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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

o Oscar é uma piada ruim

O que esperar de um show em que as pessoas vão ao teatro Kodak para escolher o melhor filme? Que seja mais do que um trocadilho ruim. É curioso como americano consegue fazer filmes divertidos a partir de um fiapo de história (e histórias repetidas) mas não consegue tornar a cerimônia do Oscar interessante. Talvez aí esteja o problema: ou é uma cerimônia ou é divertido. As duas coisas juntas são tão inconciliáveis como "suaves prestações", "paz no Rio", "Corinthians campeão da Libertadores", etc. Ruim: as piadinhas dos apresentadores são fracas. Pior: você tem que ser brasileiro e assistir as piadinhas do Oscar na voz marcante da tradução simultânea da TNT. Muito pior: você ainda tem que ouvir os comentários pertinentes de José Wilker (Globo) e Rubens Ewald Filho (TNT). Pelo menos ainda não tem os comentários do craque Neto. Nesse ano, o Brasil concorreu com o documentário Lixo Extraordinário . Com esse título, eu não sabia se era só um filme nacional

ventos de liberdade nos países árabes

Tunísia, Egito, e agora Argélia, Iêmen, Líbia, Bahrein. Os governos ditatoriais estão caindo como um dominó. Os habitantes desses países estão aprendendo que, se gritar "pega ladrão", não fica um, meu irmão. Ladrões de liberdades civis, geralmente também acusados de rapinar o tesouro público, as dinastias familiares e políticas vêm enfrentando o protesto popular. Estamos vivendo um "1989 árabe"?  Sim, ao que tudo indica. Assim como o ano de 1989 foi o estopim da derrubada dos governos comunistas no Leste europeu, 2011 começa com a derrocada dos governos autoritários dos países do Norte da África e do Oriente Médio. Não se sabe quantos países vão aderir a esses movimentos. Mas a história ensina que esse processo funciona como um rastilho de pólvora que, uma vez aceso em algum lugar, segue disparando o desejo de liberdade e incendiando a queda de governos antidemocráticos. Sabe-se, porém, que as mudanças não são operadas pacificamente. As transições para a democracia

o aplauso e a vaia

O mundo da arte está cheio de espectador que se deixa levar pela aparência e acaba aplaudindo rótulos estabelecidos e descartando novidades. Seu julgamento fica preguiçoso e com ele só os grandes vultos da história têm vez. Por isso, escrevo-lhes essas parábolas pequenas, essas fábulas menores de moral mínima para correção dos gostos e justiça dos desprezados: Durante um concerto, um pianista tocou uma peça do desconhecido Agostinho da Silva e outra do amado imortal Ludwig van Beethoven. A plateia, como são todas as plateias em todas as salas de concerto, era formada por três tipos de gente: os iletrados que batem palmas entre os movimentos de uma peça, os esnobes que fazem "shhhh" para quem aplaude na hora errada, e os deficitários de atenção que perderam a conta de quantos movimentos já foram tocados e esperam os outros aplaudirem primeiro. Acontece que o pianista inverteu a ordem das peças. Tocou a música de Beethoven primeiro. E o público, ouvindo como se fosse de Agos

a Palavra e a música

Calmo, sereno e tranquilo , Portas abertas , Autor da minha fé . Canções do grupo Logos que viraram clássicos da música cristã. Em entrevista à Cristianismo Hoje , o pastor, cantor e compositor Paulo Cezar da Silva fala sobre a igreja, o mercado musical e seu próprio ministério de mais de 30 anos: "A música cristã não pode abrir mão do conteúdo bíblico". CRISTIANISMO HOJE – Você é um dos nomes mais conhecidos da música cristã brasileira, tendo acompanhado de perto sua evolução nos últimos 30 anos. O que mudou para melhor e para pior ao longo desse tempo? PAULO CEZAR –  Para melhor, acho que mudou a qualidade técnica. A evolução dos músicos, dos estúdios, dos instrumentos e do som é perceptível. As chances de alguém gravar e fazer um bom trabalho, hoje, são muito maiores do que antes. O que mudou para pior, com algumas exceções, foi o conteúdo, tanto do que se produz como do objetivo com que se canta. Atualmente, a chamada música evangélica, ou “gospel”, está sendo atacada

vivendo a música e a vida

O terror do escritor é a folha em branco. O terror do intérprete musical é a folha cheia de pontos pretos. Pianistas, violinistas, trompetistas, cantores, enfim, estudantes e concertistas em geral, todos procuram a melhor maneira de interpretar a música, de transformar em som aquele punhado de linhas e pontos pretos. E tudo começa bem antes de entrar no palco: 1) Escutar Estamos tão ocupados em aprender a tocar que não paramos para escutar o que tocamos. É bom ouvir os grandes mestres tocando. Mas é melhor ainda escutar a si mesmo. Não para vangloriar-se, mas para sondar sua própria interpretação, perceber falhas, autocriticar os defeitos. Daniel Barenboim:   A arte de executar uma peça  musical é a arte de tocar e escutar ao mesmo tempo . 2) Ler Partituras musicais fazem suas exigências particulares para entrar no palco. Mas há muito músico que passa por cima do que está escrito e enche de pedal romântico as peças renascentistas ou ponteios brasileiros,  acelera onde é lento, faz ru

