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Lutero e a Reforma da música - parte 1


Andreas Karlstadt acaba de publicar em Wittenberg um panfleto com 53 tópicos condenando a liturgia católica, rejeitando seu formato, seu idioma e sua música inacessível ao canto congregacional. Isso foi manchete em março de 1522.
Naquele ano, Martinho Lutero, após seu exílio no castelo de Wartburg, voltava para Wittenberg, onde em 31 de outubro de 1517 ele publicara suas 95 Teses. Isso continua sendo manchete há 499 anos.
Esperava-se que o Dr. Lutero, o reformador protestante, apoiasse Karlstadt. Mas ao chegar na cidade, Lutero profere uma série de oito sermões com o intuito de corrigir a reforma litúrgica radical de Karlstadt. A reforma luterana deveria ser mais cautelosa e mais conservadora devido 1) à necessidade de reformar o ensino bíblico antes de modificar o ritual e 2) ao apreço de Lutero pelo canto tradicional polifônico.
As proposições reformadoras de Lutero cuidaram de preservar o aparato cerimonial da missa católica, cuja música, linguagem e ornamentações possuíam alto valor simbólico na mente religiosa popular. Assim, a menos que os textos entrassem em contradição com os dogmas luteranos, os cantos tradicionais e os motetos polifônicos católicos eram mantidos no rito luterano.
Lutero explicava que, assim como não se pretendia “abolir o ofício de pregar, mas objetivamos restaurá-lo novamente ao seu lugar justo e apropriado, também não é nossa intenção eliminar o serviço [litúrgico], mas restaurá-lo novamente para o seu uso correto" [“Concerning the Orders of Public Worship”, Luther’s Works 53, p.11]
Seguiu-se, então, uma variedade de práticas. Em algumas cidades, cantava-se partes da missa (como Introito, Kyrie, Agnus Dei, Gloria, Credo) em latim ou em alemão, usava-se canto polifônico ou melodias mais simples, canto melismático (várias notas em uma sílaba) ou canto silábico (uma nota para cada sílaba). Essa variação linguística e musical estava de acordo com o pensamento de Lutero sobre a diversidade de usos da música na igreja:
"Que cada igreja tenha a música segundo seu próprio livro e costume. Pois, eu mesmo não gosto de ouvir as notas, em um responsorial ou noutro cântico, modificadas daquilo a que fui acostumado na juventude. Nós estamos interessados em mudar o texto, não a música" [“Preface to Burial Hymns”, in Luther’s Works 53, p. 328].

*****
Esta é uma brevíssima amostra do pensamento de Lutero sobre música. Por enquanto, ficam algumas considerações extraídas das ideias ilustradas no texto:
- As ações de renovação não precisam descartar a tradição musical da congregação, os cânticos a que muita gente foi acostumada na juventude
- A unidade do discurso teológico não está em contradição com a diversidade da retórica musical

[a pintura acima: Martinho Lutero em família, de G. A. Spangenberg (1886)]

Comentários

Unknown disse…
Olá Joêzer, enviei um e-mail pra ti sobre um outro post que tu publicaste e tu não me respondeste. Todavia, vou comentar de novo, brevemente, sobre este aqui.
Lutero foi um reformador, teve coragem de falar aquilo que era a verdade que os seus estudos e consciência lhe deram. Deus usou este homem para iniciar uma reforma na igreja mas ele não tinha muito conhecimento e a verdade, que é progressiva, não havia ainda revelado a ele questões essenciais como o sábado do sétimo dia, por isso não acredito que ele seja autoridade para falar sobre música também.
É claro que devemos respeitar a opinião alheia porém nós temos uma profetisa que deu orientações claras sobre música na igreja. Ela foi quem Deus escolheu para orientar Seu povo nos últimos dias, logo não é bem assim "cada um ouça a música que quiser", deve haver uma busca incessável pela música dos padrões celestiais, os quais, dentre eles, está o ser "O bom canto é como a melodia dos pássaros – dominado e melodioso.” ( EV., pág. 510)". Assim, Lutero foi importante em seu tempo assim como a irmã Ellen White o é no nosso. E negar o Testemunho é ponto de partida para a perdição, não importa o quão dotado é nas notas musicais ou quão estudado seja na música. É muito simples distinguir a "melodia dos pássaros" com o que se escuta hoje na igreja, até o mais ignorante o pode fazer. Sinais dos tempos...
joêzer disse…
Anderson, há alguns meses troquei e-mails com alguém e desisti de continuar a conversa pelo simples fato de que eu dizia uma coisa e o interlocutor interpretava outra. Preferi me calar. Não sei se era com você que troquei esses e-mails.

