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Mostrando postagens de setembro, 2012

como tirar um sorriso de Beethoven

Numa sonata clássica para piano, o compositor apresentava um tema no começo da música e em seguida fazia variações, que poderiam ser tocadas em tonalidade menor, quatro tons acima, com floreios, sem floreios, de forma lenta, mais rápida, na região grave do piano, na região aguda e assim por diante, até o final quase sempre empolgante e grandioso. Isso é o que o comediante Dudley Moore faz com o tema "Colonel Boogey", assobiado no filme A Ponte do Rio Kwai (1957). Só habilidosos e engraçados humoristas são capazes de parodiar os habilidosos e sérios pianistas.

Strange Fruit: a canção que o racismo não calou

As árvores do Sul dão uma fruta estranha. Folha em sangue se banha. Corpo negro balançando lento. Fruta pendendo de um galho ao vento. Assim começa a canção Strange Fruit , gravada pela cantora Billie Holliday, em 1939. O poema rascante da canção colocava o dedo na ferida aberta do racismo nos Estados Unidos.    O autor de Strange Fruit era um judeu comunista de Nova York chamado Abel Meeropol (1903-1983), que usava o pseudônimo Lewis Allan para compor. Na letra da música, a “estranha fruta” eram os cadáveres de negros linchados e/ou enforcados nos ultrapreconceituosos Estados americanos sulistas, como registrado na foto abaixo, datada de 1930. (O que queria dizer o homem ao centro apontando para os corpos? E o que dizer da naturalidade dos espectadores?) Essa canção fazia um veemente protesto contra o odioso sistema que, entre 1889 e 1940, já enforcara mais de 2.700 negros no sul dos EUA. Havia, decerto, outras canções de denúncia, mas Strange Fruit foi

lirismo rural e romântico na canção cristã

Houve um tempo em que as imagens de um Brasil rural e ingênuo predominavam na música popular: aquela serra num ranchinho beira-chão, o vento nas palhas do coqueiro, o luar do sertão. O sucesso urbano de canções como Menino da Porteira ou de versos como “ter uma casinha branca de varanda e um quintal e uma janela para ver o sol nascer” indicam que a nostalgia rural é compartilhada por muita gente. A música cristã mais recente também expressa esse desejo de fuga para o campo. A diferença é que, em vez de “um lugar de mato verde pra plantar e pra colher”, o desejo é encontrar Deus no sertão. Não é ter a companhia de Deus durante a pesca ou ao largo da estrada, mas desfrutar momentos de intimidade e consagração. No campo. Algumas das letras falam em mergulhar nos rios do coração , outras em  passear de mãos dadas com Deus . Atualmente, parece que nem todos se contentam em saber que “além do rio existe um lugar pra mim”. Hoje, a vontade é de mergulhar nesse rio. Outr

o jornalismo esportivo de risos e lágrimas

Foi na década de 1970 que a TV Globo apresentou seu formato campeão de audiência no horário nobre. Um telejornal ensanduichado entre duas novelas. Primeiro, uma novelinha leve e bem-humorada, depois um telejornal de cara séria e, em seguida, um novelão dramático. Das sete às dez da noite, o espectador começava rindo e terminava chorando. Atualmente, o jornalismo esportivo da TV Globo reproduz o modelo cômico-dramático das novelas. Thiago Leifert, no Globo Esporte, e Tadeu Schmidt, no Fantástico, não perdem nem a audiência nem a piada. O repórter Régis Rösing tem dado preferência a emocionantes e inspiradoras histórias. Tudo bem que o Globo Esporte sempre foi leve e omisso e que a exibição dos Gols do Fantástico sempre esteve acompanhada de bom humor. Contudo, os gracejos de Thiago Leifert têm alvo fácil (talvez outros alvos sejam censurados pela produção). Ele guarda suas tiradas para atletas sem beleza física ou para a intimidade de celebridades do esporte. Mas não sobra