Pular para o conteúdo principal

Prince: testemunha dos sinais dos tempos

Toca a campainha, você vê que é uma Testemunha de Jeová, mas atende assim mesmo porque vê que é o Prince. Isso mesmo, desde 2001 Prince era adepto da igreja dos Testemunhas de Jeová e tinha o hábito de bater de porta em porta como é costume dos fiéis da igreja. Talvez até entregasse às pessoas um exemplar da revista Sentinela.

Prince disse em entrevistas que começou a "estudar a Bíblia" e a sua "vida mudou bastante". "Foi aí que voltei ao meu nome anterior. Um amigo ajudou-me a olhar para a Bíblia de uma maneira muito prática e ignorar todo o dogma. Apenas queria uma simples e clara ligação com Ele". Prince dizia que essa ligação com Deus o ajudava "em todos os aspectos da vida", incluindo a música.

Ele disse também: "Ela [a fé] vai ajudá-lo em todos os aspectos da vida. [...] e então você vai ser capaz de ver as coisas mais claramente".

Muita gente deve ter estranhado o fato de Prince declarar-se Testemunha de Jeová e ao mesmo tempo ser conhecido por condutas curiosas, como usar figurinos extravagantes, exigir ser chamado por nomes esquisitos (devido a uma batalha judicial com a Warner), por reclamar do preconceito contra as mulheres mas exigir que sua banda fosse composta só de mulheres bonitas que estivessem à disposição 24 horas por dia para ensaios surpresa em horários estranhos.

Seus irmãos de fé também podem ter estranhado certas músicas de Prince que faziam referência à cruz (os jeovistas creem que Jesus foi morto numa estaca): "Logo todos os nossos problemas serão levados pela cruz [...] não chore, ele está vindo / não morra sem conhecer a cruz".

Em outra canção, "Sign o' the times" (sinais dos tempos), Prince aborda um mundo envolvido em guerras, bombas, fome, desespero, depressão, ódio. Um caldeirão de desastres individuais e planetários que aponta para sinais do retorno de Cristo - o contraria a crença jeovista de que Cristo já teria voltado em 1914.


O álbum que contém essas referências cristãs é Sign o' the Times, lançado em 1987. Ao se tornar jeovista, Prince pode ter abandonado essas crenças compartilhadas por evangélicos como os adventistas do sétimo dia. Não por coincidência, Prince frequentou a Igreja Adventista na infância (e mais tarde a Igreja Batista).

Uma indicação de que ele adotou preceitos dos jeovistas é que ele não celebrava datas de aniversários e nem votava: "Não voto porque sou uma Testemunha de Jeová e nós nunca votamos. Mas isso não quer dizer que eu não tenha uma opinião...", disse certa vez, antes de elogiar Barack Obama.

[Outros famosos praticantes jeovistas são as irmãs tenistas Serena e Venus Williams e o guitarrista George Benson. Entre os músicos que frequentaram a igreja na infância estão Janet Jackson, e seu falecido irmão Michael]

Por outro lado, no álbum Planet Earth, de 2007, Prince continuou enviando sinais de sua fé (The One U wanna C – “Aquele que você quer ver”) e falando dos sinais dos tempos, como na faixa “Lion of Judah”:

Como o Leão de Judá
Vou abater meus inimigos
Assim como o meu Deus vive
Certamente a trombeta soará

Muitos popstars americanos tiveram forte ensino religioso na infância. Quando adultos e com a carreira consolidada, alguns deles se voltam contra a religião, talvez por traumas, talvez pela percepção da hipocrisia de tantos religiosos. Para outros, a religião da infância lhes é indiferente. Outros popstars tentam retomar de alguma forma a religião. Com todo o aparato de polêmicas, Prince parece ter pertencido a este último grupo.


(Com informações de "Prince, a mais famosa Testemunha de Jeová", Correio da Manhã; e "Prince: balancing faith and stardom, Religio: http://religiomag.com/prince-balancing-faith-and-stardom/).