Vamos ao texto.

Lutero continua sendo autoridade para falar de música, sim. Inclusive o pensamento musical de Ellen White reflete a abordagem musical de Lutero, de Calvino e de John Wesley. Quase tudo o que ela escreveu sobre música já havia sido dito de outro modo por outros autores religiosos.

Procure os textos sobre música que Lutero escreveu e você verá o quanto ele tem ainda a dizer às igrejas cristãs de modo geral. Observe como ele se preocupa com a correção doutrinária da letra dos cânticos, como ele estimula a produção de música para a congregação cantar na igreja, como ele pede que os compositores usem a Bíblia como inspiração para suas músicas, como ele estimula os fiéis para que cantem com entusiasmo, como ele pede cuidado com o tipo de música que se canta na igreja.

Veja quanta coisa Lutero diz que as igrejas cristãs ainda precisam ouvir.
Lutero nunca disse "cada um ouça a música que quiser". Não sei de onde você tirou essa ideia (do meu texto é que não foi). Ao contrário, assim como John Wesley viria a escrever séculos depois, ele instruía os cristãos a abandonar a música profana e cantar para a glória de Deus.

Quando ele escreveu que "cada igreja tenha música segundo seu próprio livro e costume", ele tinha em mente:
1) as cidades e igrejas alemãs não mudaram a missa de uma vez. algumas mudavam mais devagar e por isso Lutero aconselhava às pessoas a continuar entoando os cânticos em latim juntamente com cânticos em alemão.
2) "eu mesmo não gosto de ouvir cânticos modificados daquilo que fui acostumado na juventude". ele não queria que os fiéis criassem controvérsia e abandonassem a tradição musical. compare com a situação das igrejas hoje, em que os mais velhos gostam de cantar os hinos do jeito que faziam quando era jovens.
3) "Nós estamos interessados em mudar o texto, não a música". Lutero acreditava que naquele momento de transição, o mais importante era mudar as letras dos cânticos para que obedecessem a doutrina bíblica e não a tradição papal, não importava se fosse cantado em latim ou em alemão.

sobre a interpretação de 'canto dos pássaros', escrevi esse texto para a Revista Adventista. Espero que leia. Se não o entender ou tiver dúvidas, me mande um e-mail. Esse é o link do texto: http://www.revistaadventista.com.br/blog/2016/02/19/com-quantos-decibeis-se-faz-um-louvor/

abs.
Unknown disse…
Joêzer, não foi comigo que trocaste e-mails. Mas não vem mais ao caso.

