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Mostrando postagens de 2007

Djingo béus pra você também!

Entre as mais bizarras adoções culturais brasileiras certamente está o Natal com pinheirinhos, renas, trenó, meia na lareira, e claro, a esdrúxula e escalafobética figura de um velhinho obeso e rosado e risonho vestido de vermelho e branco e calçando botinha Carla Perez. Nessa altura, a criançada já não tem mais tanta empatia com o bom velhinho e sabe de sua origem pelas mãos lucro-criativas da Coca-Cola. O que, a bem da verdade, fez perder um bocado da graça que o Santa Claus tinha por essas bandas. Este mesmo escriba hyperlinkado que lhe atazana o fim-de-ano possui uma foto de infância com figurino e barba noelinas, sabe-se lá a peso de que chantagens... Ex-habitante da Lapônia, eis que a indústria da publicidade natalina espalhou o rechonchudo presenteador por quase todos os rincões do planeta (se alguém souber de um Noel palestino, me avise), o que faz a gente pensar como será o Natal e o Papai Noel na Etiópia, no Pantanal, etc. Na Venezuela, o único adulto com gorro vermelho ainda

Troféu MAXIGOIABINHA de 2007

Do troféu MaxiGoiabinha: dá pra levar a sério uma companhia aérea que rende 1 bilhão de dólares a cada irmão Constantino e cujo cardápio dos passageiros é uma barra de MaxiGoiabinha? A TAM e a GOL poderiam fazer melhor, todos sabem. Mas ao distribuírem aquela rala barrinha de cereais, estavam sinalizando o tratamento que dariam aos passageiros durante o ano. O MaxiGoiabinha também representa o ridículo da situação para uns (comer aquela barra grudenta sem Corega Taps é um risco) e o sinal dos novos tempos para outros (todos os passageiros podem exercer democraticamente sua cidadania e partilharem juntos da ceia aérea com resignado bom-humor). Desde já, não ofenda quem lhe injuriou nesse ano, não lhe jogue uma torta no rosto. Só lhe dê gentilmente um MaxiGoiabinha. Veja algumas categorias do Troféu MaxiGoiabinha e depois participe da nossa enquete: Música : quando o último disco lançado não vende mais como antes, é hora de usar a seguinte tática: a banda pode anunciar que já é tempo de

American Brega

Apesar dos avisos da crítica, tive que assistir a Dreamgirls por uma razão acadêmica. Após o “the end” do filme, fiquei pensando porque raios me recomendaram vê-lo. Talvez eu tenha me confundido e quem me receitou esse filme era um sádico querendo que eu experimentasse uma sessão (da tarde) de tortura, ou um dos doutores da alegria tratando meus humores com essa comédia involuntária, ou era apenas uma prova de paciência que me ensinasse a suportar biblicamente a leva de canções ruins do filme. Torturado pela chatice do enredo, rindo dos sérios intérpretes musicais e suportando a monotonia das canções. Explico. Quando o filme começa, somos pegos pela fotografia de cores fortes e pelo enquadramento do show mostrado. Porém, a seguir, percebemos que quase todas as cenas cantadas têm a mesma obsessão por cores berrantes (principalmente com aquela luz azul sobre o intérprete). A história, bem, que história? Os eventos se sucedem com elipses mal-feitas que tentam explicar as decisões dos per

Kaká e a religião do futebol

Se a guerra, segundo Clausewitz, é a continuação da política por outros meios, o futebol seria o prosseguimento da religião em nosso meio. Noves fora a politicagem contumaz que assola a organização desse esporte no Brasil, o futebol pode ser explicado como a religião com o maior número de fiéis no país. Se o futebol é a religião, os times são as múltiplas denominações. Com a diferença de que o crente vai de uma denominação a outra, enquanto não se conhece quem troque de time com a mesma facilidade. Aliás, diz-se que o torcedor pode trocar de religião, de cônjuge e até de sexo, mas nunca trocará de time. Assim como a maioria dos religiosos pouco se dá ao trabalho de conhecer a história de sua igreja ou estudar a fundo suas doutrinas, o torcedor (e boa parte dos jogadores também) mal conhece a história do esporte, suas regras ou seus direitos. No máximo, sabe de cor a escalação de um grande time do passado. Em geral, o torcedor fanático age como um fundamentalista religioso: ele logo esq