Ronaldo: fenômeno pela própria natureza

Do diminutivo Ronaldinho ao superlativo Fenômeno, Ronaldo passou por zagueiros e lesões com a mesma tenacidade e espanto. A alcunha de "Fenômeno" nasceu da constatação de que Ronaldo, ao marcar tentos incríveis, ao desconcertar zagueiros com sua ginga, ao invadir a grande área com assombrosa velocidade, era um atleta extraordinário, a legítima manifestação de uma força da natureza, enfim, um fenômeno. Campeão do mundo aos 17 anos, vice-campeão aos 21, de novo campeão mundial aos 25, maior goleador em Copas do Mundo com 15 gols aos 29 anos. Já as cifras pecuniárias são um capítulo à parte. Bem como os casamentos fracassados (sorte no jogo,...). Eis um Fenômeno do futebol, da conta bancária, da mídia. No entanto, é sua história de vida que atesta que estamos diante de um fenômeno. Sua trajetória dentro e fora de campo é cercada por aqueles fatores que, se acontecem num livro ou num filme, chamamos de "excesso de ficção", ou de "forçar a barra". Descontando

a igreja que virou fã-clube

Sem muita resistência, o mundo gospel não escapou da correnteza avassaladora do fenômeno da celebridade na cultura moderna. Assim, o marketing da indústria fonográfica gospel procura gerar uma identificação do público com o cantor de uma forma semelhante ao modo de construção de mecanismos de comunicabilidade da mídia secular: a divulgação do CD/DVD que ressalta o sucesso do artista, competições e eventos que premiam os "melhores do ano", a promoção de tarde de autógrafos ou de visitação aos bastidores, programas de TV e revistas evangélicas que mostram casamentos, aniversários e a própria casa dos cantores gospel, e assim por diante. Para Neal Gabler, autor do livro  Vida, o filme , o culto à celebridade está substituindo a religião organizada e a própria religião tem se adaptado aos novos tempos ao assimilar a cultura do consumo e empregar estratégias similares às da comunicação midiática secular. Mesmo que os artistas gospel autointitulem-se “levitas” ou “ministros”

o medo de napoleão diante do pênalti

1998. O Stade de France nunca esteve tão lotado. Desde a queda da Bastilha não se via tanta gente nas ruas. Nunca antes na história das revoluções uma seleção francesa chegara a uma final de Copa do Mundo. Por isso, até o mais empedernido existencialista e o mais cético descontrucionista acreditavam que o time francês triunfaria napoleonicamente sobre a seleção brasileira. Yes, oui can ! Os apólogos do patrimônio lingüístico francês achavam que a vitória estava prenunciada na simples escalação. Um time com nomes tão sans-culotte como dunga, bebeto, cafu e junior baiano jamais poderia vencer uma seleção de nomes tão plenos de finesse et elegance como Laurent Blanc, Marcel Desailly, Fabian Barthez e, claro, Zinedine Zidane. Começa o jogo e, logo no primeiro escanteio, Zidane pula e dá com a cabeça na cabeça schwarzeneggeriana de Dunga. A bola escapole para os pés de Ronaldo, que dispara fulminante em direção ao gol francês e marca. Brasil 1 x 0 França. A França pressiona. Allons enf

quem está frio: o louvor ou o cantor?

Quantas vezes você já disse que os momentos de adoração musical na sua igreja têm uma temperatura que varia entre morno e frio? E quantas vezes você ouviu uma resposta rápida lhe dizendo que isso é “só falta de Jesus no coração do povo”? De uma forma geral, a adoração precisa ser mais calorosa? Sim. O povo vai à igreja sem espírito de adoração? Também. Aliás, eleger a mornidão da adoração e da comunhão pessoal como únicas responsáveis nos leva a um beco sem saída: a adoração é fria por causa do povo ou o povo é frio por causa da música? Respondo: nem a rigidez do serviço de louvor nem a frieza espiritual da congregação são “culpados” isoladamente por essa situação . Mas a adoração pode estar sem vigor na sua igreja por causa da forma como o louvor está sendo conduzido. Muitas vezes, as igrejas têm tentado tapar o sol da desorganização com a peneira do serviço de “cânticos”. E aí é um tal de “enquanto o culto não começa, vamos cantar o hino ...”. É verdade que, às vezes, há uma emer

revoluções por minuto e por música

No século XIX, durante os movimentos e conflitos que visavam à unificação dos pequenos Estados italianos sobre uma bandeira única do reino da Itália, os partidários da união grafavam “Viva Verdi” nos muros. O que parecia só uma homenagem ao compositor Giuseppe Verdi, era um acróstico revolucionário que queria dizer “Viva V ittorio E manuele R e D i I talia”. Os músicos que usavam sua arte para protestar contra regimes de opressão, se não escapassem para outro país, raramente escapavam da morte, como o músico e ativista político chileno Victor Jara, que teve as mãos esmagadas por coronhadas e foi executado em 16 de setembro de 1973 no antigo Estádio do Chile (hoje Estádio Victor Jara) pela ditadura do general Pinochet. A também chilena Violeta Parra, dos versos líricos de “Gracias a la vida”, escreveu versos duros como os de “La carta”: Os famintos pedem pão; chumbo lhes dá a polícia . Quando impedido de protestar de forma direta, o jeito é metaforizar para provocar o governo autorit