Apenas pontuando algumas coisas. Lutero tinha preocupação com a letra e não com a melodia das canções. Isso implica que seja a letra da música condizente com a Bíblia não pode ser rejeitada por sua melodia. Nós temos uma carga cultural, principalmente a que recebemos quando crianças, que nos dá preferências quanto às melodias das músicas. Porém, a música sacra, assim como tudo que fazemos para Deus, requer a negação do "eu" e a adoção das preferências Divinas. É claro que não sabemos ao certo qual é o som do céu mas isso não impede que nos aproximemos.
Li o seu artigo, lá você trata do volume da música, dos decibéis, no entanto eu falo da associação da música sacra com a música secular, resultando numa mistura pecaminosa que muitos cristãos não sabem distinguir se é santo ou se é profano por justamente ter letras condizentes com a Palavra de Deus e a melodia conforme a que foram acostumados no mundo, logo, nada a escandalizar.
"Como se satanás trabalhasse a fim de escandalizar...", não é, irmão?
Por isso é importante nos atermos ao que diz a Bíblia e o Testemunho. A comparação com a melodia dos pássaros, para mim, não se refere aos decibéis e sim a melodia. É notório que algumas músicas passam longe dos sons emitidos pelos pássaros, não está em claros tons, às vezes nem é harmoniosa, mas são essas que mais fazem sucesso. Ouso dizer até que o som de certos instrumentos musicais são inaptos a se aproximar deles, no entanto isso é "passado por alto" na igreja.
Se cada congregação tem a liberdade que Lutero falou então podemos descartar a Palavra de Deus pois se torna relativa e subjetiva, além de subjulgada aos gostos de cada congregação.
joêzer disse…
Anderson, nenhuma carta de Lutero, nenhum documento, nenhum estudo apoia sua afirmação de que Lutero tinha preocupação com a letra e não com a melodia. No item 3 da minha primeira resposta a você, eu expliquei que naquele momento de TRANSIÇÃO (em q as igrejas deixavam de ser católicas para aderir ao protestantismo), ele queria que as pessoas prestassem atenção às letras que agora ensinavam a doutrina protestante, e menos à música, se era nova ou antiga.
Aliás, Lutero tinha muita preocupação com as melodias das canções, evitando associações com música profana. Lembre que ele é o autor de Castelo Forte.

outra coisa: naquela época, o único canto de origem sacra era o canto gregoriano da igreja católica medieval. os compositores luteranos foram estimulados a criar uma nova melodia, mais fácil para o povo cantar na igreja (já tentou aprender de ouvido um cantochão, um canto gregoriano, cantado em latim? pois era assim que o povo alemão se sentia nas missas)

Lutero escreveu sobre o modo como os compositores deviam fazer melodias nobres, dignas, sem associação com música profana. Ou seja, ele se preocupava bastante com o tipo de melodia que deveria ser cantada pelos protestantes.
joêzer disse…
Eu indiquei meu artigo pq você citou EGW e o canto dos pássaros como forma apropriada para se cantar na igreja. O artigo não é sobre decibéis, e sim sobre a forma entusiástica de se cantar na igreja. Quando toda a congregação canta com entusiasmo, o som que se ouve não é suave como o canto dos pássaros. Pelo contrário, soa forte como trovão, ou como o canto de muitos pássaros (quando um ou dois passarinhos cantam, é uma coisa suave; quando inúmeros passaros cantam, o barulho incomoda, não é mesmo?). É complicado usar uma metáfora que EGW utilizou como referência para toda a música cantada nas igrejas em todos os lugares e situações.

Por isso, mencionei no artigo que há momentos na igreja em que é preciso cantar mais suave, mais baixinho mesmo. E há outros hinos e cânticos que pedem força e vigor (como as música que citei lá no artigo).

Mostrei também que EGW ela falava do canto controlado pq muitas vezes ela estava em cultos em que as pessoas não cantavam corretamente, cada um achava que tinha cantar do seu jeito (não havia ainda a figura do regente congregacional, não havia hinários para todos, não tinha como projetar letra na parede, muitos eram analfabetos, poucos conheciam algo de música, não havia instrumentos disponíveis - eram caros para uma igreja que estava se organizando, e até o piano e o órgão eram censurados por várias razões). Assim, citei o relato do irmão Clarke, que assim como Ellen White, ficava insatisfeito com o modo desordenado como se cantava na igreja.