da música, aos músicos

Para quem, esse ajuntado de palavras? Para quem, esses louvores terrenos? A quem se destina a estrofe pequena? A quem, tal destempero de versos? Às doze notas que mal aprendi Às mil vozes que escutei À canção que me balança a rede À música que, mesmo quando o timbre é amargo, Mesmo quando a paga não recompensa, Me faz querer possuí-la na beira do ouvido, Na ponta dos dedos, na margem da voz Música não existe por si Não é um ser não-gerado Não é uma deusa incriada A música precisa do músico para ser. Mas ele não diz: Haja música. Fica ali, na indecisão, entre o som e o silêncio, pois quer bem a ambos Tudo o que ele toca vira música Mesmo que chamem de barulho Por isso: Aos descobridores de melodias Aos que com notas de afeto desatam os nós escuros da alma alheia e me fazem sorrir numa unhappy hour Aos desafinados de bom coração Aos desvalidos da canção reprimida Aos festeiros da bossa triste Aos amuados do acorde feliz Aos que têm escala mas não têm

Cap. Nascimento: nascido para matar?

Fascista, apólogo da tortura, defensor do estado policialesco. De todos esses nomes o Capitão Nascimento (em foto menos badalada ao lado) , personagem do filme Tropa de Elite , já foi chamado. A crítica se dividiu. Uma parte enxergou o ditador Mussolini como diretor do filme, dada a sua suposta justificação da supressão de direitos pelo Estado. Outra parte concordava com a crítica do filme ao filósofo Michel Foucault e sua classificação do aparato ideológico do Estado. Que lado está certo? Há um lado certo, pelo menos? Os que chamaram o filme de fascista demonstram desconhecer o que é arte fascista, segundo seus opositores. Qualquer arte subvencionada pelo totalitarismo, seja fascista, nazista, maoísta, revelaria um fascínio pelo exibicionismo físico, um apelo ao nacionalismo e um culto à personalidade. Porém, esses três fatores conjugados estão muito mais reforçados em filmes como Coração Valente , 300 ou qualquer patriotada protagonizada por Chuck Norris e Sylvester Stallone nos anos

A Finlândia não traz felicidade

Você acredita que alguém sairia correndo ao término da leitura de Os sofrimentos do jovem Werther , de Goethe, e se atiraria do Viaduto do Chá-SP? Já é difícil acreditar que haja alguém lendo Goethe hoje em dia, mas arrazoemos um tantinho. Na época do lançamento do livro do grande autor alemão, houve leitores que se identificaram tanto com o jovem Werther que começaram a deixar cartas de despedidas e se lançaram para fora desse mundo de meu Deus. Uns preferiram lê-lo e depois guardá-lo na estante, mas aqueles outros, não. Tinham que conservar-se “incontaminados”, tinham que morrer belos e jovens. Isso seria um lema do romantismo mórbido: “morra jovem, viva para sempre”. James Dean, Marilyn e muito roqueiro levou a frase a sério, em vez de guardá-la na estante ou devolver o livro emprestado que a continha. Sabe-se que os leitores de Paulo Coelho e Danielle Steel não chegariam a tanto por causa da barafunda de idéias que leram num livro. Eles terminam um capítulo, ou no máximo viram algu

O ano em que meus pais saíram de férias

Alvíssaras! Um filme nacional conseguiu o feito de ser exceção no reino dos filmes dominados por criancinhas com uma frase sempre pronta e genial na língua, com adultos sempre como vilões e castradores, com vovôs sempre doces e gentis, com engodos históricos. O filme O ano em que meus pais saíram de férias , de Cao Hamburger, reúne o habitual temático do gênero (criança forçada a amadurecer em meio a um evento da história, no caso, a ditadura militar), mas trata os temas com rara delicadeza. No filme, um menino é deixado pelos pais na casa do avô dizendo que vão sair de férias e não podem levá-lo. Na verdade, os pais são alvos da perseguição política promovida pelo governo militar e precisam se esconder. A história se passa durante a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil de Pelé, Tostão, Gérson e Rivelino (este, sim, um quadrado mágico) sagrou-se o primeiro tricampeão de futebol. Não preciso contar a história do filme. Basta dizer que a paixão do garoto por futebol, a sua convivência

