Na Academia Grega de Letras e Filosofia, os jovens estudantes assentavam-se aos pés de um mestre qualquer, tipo Platão, Sócrates e Zico, quer dizer, Demócrito, e ali saíam da caverna do senso comum para a república da práxis filosófica. Que fique claro que mesmo no berço dórico da democracia, o indivíduo que recomendasse o estudo de si mesmo ("conhece-te a ti mesmo")antes de discursar aos outros, principalmente para elementos lépidos no acusar mas lerdos no refletir, corria o risco de sair da vida e entrar para a História com gosto de cicuta na boca. Nessa Academia, onde Sarney e Paulo Coelho não passaram na peneira e rumaram para os trópicos, até o apóstolo Paulo sentou-se aos pés do sábio Gamaliel.
Pois, Nossa Excelência Presidencial, o sábio Lula, o Nosso Guia, na alcunha de Elio Gaspari, já pode contratar seu exu-writer (ghost-writer é para romances abolerados do tipo Zélia e Bernardo Cabral) para compor suas memórias a partir do seu inventário, ou anedotário, de frases e sentenças quando no pleno exercício de suas faculdades discursivas. Já adianto o título: "Lula: um microfone na mão e um improviso na cabeça". Ou um simples: "Assim Disse Lula".
A Marcha da História do nosso self-made-president poderia começar com a constatação tardia mas emocionante porque mãe é mãe: "eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta" (sim, ele disse mesmo essa frase).
Mesmo que Nosso Sábio não tenha tido lá grandes oportunidades escolares e, assim como Ronaldinho, Tiazinha e bigbrothers, tenha conquistado a fama com dotes não-acadêmicos, ele ressalta: "Não é mérito, mas, pela primeira vez na história da República, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário. Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais." Talvez por esse reconhecimento aos dias letivos, o seu governo ande contratando jogadores de futebol e cantores de axé pra incentivar a garotada na trilha do saber (diz a cantora com um livro na mão: "leia, menino; e vire um anônimo sem grana").
Se Lula leu, não sei. Mas que Lula voa, ah, isso voa. Nessas viagens, ele aproveita para exibir, envaidecido, seu conhecimento histórico-geográfico: "O Brasil só não faz fronteira com Chile, Equador e Bolívia." (talvez por isso a falta de vigilância nos 3.000 km de fronteira com o país de Evo Morales)
"O continente sul-americano e o continente árabe(??) não podem mais, no século XXI, ficar à espera de serem descobertos." (e era uma vez Cabral)
"Conheço o Panamá só de dormir. Até recentemente, sempre que eu ia a Cuba, tinha que dormir uma noite lá". (elogio para o embaixador do Panamá, durante encontro em Brasília)
"O Atlântico é apenas 'um rio caudaloso, de praias de areias brancas', que une nossos dois países" ( Lula encharcado de poesia no Gabão)
"Estou surpreso porque, quem chega a Windhoek, não parece que está num país africano" (nem adiantou o presidente da Namíbia puxar Lula pelo braço)
"Quando Napoleão foi à China" (é verdade. O general francês devia estar na comitiva de Marco Polo e foi de lá que importou o costume confuciano de posar com a mão pra dentro da jaqueta!).
As memórias operário-presidenciais não deixariam de fora sua sensibilidade quando encontrou-se com atletas paraolímpicos: "Todos vocês vão competir a uma vaga para Antenas (sic)? E quem é que acha que vai ganhar? Levante a mão aí para ver".
Claro que seu cavalheirismo cabra-macho não seria esquecido :"... a galega (a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva) engravidou logo no primeiro dia, porque pernambucano não deixa por menos". Lula disse esta delicadeza em Pelotas, onde ele teria colocado em xeque a insuspeitável virilidade da cidade gaúcha anos antes, digo, tempos antes.
A última de Lula, última no sentido "até agora", foi declarar que, em matéria de combate à AIDS, não se deve levar em conta "o que a Igreja diz, o que a família diz". Ouviram, meninos e meninas? Em relação ao sexo, "preservativo tem que ser doado e ensinado como usar. Sexo tem que ser feito e ensinado como fazer. Somente assim, nós seremos um país livre da Aids e de outras doenças infecciosas." Minha vó diria que se pega doença é com sem-vergonhice. Mas tudo bem. Minha vó não estudou, mas também não conseguiu ser presidente.
Então, deixemos ao governo sábio a tarefa de ensinar ao brasileiro as delícias do sexo plastificado e casual. Relacionamento sensato, responsabilidade sexual, essas coisas ultrapassadas o governo também pode ensinar, ou deixar pra depois. Há hipocrisia em famílias e igrejas? Sem dúvida. Mas uma instituição tão corrompida e sem credibilidade moral querer educar os filhos da pátria aí já é algo pra se refletir com mais seriedade.
Lula, o sábio, acredita que o preservativo é a panacéia sexual. Como se fosse simples assim. Mas pra alguém que já andou filosofando que " o governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil", está revelando o seu pensamento. E o pensamento é a sala de ginástica da ação.
