Foi num
sábado que faleceu aos 87 anos o mais famoso ex-aluno da universidade
adventista Oakwood College: o cantor Little Richard. Ele mesmo, um dos
pioneiros do rock, que cantou sucessos como "Tutti Frutti" e "Good Golly Miss Molly", o homem do inconfundível wop-bop-aloo-bop-alop-bam-boom.
Assim como vários outros cantores, Little Richard foi criado nos bancos de igrejas evangélicas da América. No auge do sucesso, em 1957, se sentindo em falta com sua
fé e passando por problemas financeiros, anunciou que estava deixando tudo para se tornar pastor. Pesou nessa
decisão um incidente em que uma forte turbulência afetou a aeronave onde ele viajava
e Richard disse ter visto luzes brilhantes de anjos protegendo o voo, o que ele
tomou como um sinal de Deus.
Ele, então, foi
estudar em Oakwood e durante cinco anos só gravou música gospel. Durante esse
período, ele participou de uma campanha evangelística ao lado do pregador
adventista E. E. Cleveland. Na ocasião, a revista Review and Herald
(setembro/1958) registrou que “duas ex-estrelas da música, Joyce Bryant e
Richard ‘Little Richard’ Penniman testemunharam do poder redentor de Deus” e
que “o ex-roqueiro fez um apelo aos antigos fãs ali presentes e mais de 300 pessoas
atenderam. Ele fez uma tocante oração por eles”.
Little
Richard voltaria aos palcos seculares em 1962, junto com sua banda The Upsetters (da qual fez parte um jovem Jimi Hendrix). Em turnê pela Europa, os Beatles, então pouco conhecidos, abriram seus shows. Após uma tragédia familiar e problemas com uso de
drogas, Little Richard gravou um disco em 1979, God’s Beautiful City, em que constavam
o hino “Tudo Entregarei” e testemunhos de sua conversão. Em 1981, ele lançaria
a música “Where would I Go without the Lord” [Para onde eu iria sem o Senhor].
Ele só conciliaria sua veia roqueira com o ministério cristão em meados dos anos 80, quando deixou de criticar o mundo do pop e passou a combinar rock com a mensagem cristã, o que ele mesmo chamou de "messages in rythm". Ele continuou a pregar em diversas igrejas evangélicas e também falava da sua fé
durante seus shows: “O mundo está no fim. Aproximem-se de Deus”, ele dizia. A plateia se dividia entre risos e aplausos.
Ele só conciliaria sua veia roqueira com o ministério cristão em meados dos anos 80, quando deixou de criticar o mundo do pop e passou a combinar rock com a mensagem cristã, o que ele mesmo chamou de "messages in rythm". Ele continuou a pregar em diversas igrejas evangélicas e também falava da sua fé
durante seus shows: “O mundo está no fim. Aproximem-se de Deus”, ele dizia. A plateia se dividia entre risos e aplausos.
Após deixar
os estudos em Oakwood, a relação de Little Richard com a Igreja Adventista foi
mais discreta. Ele não foi ministro adventista ordenado, mas se considerava um
adventista do sétimo dia, congregando-se aos sábados em igrejas de Los Angeles ou
de alguma cidade onde tinha shows agendados, como atestam membros da Igreja
Adventista Central do Rio de Janeiro que o viram entrar no templo com sua
equipe numa manhã de sábado e permanecer ali durante parte do culto.
Nos últimos
30 anos de sua vida, Little Richard recebeu as maiores homenagens da crítica e
da indústria da música que um artista do seu quilate mereceu receber. Nesse tempo, ele continuou cantando e lembrando nos seus shows: “Eu canto rock’n’roll, Deus me ama.
Eu sou um cantor de rock, mas também sou um cristão”.
Eu vou rir? Vou aplaudir? Vou apenas refletir que dentro de um dos grandes cantores de todos
os tempos também havia um espaço vazio onde ele resolveu colocar sua fé.
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Informações em The life and times of Little Richard (livro, 2003); Spectrum Magazine (11/9/2009) e IAMAonline.
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Informações em The life and times of Little Richard (livro, 2003); Spectrum Magazine (11/9/2009) e IAMAonline.
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