É nesse contexto que devemos observar a menção de canto como os pássaros.
Note que ela tinha palavras fortes contra quem fazia orações longas, sermões longos e tediosos.

de fato, muitas músicas (e não é de hoje) e o modo de cantá-las e tocá-las não parece adequado. os músicos realmente deveriam estar mais atentos ao modo como cada congregação se comporta em relação à música na igreja. há igrejas que não aceitam bateria, há igrejas que aceitam. algumas exageram na formalismo e no tradicionalismo; outras igrejas abusam da liberdade de uso de música e instrumentos. encontrar um meio termo, buscar a moderação (como John Wesley escreveu) é algo que todo músico e cantor na igreja precisa ter em mente.

por último, explico de novo. Lutero não falava em liberdade para descartar a Bíblia, nem que cada congregação fizesse o que bem quisesse. As igrejas alemãs do século 16 (época de Lutero) eram bem tradicionais. foi o caso da Igreja Adventista quando nasceu: os pioneiros não tinham música própria. O que fizeram? adaptaram quase todo o repertório das igrejas protestantes da época (metodistas, presbiterianos e batistas), mudando a letra quando precisavam ensinar doutrinas específicas (como o sábado, o santuário, o estado dos mortos).
OU seja, a preocupação naquele momento da IASD era ensinar a doutrina mudando a letra. Quando não precisava mudar a letra, os pioneiros mantiveram a letra original do hino. Você então vai dizer que EGW e os outros pioneiros não se preocupavam com a melodia, só com a letra? Não, né. Naquele momento específico da história da IASD havia maior preocupação com a correção teológica da letra. A melodia ou era a mesma dos outros protestantes ou era semelhante.
Do modo idêntico Lutero havia pensado.
Unknown disse…
Joêzer,

Vamos nos entender. O texto de citação de Ellen White tomado no seu contexto do momento em que ela citou indica realmente o que tu citaste, porém quando falo desta mesma citação procuro indicar o que ela disse de forma mais abrangente, levando em conta o tempo atual, e não o tempo de Lutero. Digo isso porque o rock, o jazz e as abominações nas músicas ou não existiam ou eram embriões no tempo dele, ao menos quando falamos de ambiente eclesiástico. Não acredito que Lutero tenha tido, nesse sentido, grandes preocupações com a melodia tanto que focou na questão de doutrina ensinada pelas canções. Assim também os pioneiros da IASD procederam, não havia grandes necessidades de revisar melodias que vieram desde o tempo de Lutero pois lá já havia essa delimitação de santo/profano. No tempo da irmã White é que começaram a surgir grupos religiosos usando melodias, ritmos e letras que não estavam de acordo com que havia na igreja e que estavam no mundo, daí que ela rebateu o uso dessas coisas pela igreja, aí que Deus passou a dar instruções acerca da música.
Não é contra o aproveitamento de hinos de uns pelos outros que estou falando contra, é contra o que está acontecendo nos nossos dias. Quando a irmã White fala que haveria danças, tambores na igreja justo antes do término do tempo da graça.
"O perigo dos entretenimentos mundanos – não é seguro para os obreiros de Deus tomar parte em diversões mundanas. Considera-se um dano para os guardadores do sábado associar-se com o mundo na música. Todavia alguns estão em terreno perigoso. Desse modo, Satanás leva homens e mulheres a se extraviarem ganhando o controle do inimigo que não se suspeita dos seus artifícios, e muitos membros da igreja tornam-se mais amantes dos prazeres do que amantes de Deus" – Manuscrito 82, 1900 – Conselhos Sobre Música, pág. 36

Em suma, o que quero dizer é que a música sacra deveria ser completamente diferente da música do mundo, em letra, em melodia, em harmonia e em ritmo. É perigoso, portanto, para os nosso dias, que se diga "Que cada igreja tenha a música segundo seu próprio livro e costume", a não ser que se saiba qual é o livro e qual é o costume e quais as divergências e concordâncias quem estes com a Palavra de Deus, eu conheço um Deus organizado que permite que a diversidade exista mas dentro de um limite.
E, ainda, o próprio Lutero diz no texto que não estão interessados em mudar a música e sim a letra. Não entendi o que queres dizer quando falas que ele também tinha preocupação com a melodia, isso não está no texto que publicaste. Se puderes me relatar algo novo sobre isso, agradeço.
joêzer disse…
Anderson,
não havia rock nem jazz no século 16, amigo. por favor.

