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Mostrando postagens de setembro, 2007

Fábulas Menores de Moral Mínima

A atuação dos parlamentares brasileiros é coisa de fábula. No entanto, sinto frustar leitores interessados em colher boas lições para sua vida terrena, já que a história política parece sempre terminar com uma moral mínima. Atualização em novembro/2009 : a primeira fábula, para refrescar a memória, é sobre as histórias contadas pelo senador Renan Calheiros para desmentir as denúncias de seu enriquecimento agropecuário. A segunda é da época em que o barbudo Lula e o bigodudo Sarney estavam às voltas com os quarenta deputados acusados de envolvimento com o tal mensalão, enquanto o careca e casado Renan Calheiros envolvia-se com uma jornalista. A VAQUINHA MÁGICA No dia em que Joãozinho saiu da periferia pra vender a única vaquinha da família, mal sabia que ia virar fábula. Ao chegar à feira agropecuária da cidade, o menino logo viu outro menino, e sabe-se que os meninos dessa idade sempre acham outros meninos com sua idade. Os dois começaram a brincar e, bola vai bola vem, os meninos dess

NOVO TOM - parte 1

Assim como os corais jovens dos colégios, a proposta do Novo Tom sugere, tanto quanto possível, uma aproximação da juventude por meio da linguagem musical do jovem moderno. Há críticos que desestimulam essa proposta, temendo uma demasiada associação com os estilos musicais da moda. Porém, esquecem que as igrejas costumam adotar a Bíblia na versão Linguagem de Hoje como um modo de estimular a leitura das Escrituras, mesmo com o risco de mal-entendidos que se apresentem nessa versão facilitada (em que a linguagem poética desaparece do livro dos Salmos). Dizem que a proposta musical do Novo Tom pegou a corrente do pragmatismo musical em curso na modernidade. Ao lado do pragmatismo retórico do cristianismo atual, o grupo teria cedido ao "vale-tudo" a fim de falar do evangelho para a juventude moderna. Entretanto, esse argumento de exagerado pragmatismo é uma falácia sem tamanho, pelo menos quando se trata do grupo Novo Tom. Uma das correntes do pragmatismo religioso pós-moderno é

NOVO TOM - parte 2

Retomando o que falei sobre pragmatismo musical no 1º texto sobre o grupo Novo Tom, vejamos como o grupo lida com essa questão em suas músicas. Não entrevistei seu diretor musical ou o letrista, mas acabei identificando por minha conta e risco os sinais do pensamento evangelístico-musical do grupo nos arranjos e no repertório do CD Pode Cair o Mundo ... Focando em dois aspectos: 1) a particularidade vocal do grupo; 2) a aproximação com a linguagem musical urbano-contemporânea. A qualidade vocal dos componentes do Novo Tom é incontestável. A base vocal feminina (Riane Junqueira, Joyce Carnassale, Lanny Soares) que acompanha o grupo desde que este se chamava Tom de Vida por certo contribui para a singularidade sonora identificável do Novo Tom. As cantoras do grupo possuem uma característica vocal sem excesso de vibratos, com timbre moderno e energia nos agudos – nada de soprano lírico corolatura, ufa, ainda bem. As vozes masculinas me pareceram determinadas pelo estilo anasalado na dicçã

ELVIS E O GOSPEL: Elvis além da pélvis

No ano em que a morte de Elvis Presley completa 30 anos, fãs e crítica relembram as principais marcas que Elvis teria deixado na música e na cultura do século XX. Mas eu gostaria de lembrar aqui uma faceta do “rei do rock” bem menos conhecida que seus filmes em Acapulco, suas canções românticas ou a proibição de filmar os seus rebolantes quadris no programa de TV de Ed Sullivan no início da carreira. Aliás, os requebros da “pélvis de Elvis” foram um fator nada descartável para sua ascenção meteórica. A voz absolutamente marcante, os cabelos cuidadosamente desalinhados, o repertório quase recatado se comparado à fúria libidinal das canções de Jerry Lee Lewis e Little Richards, quase tudo seguia uma construção publicitária perfeita comandada pelo “Coronel” Tom Parker, como apelidavam o empresário de Elvis. Os americanos sempre demonstraram afinidade com o gospel gravado por artistas não-religiosos. Por exemplo, nos anos 1950, Tennessee Ernie Ford gravou álbuns que estão entre os dez mai

ADORAÇÃO: pragmatismo, esteticismo e missão

Na dinâmica do mundo moderno há uma pergunta sempre recorrente: como tornar o evangelho de Cristo pertinente para a “sociedade do espetáculo”, para uma juventude bombardeada por um fluxo incessante de imagens e signos atraentes e de claros estímulos não-bíblicos? Para atender às expectativas modernas, muitos líderes e músicos cristãos inserem-se na corrente do pragmatismo. Ou seja, usam novas estratégias, empregam novos meios para alcançar os velhos fins – entenda-se “velhos fins” por tentativa honesta de divulgar a mensagem cristã, mas também por velhas finalidades de enriquecimento através da boa-fé alheia. Não obstante, segundo Wolgang Stefani, “ninguém pode duvidar da sinceridade daqueles que advogam essa abordagem [o pragmatismo], nem depreciar sua ‘utilidade’ e ‘resultados’ (aspas do autor), e deve-se considerar seus resultados significativos ( Música Sacra, cultura e adoração , 2006, p. 13). Calvin Johannson aponta falhas mais sérias na abordagem pragmática, como: 1) a de

Deus na linha de fogo

A temporada de caça à religião está aberta. Na vanguarda ateísta estão Christopher Hitchens e Richard Dawkins. Na linha de fogo está, principalmente, o monoteísmo religioso e sua figura mais célebre: Deus. Mas, o que querem os cientistas-filósofos-ateístas-evolucionistas mesmo? Os disparos do front da tropa de elite da “Razão” têm três destinos: 1º- Deus : a filosofia pós-Kant e a ciência pós-Darwin partiram do benefício da dúvida – Deus realmente existe? - para a certeza irretratável – Deus não existe! Se as especulações filosófico-racionalistas procuram excluir o sentido de Deus da existência humana, as elocubrações do naturalismo-evolucionista atribuem a existência de Deus a um delírio do sentido humano. Daí, surgem variantes de uma espécie de “sociologia evolucionista” que tem todas as respostas, inclusive as psicológicas, para o comportamento das comunidades humanas, capaz de explicar desde a milenar preferência feminina pela cor rosa até, claro, a fé religiosa; 2º- Religião : s