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Mostrando postagens de setembro, 2011

to buy or not to buy: eis a questão da ExpoCristã

Todo ano surge o mesmo conflito sobre a ExpoCristã. É mercantilização dos bens religiosos simbólicos? Ou é simples comercialização de bens religiosos de consumo? Entre Deus e o mercado, entre a cruz e o chaveirinho evangélico, entre a Bíblia e a capa zebra-style de Bíblia, os evangélicos se perguntam: to buy or not to buy? (comprar ou não comprar, Hamlet perguntaria se, em vez de dinamarquês e com um crânio na mão, fosse um crente com cartão de crédito estourado).     1.  A ExpoCristã é mercantilização da religião? A expansão do mercado gospel é acompanhada do aumento do poder de consumo das classes populares no Brasil e, claro, pelo grande número de igrejas neopentecostais. Há uma demanda dos consumidores religiosos por produtos que não apenas tragam conforto ou conhecimento espiritual, mas também por produtos que afirmem sua identidade evangélica (camisetas, sandálias, acessórios, todos com slogans evangélicos). O professor Leonildo Campos, em  Templo, Teatro, Mercado

ministérios de música em ação

As recentes observações, e também conversas informais, sobre a música dos adventistas no Brasil, objeto de minha pesquisa na UNESP, me levam a perceber uma crescente preocupação quanto à qualidade do louvor congregacional durante os momentos litúrgicos. Como diz o música Ronnye Dias, entrevistado pela Revista Adventista (set/2011), há uma necessidade de maior qualidade na ministração do louvor nas igrejas. Ronnye Dias tem passagem por várias instituições adventistas, e foi contratado pela sede administrativa paulistana da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), no fim do ano passado, para trabalhar no Ministério da Música da Associação e como ministro de louvor da IASD Nova Semente. Recentemente, Ronnye Dias colaborou com o projeto Vida e Louvor , dirigido aos líderes e músicos da IASD na Região Centro-Oeste. O projeto visa ajudar os responsáveis pela adoração musical nas igrejas locais. Entre os pontos estudados, os participantes aprenderam sobre liturgia, funcionamento do min

inverno da alma

Durante um ano e meio, trabalhei como arte-educador no Programa Atitude, um projeto que atuava em áreas urbanas de risco social, como o bairro Independência, em São José dos Pinhais (área metropolitana de Curitiba), local dos mais altos índices de miséria e violência. Percorrer as vielas entre os barracos e casas degradadas, convidar as crianças para as aulas de música, convencer os adolescentes seduzidos pelo dinheiro rápido do tráfico de drogas a abraçar os projetos de ensino e emprego, visitar escolas públicas de sala em sala divulgando o programa, tudo isso foi um mergulho numa realidade tremendamente complexa. Lembro de um adolescente que agarrou sua chance de dar aulas de violão para os colegas de sua comunidade. Ele decidiu dar a si uma nova chance e me dizia que agora queria algo melhor para sua vida. Ser íntegro quando os colegas não compartilhavam de sua integridade: uma escolha nada fácil. O que estou escrevendo tem a ver com Inverno da Alma (2010), filme qu

pés descalços, olhos no céu

O compositor Heitor Villa-Lobos regeu um grupo de instrumentistas durante a famosa Semana de Arte Moderna, em 1922. Naqueles dias, um punhado de poetas, artistas plásticos e intelectuais se reuniu para manifestar sua desaprovação à tradição artística clássica que restringia sua liberdade de expressão. E mais ainda: demonstrar seu total repúdio a quem buscava imitar e macaquear a cultura estrangeira, em vez de deglutir antropofagicamente o estrangeiro e criar uma versão tupiniquim, com as caras do Brasil. Eles ansiavam por uma arte de características tipicamente nacionais. Tupi or not tupi? , bradava Oswald de Andrade. Villa-Lobos se apresentou descalço durante um dos concertos. Foi o sinal para ninguém prestar atenção na obra, na regência, na música. Talvez só se falasse do maestro regendo descalço. Os tradicionais acharam um desrespeito. Os modernistas vibraram com o ato. Posso até imitar a prosa exaltada e hiperbólica dos modernistas e supor que eles reagissem assim: “Villa-L

seis previsões para o futuro da música

Marshall MacLuhan escreveu que o surgimento de novas tecnologias é capaz de gerar novas sociedades. E o fato é que estamos presenciando o acelerado aparecimento de aparelhos e acessórios, gadgets musicais que proporcionam mudanças no comportamento individual e social. Não por acaso, a  Revista Auditório publicou uma recente palestra feita pelo professor e escritor Jacques Attali, especialista em economia da cultura, em que falava sobre o futuro da música. Elaborei subtítulos para o resumo de suas previsões, que você lê a seguir: A democratização da atividade artística : "Em pouco tempo, todo mundo sonhará em ser artista, e cada um poderá sentir prazer em tornar-se um. Os lucros serão obtidos sobre os objetos que possibilitam esse consumo. Dos iPods que permitem escutar seleções musicais personalizadas, passar-se-á a objetos capazes de compor misturas criativas, para depois compor a própria música. A venda de meios para tornar-se um artista irá constituir a maior parte do comér