Na dinâmica do mundo moderno há uma pergunta sempre recorrente: como tornar o evangelho de Cristo pertinente para a “sociedade do espetáculo”, para uma juventude bombardeada por um fluxo incessante de imagens e signos atraentes e de claros estímulos não-bíblicos?
Para atender às expectativas modernas, muitos líderes e músicos cristãos inserem-se na corrente do pragmatismo. Ou seja, usam novas estratégias, empregam novos meios para alcançar os velhos fins – entenda-se “velhos fins” por tentativa honesta de divulgar a mensagem cristã, mas também por velhas finalidades de enriquecimento através da boa-fé alheia. Não obstante, segundo Wolgang Stefani, “ninguém pode duvidar da sinceridade daqueles que advogam essa abordagem [o pragmatismo], nem depreciar sua ‘utilidade’ e ‘resultados’ (aspas do autor), e deve-se considerar seus resultados significativos (Música Sacra, cultura e adoração, 2006, p. 13).
Calvin Johannson aponta falhas mais sérias na abordagem pragmática, como:
1) a desconsideração de normas e padrões resulta na transferência do controle da qualidade e da legitimidade para o gosto do público;
2) a auto-contradição do pragmatismo enquanto negadora dos padrões absolutos, mas promotora incontestável do relativismo;
3) a utilização da música como ferramenta manipuladora em substituição a ação do Espírito Santo.
Considerações quanto à indicação número 1 de Johannson:
a) Não se pode esquecer que Lutero, Lowell Mason e Ira Sankey promoveram mudanças significativas na música sacra concedendo espaço ao “gosto” da congregação;
b) Pode-se verificar um discurso marcado pelo preconceito social ao definir-se o “gosto do público” como responsável pela perda de qualidade musical. Afirma-se ainda que esse “gosto” público não pode ser legitimado. Mas quem é que pode legitimar a estética e o gosto musical? Os privilegiados pelo acesso à educação musical? As regiões geopoliticamente favorecidas? As classes modeladas pelo saber europeu?
Quanto à indicação número 3, pode-se ressaltar a quantidade de palestras e sermões que empregam a música como ferramenta para influenciar escolhas e decisões (qual pianista de igreja não ouviu o pedido para tocar uma suave música de fundo na hora final de um culto?). A afirmativa de Johannson traduz a propalada dicotomia entre razão e emoção, sugerindo-se dessa forma uma livre escolha racional (pela palavra) em contraste com uma submissão emocional (pela música).
Tal discurso permeia muitas palestras bem-intencionadas que acabam sendo descuidadas na sua abordagem dos efeitos psicofisiológicos da música, que tratam o ser humano (em especial, a juventude) como objeto de fácil hipnose musical e moral e apontam mais proibições do que orientam positivamente, além de deixarem para a ciência todas as respostas.
Por outro lado, há diversos grupos musicais conhecidos pelos seus momentos de extremada e planejada comunhão. Em tais momentos, nota-se claramente o estímulo a evasão racional ou fuga dos níveis imediatos da consciência através da sugestão de forte concentração (no fechar de olhos, como na oração), da alteração da fala (que pode ir da voz embargada à glossolalia – falar em línguas desconhecidas), da performance física (visível na expressão facial de contrição e no gestual do corpo), e também da repetição prolongada de frases cantadas (no refrão interminável) ou faladas (nas longas orações de intercessão com um fundo instrumental).
Para atender às expectativas modernas, muitos líderes e músicos cristãos inserem-se na corrente do pragmatismo. Ou seja, usam novas estratégias, empregam novos meios para alcançar os velhos fins – entenda-se “velhos fins” por tentativa honesta de divulgar a mensagem cristã, mas também por velhas finalidades de enriquecimento através da boa-fé alheia. Não obstante, segundo Wolgang Stefani, “ninguém pode duvidar da sinceridade daqueles que advogam essa abordagem [o pragmatismo], nem depreciar sua ‘utilidade’ e ‘resultados’ (aspas do autor), e deve-se considerar seus resultados significativos (Música Sacra, cultura e adoração, 2006, p. 13).