Comentários

Unknown disse…
As testemunhas de Jeová acreditam que Jesus voltou de forma invisível, está presente desde 1914, e os sinais da sua presença estão descritos em Mateus cap 24 (Palavras do próprio Cristo).Se alguém tiver interesse em entender pq acreditamos assim é só consultar o livro O que a Bíblia realmente ensina, capítulo 8, e ler as informações adicionais no apêndice linkado com esse capítulo (1914 um ano significativo na profecia bíblica-Titulo da matéria no apêndice), disponível em formato digital no site jw.org
No apêndice deste livro também tem uma pesquisa histórica falando sobre o uso da Cruz (Pq os Cristãos verdadeiros não usam a Cruz na adoração- Título da pesquisa).
Ler nos trás conhecimento sobre várias coisas, e as vezes é bom pesquisar na fonte, bem que seja pra conhecer e criar nossa opinião pessoal.Graças a Deus temos livre arbítrio para crer no que desejarmos. No mais, a matéria no blog foi bem escrita, espero que continue com suas pesquisas pra escrever sempre melhor.Saudações
joêzer disse…
Geildes, muito obrigado pela gentileza da leitura e por indicar as fontes!

Postagens mais visitadas deste blog

o mito da música que transforma a água

" Música bonita gera cristais de gelo bonitos e música feia gera cristais de gelo feios ". E que tal essa frase? " Palavras boas e positivas geram cristais de gelo bonitos e simétricos ". O autor dessa teoria é o fotógrafo japonês Masaru Emoto (falecido em 2014). Parece difícil alguém com o ensino médio completo acreditar nisso, mas não só existe gente grande acreditando como tem gente usando essas conclusões em palestras sobre música sacra! O experimento de Masaru Emoto consistiu em tocar várias músicas próximo a recipientes com água. Em seguida, a água foi congelada e, com um microscópio, Emoto analisou as moléculas de água. Os cristais de água que "ouviram" música clássica ficaram bonitos e simétricos, ao passo que os cristais de água que "ouviram" música pop eram feios. Não bastasse, Emoto também testou a água falando com ela durante um mês. Ele dizia palavras amorosas e positivas para um recipiente e palavras de ódio e negativas par

paula fernandes e os espíritos compositores

A cantora Paula Fernandes disse em um recente programa de TV que seu processo de composição é, segundo suas palavras, “altamente intuitivo, pra não dizer mediúnico”. Foi a senha para o desapontamento de alguns admiradores da cantora.  Embora suas músicas falem de um amor casto e monogâmico, muitos fãs evangélicos já estão providenciando o tradicional "vou jogar fora no lixo" dos CDs de Paula Fernandes. Parece que a apologia do amor fiel só é bem-vinda quando dita por um conselheiro cristão. Paula foi ao programa Show Business , de João Dória Jr., e se declarou espírita.  Falou ainda que não tem preconceito religioso, “mesmo porque Deus é um só”. Em seguida, ela disse que não compõe sozinha, que às vezes, nas letras de suas canções, ela lê “palavras que não sabe o significado”. O que a cantora quis dizer com "palavras que não sei o significado"? Fiz uma breve varredura nas suas letras e, verificando que o nível léxico dos versos não é de nenhu

Nabucodonosor e a música da Babilônia

Quando visitei o museu arqueológico Paulo Bork (Unasp - EC), vi um tijolo datado de 600 a.C. cuja inscrição em escrita cuneiforme diz: “Eu sou Nabucodonosor, rei de Babilônia, provedor dos templos de Ezágila e Égila e primogênito de Nebupolasar, rei de Babilônia”. Lembrei, então, que nas minhas aulas de história da música costumo mostrar a foto de uma lira de Ur (Ur era uma cidade da região da Mesopotâmia, onde se localizava Babilônia e onde atualmente se localiza o Iraque). Certamente, a lira integrava o corpo de instrumentos da música dos templos durante o reinado de Nabucodonosor. Fig 1: a lira de Ur No sítio arqueológico de Ur (a mesma Ur dos Caldeus citada em textos bíblicos) foram encontradas nove liras e duas harpas, entre as quais, a lira sumeriana, cuja caixa de ressonância é adornada com uma escultura em forma de cabeça bovina. As liras são citadas em um dos cultos oferecidos ao rei Nabucodonosor, conforme relato no livro bíblico de Daniel, capítulo 3. Aliás, n