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Mostrando postagens de setembro, 2010

Raiz Coral: qual é o seu idioma?

O Raiz Coral cantou no "Qual é o Seu Talento?", do SBT, e foi aprovado pelos jurados do programa. Esses jurados costumam ficar encantados com cantores gospel. Talvez porque no meio gospel ainda se valorize a qualidade do timbre e da performance vocal. Certa vez me perguntaram por que o Raiz Coral, sendo um grupo brasileiro, faz música de tradição tão americanizada. Uma das respostas para esse paradoxo está no fato de que, no Brasil, as músicas de cultos de raiz africana estão nas origens do samba. E de samba, como se sabe, só não gosta quem é ruim da cabeça ou doente do pé. Ou então evangélico, já que o samba, entre outros motivos, por sua intensa relação com os festejos seculares, não foi integrado aos cultos protestantes.  Nos Estados Unidos, as religiões de matriz africana não têm representatividade nas músicas seculares. Nem na black music se ouvem nomes de divindades de cultos africanos. Assim, se a música afro-brasileira é "mundana" demais, a saída é a mú

quem quer ser presidente

Com o devido respeito às campanhas de Plínio Sampaio, uma legítima quarta força na disputa, e dos outros candidatos à Presidência da República, optei por escrever um pouco sobre os candidatos Marina Silva, Dilma Rousseff e José Serra, tentando o distanciamento possível de um escriba que também é eleitor. Não é tudo o que se sabe por aí, mas é bastante do que penso cá por mim. Os links vão lhe direcionar ao site Outra Leitura , mas você pode deixar seu comentário por aqui mesmo. Marina Silva e a renovação do pensamento Dilma Rousseff e o time que está ganhando José Serra e o jogo dos sete erros

segura o Neymar que eu quero ver

De um jogo pra outro, todo brasileiro resolveu pegar o Neymar pra neto. No começo, tal como os avós de antigamente (os avós de hoje só querem saber de caminhada e cruzeiro pelo litoral), tudo o que menino fazia era um mimo. Neymar dava um chapéu abusado no Chicão, é coisa de guri! Neymar entortava zagueiros como o Green Morton entortava colheres, é a magia da adolescência! Neymar apanhava dos adversários em campo, não mexam com meu garoto! O moleque tripudiava na grande área, humilhava zagueiros, caçoava do Rogério Ceni, enfim, era o capeta em forma de guri bom de bola. Não demorou e o brasileiro passou a exigir a convocação de Neymar para a seleção. Olha aí, Dunga, ele pula, ele roda, ele faz requebradinha! Com um jogador maluquinho desses, o Brasil ganha fácil, fácil. Já dava pra escutar um Galvão aos berros: “Neymar neles! Seguuuura que eu quero ver!” Mas o Dunga segurou. Só que a adolescência do Neymar mal começou. E aí os “problemas” apareceram. E de uma hora pra outra, todo mundo

cem palavras: nosso lar, o filme

O filme Nosso Lar está sendo visto por multidões. Filmes com temática religiosa fazem milagres na bilheteria dos cinemas. Como não vi esse filme, invoco, quer dizer, convoco a pena virtual de críticos vivos e bem vivos. Como disse um escriba do site Omelete , já é difícil criticar um filme que tem fãs, imagine então os que tem devotos. Luiz Zanin : Vê-lo [ o filme Nosso Lar] , em sessão de imprensa hoje de manhã, foi das experiências mais desagradáveis de um ano marcado pelos lançamentos espíritas por causa do centenário de Chico Xavier. O visual kitsch, os diálogos declamados, a falta de qualquer noção cinematográfica – tudo isso que parecia abolido do cinema brasileiro ressurge na tela como assombração. Não vai aqui qualquer reparo à religião dos outros. Não tenho nada a ver com a crença alheia e eu, que não tenho nenhuma, respeito a todas. Essa consideração é apenas cinematográfica. Não conheço o livro, supostamente psicografado por Chico Xavier e, parece, um dos maiores sucessos

novo tom: pode cair o mundo

A proposta musical do grupo vocal adventista Novo Tom pegou a corrente do pragmatismo musical do cristianismo moderno? O grupo teria cedido ao "vale-tudo" a fim de falar do evangelho para a juventude atual? Com as mal-traçadas a seguir, argumento que esse tal pragmatismo é uma falácia sem tamanho, ao menos quando se trata do grupo Novo Tom. Uma das correntes do pragmatismo religioso pós-moderno é a apresentação de mensagens de teor ético: os direitos humanos, a defesa do ecossistema, a paz no mundo. O grupo Novo Tom também aborda o tema da paz. Porém, não fala da paz como uma espécie de fraternidade demagógica. O título do CD já introduz sua idéia de paz: Pode Cair o Mundo, Estou em Paz . Assim, a paz não é a unificação do pensamento global, mas um sentido de segurança exterior e placidez interior, só inteiramente adquirido pela confiança em Deus. Como exemplo, metade das doze canções do CD menciona a palavra “paz” relacionando-a a ações e atributos divinos: a frase-títu

os homens que tinham medo de música

Para o historiador Eric Hobsbawn, a contestação também é uma forma de patriotismo. Patriotas seriam aqueles que mostram seu amor pelo país desejando renová-lo pela reforma ou pela revolução ( Nações e nacionalismos desde 1780 ). Mas para a ditadura militar no Brasil, ser patriota significava ficar caladinho diante do regime opressor que não gostava de ser criticado. Era a época do lema “Brasil: Ame-o ou Deixe-o” . Muitos músicos denunciavam a repressão da liberdade. Os pitbulls da Abril, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, chamam o partido do governo de Petralhas e Lula de anta com todo o afeto que se encerra. Há 40 anos, eles não diriam isso nem em pensamento. Talvez fizessem uma canção. Em 1966, A Banda , de Chico Buarque, dividiu o primeiro prêmio no Festival de Música Popular da Record (na era pré-Edir Macedo) com Disparada , de Geraldo Vandré . Esta última dizia a que viera logo nos primeiros versos. Os generais, claro, vestiram a carapuça: Prepare o seu coração pras coisas qu

as três criações de Deus

Não fui criacionista a minha vida inteira. Não se surpreenda. Aquele que nunca chegou a pensar (nem digo acreditar) que o mundo pode ter vindo a existir de uma forma, digamos, não bíblica não é desse planeta. Quem nunca duvidou que atire a primeira banana! A dúvida não é um problema. Ficar paralisado pela dúvida, sim; passar a vida indeciso repetindo para si a mãe hamletiana de todas as dúvidas: ser ou não ser. Duvidar, questionar, perguntar, tudo isso é humano. Nossos ossos são dúvida, nossa carne é dúvida, nosso pensamento é pergunta. E como perguntar não ofende... Mas há algo nessa breve história da dúvida que precisa ser contada. Minhas dúvidas vão se apagando na medida em que acende a certeza da centelha divina da criação que há em mim. Quando eu vejo um bebê sendo gestado no mar amniótico da tranquilidade, eu penso: há um Criador. Quando eu olho para a rotina da Terra a girar feito bailarina incansável, eu acredito: há um Criador. Quando eu contemplo a tapeçaria celeste d