Fábulas menores de moral mínima - 2

Outro dia descobriram uma falcatrua laticínia, mas cá pra nós, num país que engole chiclete com banana, não espanta que se tome leite com água oxigenada. E não foi só o Latino e a Marta Suplicy que tomaram, viu? Foi o Brasil inteiro, de Rosane Collor aos roteiristas de programas infantis, de Galvão Bueno às apresentadoras de programas infantis. Hoje, quando se vê a horda de mães passando pelo buraco da agulha pra pegar o melhor lugar para suas filhinhas no show do RBD, vem a pergunta: as donzelas e futuras mamães já tomavam leite oxigenado nos anos 80? É isso ou elas estão apenas colhendo o que plantaram, ou seja, quem com Menudo fere com RBD será ferido (a prova está nesse link). Não é à toa que passamos por uma indigência musical aterradora. A pagodização dos anos 90 deu cria e a trilha sonora do início do milênio são os musicais da Broadway adaptados, a insipidez de Vanessa Camargo, o eterno último show de Sandy e Junior, os uivos de Daniel e a volta daquele que nunca foi: Belo. Se

Everybody loves Ricardo Teixeira

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. Isso é bom, ruim ou muito pelo contrário? Entreouvido numa conversa dentro de um ônibus: “Pra quê o Brasil vai gastar construindo estádio se nem tem hospital público decente?”. Auscultado no cérebro do pensador em busca de uma ideologia pra viver: “Vão retirar o pão do povo para lhe financiar o circo”. Como ninguém escuta mesmo a voz afônica das ruas, voltemos no tempo que uma pitadinha histórica não faz mal a ninguém. A teoria conspiratória : na final da Copa do Mundo de 1998, nossa seleção tomou um passeio da França, anfitriã e campeã. Très bien , 3 x 0, eram tempos em que Zidane usava a cabeça pra fazer gols (aliás, dois gols dele nessa final). Mas a arrogância francesa se bandeou pros lados tupiniquins e se espalhou a seguinte e escalafobética teoria: Ronaldo e Cia. entregaram o jogo porque a CBF tinha um acordo com a Nike, a Adidas e a FIFA, no qual a humilhação nacional seria recompensada com a escolha do Brasil como

A morte e a morte de Che Guevara

Primeiro, a revolução era dourada e se cantava que as flores venceriam o canhão. Depois, os tempos eram rebeldes e a viola passou a abrigar o fuzil. Logo vieram os meninos barulhentos e as mocinhas que amavam um mártir barbado. E então chegaram os canalhas adultos, essa espécie de gente que, por não ter mais condições de dar maus exemplos, se põe a distribuir bons conselhos. Esses adultos 'corruptores de ídolos' aplicaram o infalível método de destruir o sonho dos mais novos: “Raspem o cabelo deles! Tosem essas barbas incompletas!”, ordenavam, como aquela rainha degoladora de Alice no País das Maravilhas . Eram tempos em que a cabeleira crescia e não tinha partido, pois tanto Caetano quanto Roberto Carlos balouçavam suas melenas e caracóis nos festivais e bailes da vida. Porém, nem sempre o pêlo que descia da costeleta encontrava os tufos do cavanhaque que, por sua vez, nunca alcançavam a terra prometida do bigode e, assim, as costeletas ficavam ali, indecisas numa encruzilhada

Que horas são, Luciano Huck?

Há momentos em que um homem deve correr atrás dos seus objetivos, se impor, manifestar sua presença, exigir o que pode ser seu, arrancar do destino, com o suor do seu rosto e pela força do ofício, uma oportunidade de converter em benefícios pessoais a matéria-prima que se lhe afigura nas avenidas do cotidiano. Esse tal homem pode ser o Luciano Huck, empresário das jovens tardes nada sabáticas da Globo, pai de dois filhos, um que já nasceu e outro ainda na barriga da linda mamãe Angélica. Outro dia, Luciano foi assaltado no trânsito de São Paulo. Até aí nenhuma novidade, o trânsito paulistano é mesmo uma luta de boxe: a cada três minutos, um assalto. O problema começa quando um jornal publica a sua carta de cidadão “envergonhado de ser paulistano”. Nada de novo na seção de cartas. Qualquer estagiário de redação sabe que é mais fácil publicarem um artigo indignado do Luciano Huck do que de um anônimo, como este web-escriba que te atazana semanalmente, amigo leitor. As respostas às “confi

Meu reino por um Transformer

Os filmes viraram apenas um motivo pra se reunir os amigos e conversar, comer,...Filme? Que filme? No dia seguinte, quase ninguém se lembra do título do filme, que era com aquele, eh, que tinha aquela cena em que, eh, deixa pra lá, próximo fim de semana a gente aluga aquele que todo mundo já viu, qual?, aquele com aquela menina, eh,... Porém, o problema não está apenas com aquele tipo de platéia que só consegue assistir a filmes com o mocinho e o vilão bem discerníveis, história bem linearzinha, e tiros, muitos tiros, ou piadas velhas, muitas piadas velhas e mal contadas, efeitos visuais espetaculares, muitos efeitos. A outra ponta do problema são os filmes vendidos como se fossem o único tipo de cinema possível. São filmes que fazem questão de dizer que só um tipo de cinema existe: o cinema monoglota, aquele cujas balas e óculos escuros só falam inglês. Em filmes assim, uma cena dura pouco mais que alguns centésimos de segundo, outras cenas disputam para saber qual atinge os mais alto