Os pioneiros não cantavam músicas de Lutero (talvez uma ou duas - não me recordo se Castelo Forte já está nos primeiros hinários publicados pelos adventistas no século 19). A música que eles cantavam era quase que inteiramente ou do fim do século 18 (entre esses hinos havia músicas de Isaac Watts, cânticos mileritas e reavivalistas) ou do século 19 (hinos de Lowell Mason, Hastings, Belden, Root e tantos outros). Havia alguns hinos adaptados de canções seculares (até hoje constam alguns deles no seu hinário: Lindo País, Saudade e Oh Quão Doces as Novas), de trechos de óperas (A Escola Sabatina), música clássica (Jubilosos Te adoramos, Grandes Coisas mui Gloriosas) e hinos de origem metodista, presbiteriana e batista.

Sabe quem eram os editores desses hinários? Tiago White, Urias Smith e depois Frank Belden, sobrinho de Ellen White. Ela nunca fez um comentário contra esses hinos. Se fosse algo realmente importante e decisivo, você acredita que ela teria sido inspirada a escrever algum texto sobre esse assunto, certo? Mas não há nada a respeito.

Por fim, quando citei o que Lutero disse( 'cada igreja tenha a música segundo seu costume e livro') eu não relacionei aos dias atuais. Isso estava relacionado a seu tempo, às necessidades daquela época de tantas mudanças. Quando ele diz que o importante é mudar a letra e não a música, é porque a música não era objeto de polêmica, e sim a nova letra que falava de doutrinas protestantes.

Isso eu expliquei no comentário anterior quando eu disse que os pioneiros adventistas usaram a música de outras igrejas e mudaram partes da letra para se adequar às doutrinas peculiares adventistas. Quando a letra não se chocava com nenhuma doutrina adventista, cantava-se a letra original da outra igreja. Foi nesse sentido que Lutero estava falando de letra e de música. E ela fala sobre isso SOMENTE nessa citação que eu fiz, porque uma frase é continuação da outra (sugiro que leia a frase inteira, se for o caso)

Referências sobre o trabalho musical de Lutero e a importância da música e não só da letra você pode achar fartamente na internet. Há trabalhos acadêmicos sérios a respeito, sites com boa fundamentação também (experimente digitar "Lutero e a música" no google). Há um livro em português chamado Lutero e a Música: Paradigmas de Louvor, de Carl Schalk. abs.

Unknown disse…
Ok, obrigado Joêzer, pela resposta e diálogo respeitoso.
Apenas um ponto vou me alongar agora: Não disse que rock e jazz existiam no tempo de Lutero, por favor releia a minha publicação. Referi ali que não havia necessidade de preocupação com as melodias pois o que havia no mundo secular não havia ainda se distanciado do que poderia ser aproveitado pela igreja pois ainda no tempo de Lutero não havia rock ou jazz ou eram apenas embriões, muito menos as formas híbridas desses gêneros. Foi no tempo de Ellen White que isso começou a ser ponto de preocupação tanto que foi neste tempo que Deus achou para o nosso bem o levantar de um profeta a fim de nos indicar qual era o caminho em relação a música, dentre outros tantos pontos essenciais para nosso tempo. Por isso, quando vi o artigo de Lutero e sua possível aplicação aos nossos dias achei que alguns pontos deviam ser esclarecidos, e por causa disso falei do perigo de se ter no texto o "cada igreja tenha a música segundo seu costume e livro". Mas confesso que talvez não tenha entendido o propósito da tua publicação. Aguardarei outros artigos para ver como acreditas ser a música cristã.

Abraços.

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