Calvin Johannson aponta falhas mais sérias na abordagem pragmática, como:
1) a desconsideração de normas e padrões resulta na transferência do controle da qualidade e da legitimidade para o gosto do público;
2) a auto-contradição do pragmatismo enquanto negadora dos padrões absolutos, mas promotora incontestável do relativismo;
3) a utilização da música como ferramenta manipuladora em substituição a ação do Espírito Santo.
Considerações quanto à indicação número 1 de Johannson:
a) Não se pode esquecer que Lutero, Lowell Mason e Ira Sankey promoveram mudanças significativas na música sacra concedendo espaço ao “gosto” da congregação;
b) Pode-se verificar um discurso marcado pelo preconceito social ao definir-se o “gosto do público” como responsável pela perda de qualidade musical. Afirma-se ainda que esse “gosto” público não pode ser legitimado. Mas quem é que pode legitimar a estética e o gosto musical? Os privilegiados pelo acesso à educação musical? As regiões geopoliticamente favorecidas? As classes modeladas pelo saber europeu?
Quanto à indicação número 3, pode-se ressaltar a quantidade de palestras e sermões que empregam a música como ferramenta para influenciar escolhas e decisões (qual pianista de igreja não ouviu o pedido para tocar uma suave música de fundo na hora final de um culto?). A afirmativa de Johannson traduz a propalada dicotomia entre razão e emoção, sugerindo-se dessa forma uma livre escolha racional (pela palavra) em contraste com uma submissão emocional (pela música).
Tal discurso permeia muitas palestras bem-intencionadas que acabam sendo descuidadas na sua abordagem dos efeitos psicofisiológicos da música, que tratam o ser humano (em especial, a juventude) como objeto de fácil hipnose musical e moral e apontam mais proibições do que orientam positivamente, além de deixarem para a ciência todas as respostas.
Por outro lado, há diversos grupos musicais conhecidos pelos seus momentos de extremada e planejada comunhão. Em tais momentos, nota-se claramente o estímulo a evasão racional ou fuga dos níveis imediatos da consciência através da sugestão de forte concentração (no fechar de olhos, como na oração), da alteração da fala (que pode ir da voz embargada à glossolalia – falar em línguas desconhecidas), da performance física (visível na expressão facial de contrição e no gestual do corpo), e também da repetição prolongada de frases cantadas (no refrão interminável) ou faladas (nas longas orações de intercessão com um fundo instrumental).
Sobre esse aspecto, confira o livro de Magali Cunha, Explosão gospel, sobre o cenário evangélico brasileiro, o trabalho de Sandra R. Nascimento (UFG), O ‘padrão psico-musical’ dos contextos religiosos: a mensagem subliminar de uma manifestação musical, ou Cristãos em busca de êxtase, de Vanderlei Dorneles.
Além da idéia de pragmatismo na música cristã, outra abordagem é o esteticismo, que considera que os valores estéticos garantem a qualidade e a arte necessária para uma aceitável adoração a Deus (Música Sacra,..., p. 11). Para Wolfgang Stefani, porém, a medida do que é esteticamente superior tende a ser determinada subjetivamente assim como é difícil precisar o que é de alta qualidade artística. Isto acontece devido a crescente afirmação das identidades locais e ao forte dinamismo dos padrões de estilo musical.
O esteticismo também pode ser nefasto quando um produtor musical insere um certo arranjo ou um cantor utiliza determinado recurso vocal como artifício exibicionista. Nelson Freire, um dos maiores pianistas da atualidade, disse que “o mais importante é a música e não o que eu faço com ela”. Às vezes, o esteticismo pode se tornar uma derivação nefasta do pragmatismo quando a mensagem desaparece diante do marketing vocal e instrumental em torno dela. Mesmo assim, fica a pergunta: como dar sentido ao evangelho de Cristo no mundo moderno sem recorrer aos recursos de atração secularizantes?
Contudo, enquanto diversos cantores se acomodam numa ou noutra abordagem, às vezes o primordial é esquecido: o sentido de missão. Deve-se estar atento às táticas apelativas do emocionalismo. É preciso estar vigilante quanto às estratégias modernosas de assimilação da música pop e evitar exageros quanto à adoção natural de estilos contemporâneos. Mas, sobretudo, é tão necessário para alguns despojar-se das muletas da auto-publicidade artístico-musical quanto é urgente para todos desvencilhar-se da carapaça do criticismo autoritário e vestir o manto da orientação bíblico-construtiva.
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