maior defesa da Copa ao meter a mão na bola e impedir o gol certo de Gana no último minuto da prorrogação.
11 – Novíssimo Dicionário do Futebol: seleção sul-africana: Bafana Bafana; juiz ladrão: Afana Afana; seleção campeã: Bacana Bacana; seleção que perde os nervos: Banana Banana.
Comentários