Nas sociedades antigas, não havia dicotomia entre “vida religiosa” e “vida secular”. A religião ou o trabalho não eram aspectos compartimentados da vida, mas constituíam uma só esfera integrada, holística. Essa é a compreensão na cultura islâmica e também nas religiões de raiz africana. Na visão tradicional judaica, por exemplo, as atividades humanas são realizadas para a glória de Deus e “em tudo” se dá graças a Deus. A procriação, o casamento, a refeição, o sono, o trabalho e o lazer, a música e as leis, são dádivas celestes e oportunidades para se cooperar com a bondade e a justiça divinas. A ética calvinista sublinhava a motivação dos protestantes anglo-saxões do século 18 quanto a trabalhar honestamente, poupar rigorosamente e a divertir-se de maneira frugal. De um certo modo, era uma visão que admitia um forte senso da presença de Deus, que também era um juiz a observar as práticas dos indivíduos e a quem se devia oferecer o tempo e os melhores empreendimentos. ...