A esperança é uma bola na área aos 47' do 2º tempo

Uma das frases mais repetidas de todo o repetitivo repertório do futebol é: “o jogo só termina quando acaba”. Esse pleonasmo do mundo ludopédico serve para qualquer outro esporte, como o vôlei – lembra da derrota das meninas do Brasil para a Rússia, quando as brasileiras estavam 4 pontos à frente das russas e a um pontinho de ganhar a partida?; até a fábula da lebre e a tartaruga vive desse clichê – antes da internet ainda se contava a historinha da lebre e da tartaruga. Aliás, um amigo me contou que o filho dele de 12 anos leu minha fábula recontando a fábula de João e o pé de feijão , e perguntou com a maior cara de quem conheceu as fábulas através do Shrek: “Papai, o outro menino parece que é o Renan Calheiros, mas quem é esse ‘João do feijão’?”. Talvez nem tudo esteja perdido e isso seja apenas uma prova de que viramos arcaicos adultos. Mas não me façam perder o fio da história que eu estava falando do jogo de quinta à noite entre River Plate e Botafogo, uma partida impressionante

Fábulas Menores de Moral Mínima

A atuação dos parlamentares brasileiros é coisa de fábula. No entanto, sinto frustar leitores interessados em colher boas lições para sua vida terrena, já que a história política parece sempre terminar com uma moral mínima. Atualização em novembro/2009 : a primeira fábula, para refrescar a memória, é sobre as histórias contadas pelo senador Renan Calheiros para desmentir as denúncias de seu enriquecimento agropecuário. A segunda é da época em que o barbudo Lula e o bigodudo Sarney estavam às voltas com os quarenta deputados acusados de envolvimento com o tal mensalão, enquanto o careca e casado Renan Calheiros envolvia-se com uma jornalista. A VAQUINHA MÁGICA No dia em que Joãozinho saiu da periferia pra vender a única vaquinha da família, mal sabia que ia virar fábula. Ao chegar à feira agropecuária da cidade, o menino logo viu outro menino, e sabe-se que os meninos dessa idade sempre acham outros meninos com sua idade. Os dois começaram a brincar e, bola vai bola vem, os meninos dess

NOVO TOM - parte 1

Assim como os corais jovens dos colégios, a proposta do Novo Tom sugere, tanto quanto possível, uma aproximação da juventude por meio da linguagem musical do jovem moderno. Há críticos que desestimulam essa proposta, temendo uma demasiada associação com os estilos musicais da moda. Porém, esquecem que as igrejas costumam adotar a Bíblia na versão Linguagem de Hoje como um modo de estimular a leitura das Escrituras, mesmo com o risco de mal-entendidos que se apresentem nessa versão facilitada (em que a linguagem poética desaparece do livro dos Salmos). Dizem que a proposta musical do Novo Tom pegou a corrente do pragmatismo musical em curso na modernidade. Ao lado do pragmatismo retórico do cristianismo atual, o grupo teria cedido ao "vale-tudo" a fim de falar do evangelho para a juventude moderna. Entretanto, esse argumento de exagerado pragmatismo é uma falácia sem tamanho, pelo menos quando se trata do grupo Novo Tom. Uma das correntes do pragmatismo religioso pós-moderno é

NOVO TOM - parte 2

Retomando o que falei sobre pragmatismo musical no 1º texto sobre o grupo Novo Tom, vejamos como o grupo lida com essa questão em suas músicas. Não entrevistei seu diretor musical ou o letrista, mas acabei identificando por minha conta e risco os sinais do pensamento evangelístico-musical do grupo nos arranjos e no repertório do CD Pode Cair o Mundo ... Focando em dois aspectos: 1) a particularidade vocal do grupo; 2) a aproximação com a linguagem musical urbano-contemporânea. A qualidade vocal dos componentes do Novo Tom é incontestável. A base vocal feminina (Riane Junqueira, Joyce Carnassale, Lanny Soares) que acompanha o grupo desde que este se chamava Tom de Vida por certo contribui para a singularidade sonora identificável do Novo Tom. As cantoras do grupo possuem uma característica vocal sem excesso de vibratos, com timbre moderno e energia nos agudos – nada de soprano lírico corolatura, ufa, ainda bem. As vozes masculinas me pareceram determinadas pelo estilo anasalado na dicçã