Pois, Nossa Excelência Presidencial, o sábio Lula, o Nosso Guia, na alcunha de Elio Gaspari, já pode contratar seu exu-writer (ghost-writer é para romances abolerados do tipo Zélia e Bernardo Cabral) para compor suas memórias a partir do seu inventário, ou anedotário, de frases e sentenças quando no pleno exercício de suas faculdades discursivas. Já adianto o título: "Lula: um microfone na mão e um improviso na cabeça". Ou um simples: "Assim Disse Lula".
A Marcha da História do nosso self-made-president poderia começar com a constatação tardia mas emocionante porque mãe é mãe: "eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta" (sim, ele disse mesmo essa frase).
Mesmo que Nosso Sábio não tenha tido lá grandes oportunidades escolares e, assim como Ronaldinho, Tiazinha e bigbrothers, tenha conquistado a fama com dotes não-acadêmicos, ele ressalta: "Não é mérito, mas, pela primeira vez na história da República, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário. Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais." Talvez por esse reconhecimento aos dias letivos, o seu governo ande contratando jogadores de futebol e cantores de axé pra incentivar a garotada na trilha do saber (diz a cantora com um livro na mão: "leia, menino; e vire um anônimo sem grana").
Se Lula leu, não sei. Mas que Lula voa, ah, isso voa. Nessas viagens, ele aproveita para exibir, envaidecido, seu conhecimento histórico-geográfico: "O Brasil só não faz fronteira com Chile, Equador e Bolívia." (talvez por isso a falta de vigilância nos 3.000 km de fronteira com o país de Evo Morales)
"O continente sul-americano e o continente árabe(??) não podem mais, no século XXI, ficar à espera de serem descobertos." (e era uma vez Cabral)
"Conheço o Panamá só de dormir. Até recentemente, sempre que eu ia a Cuba, tinha que dormir uma noite lá". (elogio para o embaixador do Panamá, durante encontro em Brasília)
"O Atlântico é apenas 'um rio caudaloso, de praias de areias brancas', que une nossos dois países" ( Lula encharcado de poesia no Gabão)
"Estou surpreso porque, quem chega a Windhoek, não parece que está num país africano" (nem adiantou o presidente da Namíbia puxar Lula pelo braço)
"Quando Napoleão foi à China" (é verdade. O general francês devia estar na comitiva de Marco Polo e foi de lá que importou o costume confuciano de posar com a mão pra dentro da jaqueta!).
As memórias operário-presidenciais não deixariam de fora sua sensibilidade quando encontrou-se com atletas paraolímpicos: "Todos vocês vão competir a uma vaga para Antenas (sic)? E quem é que acha que vai ganhar? Levante a mão aí para ver".
Claro que seu cavalheirismo cabra-macho não seria esquecido :"... a galega (a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva) engravidou logo no primeiro dia, porque pernambucano não deixa por menos". Lula disse esta delicadeza em Pelotas, onde ele teria colocado em xeque a insuspeitável virilidade da cidade gaúcha anos antes, digo, tempos antes.
A última de Lula, última no sentido "até agora", foi declarar que, em matéria de combate à AIDS, não se deve levar em conta "o que a Igreja diz, o que a família diz". Ouviram, meninos e meninas? Em relação ao sexo, "preservativo tem que ser doado e ensinado como usar. Sexo tem que ser feito e ensinado como fazer. Somente assim, nós seremos um país livre da Aids e de outras doenças infecciosas." Minha vó diria que se pega doença é com sem-vergonhice. Mas tudo bem. Minha vó não estudou, mas também não conseguiu ser presidente.
Então, deixemos ao governo sábio a tarefa de ensinar ao brasileiro as delícias do sexo plastificado e casual. Relacionamento sensato, responsabilidade sexual, essas coisas ultrapassadas o governo também pode ensinar, ou deixar pra depois. Há hipocrisia em famílias e igrejas? Sem dúvida. Mas uma instituição tão corrompida e sem credibilidade moral querer educar os filhos da pátria aí já é algo pra se refletir com mais seriedade.
Lula, o sábio, acredita que o preservativo é a panacéia sexual. Como se fosse simples assim. Mas pra alguém que já andou filosofando que " o governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil", está revelando o seu pensamento. E o pensamento é a sala de ginástica da ação.
Comentários
resenhado por Marcelo Beraba
“A imprensa adora uma gafe. Gafe é o erro, o escorregão, o disparate, o deslize verbal incontido num discurso de improviso ou numa declaração impensada. Gafe é humor ou insulto, é a situação constrangedora, a demonstração pública de falta de sensibilidade ou de cultura. Agrada porque passa a idéia de que não somos piores que os escolhidos, somos todos igualmente ignorantes.
Os leitores adoram gafes, a se levar em conta a importância que a imprensa dedica aos disparates. Que são mais saboreados e comentados quando saem de um presidente da República. Luiz Inácio Lula da Silva cometeu muitas gafes. Fernando Henrique Cardoso, idem (uma coluna de Janio de Freitas, de 19/12/2001, dizia que FHC ‘é um caso muito particular de sofreguidão verbal. Sua capacidade de ser inadequado na verborragia incontível, arruinando-se tanto nas idéias que não controla como nas palavras que não contém, tem produzido um anedotário de gafes poliglóticas que terminam revelando mais de seu autor do que os modos comuns o fazem’). George W. Bush, então, nem se fala.
Ana Augusta