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Mostrando postagens de outubro, 2008

Musicologia on-line

Periódicos acadêmicos disponíveis on-line Opus (revista da ANPPOM) Musica Hodie (UFG) Arteunesp Em Pauta (UFRGS) Ictus (UFBA) Per Musi (UFMG) ArtCultura (UFU) Revista Eletrônica de Musicologia (UFPR) Revista do Conservatório da UfPel Sites em inglês Alex Ross: The Rest is Noise Dial M for Musicology Greg Sandow Music and Politics Journal of Religion and Popular Culture IASPM Latinoamerica Música Popular Música Popular (prof/dr Marcos Napolitano) Rise and Fall of Popular Music (Donald Clarke) Núcleo de Estudos 'Mídia Popular e Música Massiva' Discos do Brasil

A Maçã

Samira Makhmalbaf era uma jovem cineasta de 17 anos quando começou a dirigir seu primeiro filme, A Maçã (Sib, 1998, co-produção Irã/França), que apresenta a vida de duas irmãs gêmeas que há anos não tinham contato social. Tanto a mãe, cega e trajando uma burka indevassável, quanto o pai, um pedinte, não permitem que as meninas saiam de casa para brincar ou ir à escola. São os vizinhos, por meio de um abaixo-assinado, que fazem com que uma assistente social venha até aquela casa e dê início a um processo radical de libertação das crianças (por certo as assistentes sociais ocidentais não concordarão com o método usado pela colega de profissão iraniana). A história é real e é vivida na tela pelos seus personagens reais: os pais e as meninas, as quais mal conseguem articular a fala, caminham estranhamente e não sabem como se comportar socialmente. Em entrevista ao jornalista Kleber Mendonça Filho, Samira Makhmalbaf explicou que a história das meninas presas em casa pelos pais ganhou enorm

Valdecir Lima fala sobre música e adoração

Valdecir Lima tem graduação em Línguas Modernas e Teologia na Southwestern Adventist University (Texas, EUA) e é professor de Línguas e Comunicação Aplicada nas faculdades do UNASP (campus Engenheiro Coelho, SP). No entanto, ele é mais conhecido por ser um letrista de raro talento, cuja parceria com os compositores Flávio Santos e Lineu Soares rendeu canções memoráveis (a lista é imensa, mas podemos citar O melhor lugar do mundo , Minha esperança , Falar com Deus , Deus sabe, Deus ouve, Deus vê ). Suas letras apresentam um equilíbrio entre erudição e simplicidade, um inteligente uso de rimas e não perdem a fluência e a clareza de propósitos. Em entrevista concedida à Revista Adventista (edição junho/2008), Valdecir Lima fala sobre questões relacionadas à música e à adoração nas igrejas. A seguir, apresento um resumo dessa entrevista, com meus comentários em itálico . Nos Estados Unidos, denominou-se “gospel wars” o conflito que as igrejas evangélicas têm atravessado quanto às escolhas

A culpa não é do amor

Em Crime e Castigo , Raskolnikov é um niilista com mania de grandeza que mata friamente e depois é tomado do sentimento humano de culpa que acreditava ter exterminado junto com a vítima. Fico pensando se a elite de negociação paulista não esperou que o seqüestrador da moça Eloá incorporasse Raskolnikov e que ele, não suportando mais os reclames da consciência, rumasse pacificamente para os braços do Pai-Estado. Esqueceu-se, porém, que na história de Dostoiveski, o personagem primeiro mata e só mais tarde é que se entrega devorado pelo remorso. No entanto, uma sucessão de gestos tresloucados começou desde que Lindemberg, o rapaz acometido de ciúme doentio - e como todo ciúme, mesmo o “saudável”, já carrega o vírus da loucura passional -, tomou Eloá como refém, como que obrigando a garota a sentir os mesmos carinhos que outrora nutriram mutuamente. Esses moços, pobres moços, ignoram que o coração das adolescentes é um passarinho que desde antes do orkut não tem gaiola que prenda por mais

Eleição sem salvação

O que será que anda nas cabeças, anda nas bocas e andam falando alto pelos blogs? Além da crise financeira, fala-se nas eleições americanas. Há um videoclipe que circula na rede (via blog do jornalista Michelson Borges ) que mostra a semelhança nos discursos de George W. Bush e John McCain. O vídeo é editado meio no estilão do cineasta Michael Moore, ou seja, edição rápida e nada imparcial, e mostra como presidente e candidato republicanos estão bem ligados. Embora a postura pública de Barack Obama tenha catalisado a atenção das mentes arejadas, é seguro mesmo não olhar os candidatos como salvadores da pátria. Aliás, chega de messianismo eleitoreiro, não é mesmo? Leia a seguir trechos da matéria de Idelber Avelar (Tulane University) para Agência Carta Maior (seguido de meu comentário): "Os últimos dias da campanha de John McCain foram de um tremendo vai-e-vem: a chapa partiu para ataques a Obama por suposta associação com alguém que foi terrorista quando ele tinha 8 anos de idad

