Fiz de propósito. Recusei-me terminantemente, como se isso fizesse diferença, a ler qualquer notícia sobre o julgamento do casal Nardoni. Mas foi impossível ficar imune a tamanho bombardeio midiático. Aliás, foi uma retomada da cobertura do caso. O clamor do povo encolerizado, os repórteres sentimentais, os teleapresentadores raivosos espumando indignação, as teleapresentadoras comportadas fazendo carinha de santa compadecida, tudo igual posto que só existe retweet de notícia velha debaixo do sol. Mas não escapei ileso. Vi uma repórter referindo-se ao momento em que a mãe da menina Isabela, Ana Carolina Oliveira, falou ao júri mais ou menos assim: “Foi um depoimento emocionado, a mãe chorou várias vezes e até uma jurada derramou uma lágrima”. E ainda é preciso ter diploma de jornalista pra falar uma pieguice deslavada como essa! Não questiono o teor emocional do caso. Afinal, trata-se de uma mãe chorando a perda de uma filha, talvez a maior dor que possa existir. Mas o que faziam...
Música, mídia, cultura.