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Mostrando postagens de outubro, 2015

a redação do ENEM e o complexo de Nazareno

Há uma classe de pessoas que ainda padecem de um mal que em pleno século 21 deveria estar tão extinto quanto os dinossauros e as fitas cassete: são os espécimes que se espantam com mulher falando em público por seus direitos. Eles sofrem do complexo de Nazareno, aquele personagem da TV que, ao menor sinal de reclamação da mulher, dizia: “Calada!” Queremos votar . Calada! Quero respeito , cantava Aretha Franklin. Calada! Salários iguais em cargos profissionais iguais . Calada! A persistência da violência contra a mulher . Calada! As reclamações de que o tema da redação do ENEM era obra do progressismo, feminazismo, doutrinação liberal e conspiração petista para tornar os machos reféns das empoderadas mulheres são de uma imbecilidade atroz. Acreditar que não se deve discutir em público a violência milenar contra as mulheres de um modo geral revela uma faceta de ignorância que também merece ser tema de redação nos próximos vestibulares: “A persistência da intolerância e

discurso do professor inconformado

O apóstolo Paulo, em uma de suas cartas às primeiras igrejas cristãs, disse: “Não vos conformeis com este século”. Caros músicos e educadores musicais, não vos conformeis com a música deste século, não vos conformeis com a educação deste século. Conformar-se é resignar-se à impossibilidade de mudança, é contentar-se com o pão dormido da mesmice, é estacionar no vento frio que congela o movimento. Sem movimento não há educação bem-sucedida. Mas um educador que não se conforma é como a viola que tange o retrocesso pra lá, é como o ritmo do tambor que move a canção irresistivelmente para diante, é como a música que, uma vez iniciados seus primeiros compassos, não olha mais para trás, a não ser para repetir a melhor parte. Me deem professores inconformados e eu moverei o mundo. “Eu ainda não encontrei o que estou procurando”, cantava a banda U2. Esse refrão é um símbolo do professor inconformado, do educador que está sempre procurando as melhores maneiras de facilitar e comp

o papa e o planeta: ecologia virou ecorreligião?

O ambientalismo está seguramente entre os atuais projetos mobilizadores do mundo. Por meio do seu discurso de defesa da Terra, o ambientalismo é capaz de congregar religiosos e ateístas. Até porque este planeta é a nossa casa e, como convém aos tempos de partilhamento de tarefas domésticas, todos são responsáveis por levar o lixo pra fora.  É assim que, ao contrário do comunismo, do capitalismo de livre mercado e do fundamentalismo islâmico, que desagregam o mundo social, geográfica e economicamente, o ambientalismo reúne indivíduos de todas as faixas de renda e escolaridade. Muitas vezes, o ambientalista é alguém que não reciclava lixo ("era cego") e então passou a lutar contra qualquer torneira aberta ("agora vê"). Alguns deles são capazes de cruzar cercas elétricas para resgatar poodles em cativeiro nos laboratórios ou arriscar a vida nos mares defendendo baleias. Se o ambientalista pode ser um mártir, por outro lado, por ser tão decidido a converter