Vivendo el gospel loco

Coluna de Daniel Castro, na Folha de São Paulo : "As novelas da Record Os Mutantes e Chamas da Vida trazem em suas trilhas sonoras músicas de Mikefoxx, misterioso cantor de pop. Mikefoxx é a identidade secreta de Moisés Macedo (foto via PalavradeVida) , filho caçula do bispo Edir Macedo, dono da Record e líder da Igreja Universal. "Moisés só é conhecido como cantor gospel, mercado em que se apresenta como Moysés. Está prestes a lançar seu terceiro CD pela gravadora da igreja. "Diretor musical da Record, Marcio Antonucci sustenta que Moisés não é obrigado a cantar gospel, embora demonstre gostar mais de pop - no primeiro CD religioso, gravou uma versão evangélica de hit do Aerosmith. Diz que ele só não assina como Moysés porque acha Mikefoxx mais comercial . Ele tem uma banda de rock nos Estados Unidos e usa o nome de Mikefoxx , conta. "Em Os Mutantes , Moysés, ou Mikefoxx, emplacou "Amor de Sedução", baba com pegada trance que lembra o tecnopop de FM do

Everybody loves iPod

O que há de novo debaixo do sol, ou pelo menos debaixo do teto do ônibus? Gente, muita gente, cruzando ruas e calçadas, esperando no ponto dos coletivos ou circulando pelos corredores dos shoppings com fones nos ouvidos. Cada um está com seu aparelhinho tocando seu download preferido, sem olhar nem conversar com ninguém. Não que antes conversassem. Ao contrário, nos coletivos o silêncio era constrangedor (ou então se suportava resignadamente a conversa dos outros). É que agora está cada um no seu quadrado, ou melhor, cada um no seu mundo particular e musical. Claro que, na primeira consulta ao médico, essa democratização tecnológica não poderia ir muito longe, sendo uma das conseqüências a ocorrência de um insistente zumbido nos ouvidos. Como para quem sofre com zumbido auditivo não há nada pior que o silêncio, que é quando o zumbido se destaca na paisagem sonora, então se põem de volta os fones num interminável ciclo de auto-ensurdecimento. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de

Música na escola: quem será o professor?

Palavras do presidente da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), Prof. Dr. Sergio Luiz de Figueiredo, sobre a aprovação da Lei n. 11.769, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de música na escola: "Com relação à nova lei, existe um desapontamento por parte de muitas pessoas em função do veto ao parágrafo que incluía a necessidade de professores com formação específica para a área de música. O segundo parágrafo do veto parece lógico, na medida em que nenhuma área tem esta indicação na LDB, o que seria um precedente dentro do que diz a lei para todas as áreas do currículo. O problema foi o primeiro parágrafo do veto que estabelece uma grande confusão, já que menciona o artigo 62 da LDB, que trata da formação em nível superior em curso de licenciatura para atuação na educação básica, e ao mesmo tempo considera a possibilidade de pessoas sem titulação poderem atuar na escola com a área de música. "(...) O que vale é a lei e não o veto. Isto quer dizer que nós hoj

Por falar em música e religião

Amigos e links me contam sobre o português Daniel Spencer que está no Brasil conduzindo palestras relacionadas à música, cinema e TV e sua influência nas atitudes humanas. Eu o ouvi em uma gravação de áudio (mp3) : Spencer sabe destacar os pontos essenciais e é bem-humorado. Mas talvez já exista uma certa fadiga do público mais escolarizado quanto a palestras dessa ordem, considerando que, em geral, muitos palestrantes abusam de chavões, tom de voz exaltado e interpretação canhestra dos exemplos de áudio e vídeo. Mas há alguns pontos abordados em palestras sobre música e religião que quero comentar nesse espaço. Estendendo tais pontos para além do simplismo habitual e da falta de acuidade histórica e musicológica, e ainda sem criticar especificamente fulano, sicrano ou mascherano, quero abrir o debate. 1) A música religiosa e secular dos negros nos EUA do século XIX : há palestrantes que ignoram o contexto histórico do surgimento do pentecostalismo e do desenvolvimento da música af