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outra leitura: cristãos no mundo pós-moderno

É bom ler um texto que não sai espancando a pós-modernidade sem maiores explicações, mas em vez disso, aponta suas deficiências e potencialidades e ainda nos diz para reformularmos nossas ações para melhor espelhar o cristianismo nesses tempos.

Não podemos querer viver como se vivia há cem anos. Eu não sou do grupo que adoraria viver sem telefone, internet, água encanada e cartão de débito. Como dar relevância e sentido hoje à mensagem cristã? É necessário repensar estratégias de aproximação com pessoas que desconhecem ou desqualificam o cristianismo da Bíblia. O mundo virtual, a música, os livros (e sobretudo uma vida honesta e digna) podem fazer muito. Em um texto sucinto, mas não superficial, Michelson Borges delineia alguns aspectos da pós-modernidade e sugere uma mudança de atitude, mas não de princípios e valores, no "ide ao mundo e levai as boas novas".

Uma frase do texto: Mas não podemos ser nostálgicos a ponto de querer retornar à modernidade. Temos que pregar o evangelho no contexto em que estamos inseridos, e esse é o pós-moderno. A apologética ainda tem o seu lugar, tendo em vista que os que desafiam as bases racionais da fé (os herdeiros do Iluminismo) continuam por aí. Por isso, os cristãos devem se valer de todos os meios possíveis para divulgar a superioridade da Bíblia Sagrada, aproveitando-se dos poderosos recursos da era da informação. Mas nunca é demais lembrar que isso não basta para o pós-moderno.

Vale a pena ler o texto na íntegra no site Outra Leitura:

A imagem acima é do poema "Pós-Tudo", de Augusto de Campos, citado aqui

Comentários

caro joêzer,
acredito que o texto do Michelson seja interessante, mas o considera profundamente unilateral. não é somente o cristianismo que produz bons cidadãos, e o que ele considera ser um bom método para atrair o pós-moderno é uma pessoa educada, respeitosa, com princípios, etc... enfim, um bom cidadão... este bom cidadão, no entanto, poderá ser encontrado no espiritismo, no islamismo, no budismo, no shintoismo, no confucionismo, no panteismo, etc., etc., etc.
acredito que precisamos de uma abordagem um pouco mais consistente do que isso para fazer alguma diferença... senão seremos objeto de admiração, mas nada mais... e se este for o único motivo, qualquer pessoa admirável será o meio de 'conversão' para a sua ideologia...
não sei se me fiz claro...
forte abraço e feliz Sábado
shalom
joêzer disse…
amigo andré,
também creio que não basta ser um bom cidadão para fazer a diferença. o problema é que há muita gente vem afirmando que o cristão não é um bom cidadão, sendo alguém apenas 'manipulável' e sectário. essa é a imagem mais conhecida de católicos e evangélicos (estes, vistos sem diferenciação denominacional alguma pelos não-cristãos).

por isso, creio que ser um bom cidadão e valorizar princípios já é um ponto de partida. mas creio que nada mais que um ponto de partida.
entendi tb que ele sugere a adoção de novas estratégias de atuação, como o uso do mundo virtual.
boa semana
André Reis disse…
O que acho interessante também é que Michelson Borges discorda dele mesmo ao falar sobre música sacra. Ele claramente prefere estilos musicais clássicos ou tradicionais ao criticar estilos de música que falam à mente pós-moderna:

http://restaumaesperanca.blogspot.com/2009/10/entrevista-concedida-por-michelson.html

Aí ele se baseia nas velhas e surradas "pesquisas científicas" que não convencem.

Por que será que o assunto música acaba cegando as pessoas?

De repente, quem era equilibrado ou profundo se torna superficial e rasteiro.

Gostaria de saber por quê.
joêzer disse…
andré,
é interessante perceber como algumas pessoas podem ter um senso estético bem desenvolvido em relação à música, por exemplo, e serem absolutamente conservadoras quanto à filmes ou artes plásticas (ou vice-versa).
acho que isso pode acontecer em relação a outras áreas do pensamento, como o fato de alguém ser profundo num assunto e ser bastante leigo em outro, o que pode influenciar uma visão parcial desse outro assunto.
como música é vista como uma questão de gosto, então é possível que as pessoas se fixem em seus gostos culturais e liguem esses gostos a uma noção de reverência e santidade que desenvolveram em sua vida cristã.
the debate goes on and on
André Reis disse…
Até aí tudo bem, o problema é querer anexar valores morais à música, algo que os Gregos faziam no período clássico mas viram que não tinha fundamento.

Pior ainda é que a pessoa se torna "autoridade" em assunto, "criacionismo" que acaba sendo transferida para outros assuntos, como "música".

Creio que o fato de e Igreja abrir as portas para irmãos palestrar em assuntos que claramente não são seu metier mostra a igreja tenha grande necessidade de profissionais que se atenham às suas áreas e beneficiem a Igreja dessa forma.

Tem advogado dando palestra de música, professor de administração falando sobre profecia e por aí vai.

Um abraço.
joêzer disse…
è vero. música enquanto sequência de sons ou notas musicais não tem valor moral. mas como a música sempre está dentro de um contexto social e sempre é produzida pelo homem, um ser moral, então é evidente que uma música pode contradizer ou afirmar valores cristãos, por exemplo.
Edward Said dizia que é preciso uma mente madura para entender que Wagner foi um gênio musical e também um crápula.
sinceramente, pra mim é difícil separar o homem antissemita do gênio da ópera, então vai ver que eu não sou maduro mesmo.rsrs
pra muita gente é difícil separar a referencialidade moral de boa parte do pop/rock quando esse estilo é adotado pelos cristãos.
assisti a uma palestra do michelson (sobre criacionismo), e ele foi profundo e mente aberta. quanto o assunto é música, pode ser que entra aquilo que eu falei da referencialidade.
André Reis disse…
Não subscrevo totalmente à idéia de que música per se influencia moralmente, a despeito de o músico ser um ser moral. Sou do time de Paulo que recomendava "canções espirituais" (Ef. 5; Col. 3) que pressupõem um TEXTO.

Creio que aí Paulo reconhece (influência helenística pós-clássica) que o poder da música está mais no TEXTO explícito e muito secundariamente no SUBTEXTO = música instrumental, acordes, nuances, auras etc...
acredito que as associações pessoais e(ou) culturais de fato determinam de como a música será recebida. isso me leva a pesquisar bem qual o meu público alvo para que eu consiga elevar o maior grupo possível na adoração coletiva. I Co 11:23-24
na adoração pessoal e particular o agente determinante sou eu, o que me eleva, mas na adoração coletiva o todo é o meu alvo...
forte abraço
shalom
joêzer disse…
também gosto de pensar que a atuação do músico na coletividade da congregação pode ser diferente de sua atuação para um grupo etário ou subcultural específico.

os teóricos Leonard Meyer e o Umberto Eco afirmam que a música denota (e conota) sentidos e referenciais inscritos culturalmente.
os compositores do cinema sabem que intervalos e timbres podem atuar como SUBTEXTO no discurso cinematográfico e com isso influenciam nossa recepção.
no discurso litúrgico talvez esse fenômeno ocorra de forma semelhante.
a estudar...
André Reis disse…
Sem dúvida o contexto, as associações pessoais e coletivas determinam o valor da música sacra [textualizada].

Só nos falta discernimento pra entender quando uma música seria relevante ou ineficaz em determinados contextos.

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