ELVIS E O GOSPEL: Elvis além da pélvis

No ano em que a morte de Elvis Presley completa 30 anos, fãs e crítica relembram as principais marcas que Elvis teria deixado na música e na cultura do século XX. Mas eu gostaria de lembrar aqui uma faceta do “rei do rock” bem menos conhecida que seus filmes em Acapulco, suas canções românticas ou a proibição de filmar os seus rebolantes quadris no programa de TV de Ed Sullivan no início da carreira. Aliás, os requebros da “pélvis de Elvis” foram um fator nada descartável para sua ascenção meteórica. A voz absolutamente marcante, os cabelos cuidadosamente desalinhados, o repertório quase recatado se comparado à fúria libidinal das canções de Jerry Lee Lewis e Little Richards, quase tudo seguia uma construção publicitária perfeita comandada pelo “Coronel” Tom Parker, como apelidavam o empresário de Elvis. Os americanos sempre demonstraram afinidade com o gospel gravado por artistas não-religiosos. Por exemplo, nos anos 1950, Tennessee Ernie Ford gravou álbuns que estão entre os dez mai

ADORAÇÃO: pragmatismo, esteticismo e missão

Na dinâmica do mundo moderno há uma pergunta sempre recorrente: como tornar o evangelho de Cristo pertinente para a “sociedade do espetáculo”, para uma juventude bombardeada por um fluxo incessante de imagens e signos atraentes e de claros estímulos não-bíblicos? Para atender às expectativas modernas, muitos líderes e músicos cristãos inserem-se na corrente do pragmatismo. Ou seja, usam novas estratégias, empregam novos meios para alcançar os velhos fins – entenda-se “velhos fins” por tentativa honesta de divulgar a mensagem cristã, mas também por velhas finalidades de enriquecimento através da boa-fé alheia. Não obstante, segundo Wolgang Stefani, “ninguém pode duvidar da sinceridade daqueles que advogam essa abordagem [o pragmatismo], nem depreciar sua ‘utilidade’ e ‘resultados’ (aspas do autor), e deve-se considerar seus resultados significativos ( Música Sacra, cultura e adoração , 2006, p. 13). Calvin Johannson aponta falhas mais sérias na abordagem pragmática, como: 1) a de

Deus na linha de fogo

A temporada de caça à religião está aberta. Na vanguarda ateísta estão Christopher Hitchens e Richard Dawkins. Na linha de fogo está, principalmente, o monoteísmo religioso e sua figura mais célebre: Deus. Mas, o que querem os cientistas-filósofos-ateístas-evolucionistas mesmo? Os disparos do front da tropa de elite da “Razão” têm três destinos: 1º- Deus : a filosofia pós-Kant e a ciência pós-Darwin partiram do benefício da dúvida – Deus realmente existe? - para a certeza irretratável – Deus não existe! Se as especulações filosófico-racionalistas procuram excluir o sentido de Deus da existência humana, as elocubrações do naturalismo-evolucionista atribuem a existência de Deus a um delírio do sentido humano. Daí, surgem variantes de uma espécie de “sociologia evolucionista” que tem todas as respostas, inclusive as psicológicas, para o comportamento das comunidades humanas, capaz de explicar desde a milenar preferência feminina pela cor rosa até, claro, a fé religiosa; 2º- Religião : s

PARAPAN ou Quem é deficiente mesmo?

Observando o triunfo dos atletas durante os Jogos Parapan-Americanos, se percebe o quão alto e nobre pode o homem chegar a ser. No ParaPan não há derrotados. São todos vitoriosos por nadar contra a correnteza social, correr atrás da normalidade perdida, saltar os obstáculos do preconceito e voar, sim, voar para além de uma sociedade orientada para a beleza exterior e a aparência física “perfeita”. Os atletas do ParaPan são como a estátua grega Vitória de Samotrácia (foto) . Essa estátua simbolizava as conquistas helênicas na guerra, mas foi encontrada sem algumas partes do corpo. Isso, porém, em nada diminuiu seu valor. A estátua, também chamada Niké (vitória, em grego), tem a incompletude formal derivada da ação da natureza, mas possui dignidade altaneira e beleza majestática. Os atletas do ParaPan perderam o controle de partes do corpo ou não têm mesmo a totalidade de braços e pernas. Entretanto, até a chegada em último lugar exala vitória irrestrita. Veja-se o exemplo de Kathryn Su