Os filmes viraram apenas um motivo pra se reunir os amigos e conversar, comer,...Filme? Que filme? No dia seguinte, quase ninguém se lembra do título do filme, que era com aquele, eh, que tinha aquela cena em que, eh, deixa pra lá, próximo fim de semana a gente aluga aquele que todo mundo já viu, qual?, aquele com aquela menina, eh,...
Porém, o problema não está apenas com aquele tipo de platéia que só consegue assistir a filmes com o mocinho e o vilão bem discerníveis, história bem linearzinha, e tiros, muitos tiros, ou piadas velhas, muitas piadas velhas e mal contadas, efeitos visuais espetaculares, muitos efeitos.
A outra ponta do problema são os filmes vendidos como se fossem o único tipo de cinema possível. São filmes que fazem questão de dizer que só um tipo de cinema existe: o cinema monoglota, aquele cujas balas e óculos escuros só falam inglês. Em filmes assim, uma cena dura pouco mais que alguns centésimos de segundo, outras cenas disputam para saber qual atinge os mais altos decibéis, e quase todas apresentam QI de uma bolha de sabão.
O cinema americano de ação e ficção viciou os olhos do mundo, banalizando o grande diferencial do cinema em relação às outras formas de arte: a edição. Ao acelerar cada vez mais os cortes de cena, esses filmes viciam os olhos e o hipotálamo numa montanha-russa emocional e visual; ao infantilizar as histórias, dão ao espectador aquilo que supostamente ele mais deseja, ou seja, uma narrativa que se entenda com o cérebro em ponto morto; ao vulgarizar o amor e o erotismo, rebaixam os relacionamentos humanos a um encontro entre um torso malhado e uma cintura de tanquinho; ao banalizar a violência, as sensibilidades se tornam tão pétreas quanto um punho do Steven Seagal (alguém aí já percebeu que esses moços, pobres moços, desses filmes parecem repetir o tempo todo o mantra “espelho, espelho meu, quem tem mais testosterona do que eu”?).
Não assisti o filme Transformers, e nem irei até ele na videolocadora – talvez se ele vier até mim gratuitamente numa sessão insone da Tela Quente... Pode ser que esse filme seja até divertido, mas de tanto barulho que faz, seja pelo marketing agressivo ou pelo ruído ensurdecedor de seus efeitos sonoros, peguei o filme pra Judas. Transformers representa o tipo de filme onde se dá o casamento entre a tecnologia digital e o emburrecimento formal (não confundir com “aborrecimento”, um pecado em qualquer esfera da arte). Esse matrimônio é abençoado por Santo Spielberg, padroeiro dos efeitos impossíveis, e os convidados costumam se divertir bastante à base de milho com sal e xarope gelado de cafeína com gás.
Essa espécie de filme é semelhante a um bolo de noiva: muito glacê e nenhum valor nutritivo. Não que os bufês de casamento tenham que ser nutricionalmente corretos – afinal, qual é a graça de uma recepção de casamento onde não se pode nem falar mal da comida? Mas assim como o bolo de noiva não é a única dieta alimentar, assim também os filmes “bolos-de-noiva” não são a única forma de cinema que há.
O historiador Eric Hobsbawn escreveu que, por medo de parecer anti-democrático, o crítico moderno não sabe ou não quer dizer se Shakespeare é melhor ou superior que Batman. Por isso, a hora vem e já chegou em que os adoradores de efeitos especiais colocarão na tela um Ricardo III de tríceps bombado urrando: “Meu reino por um transformer! Meu reino por um transformer!”. Se bem que as crianças já gritam assim mal pisam num shopping.
Porém, o problema não está apenas com aquele tipo de platéia que só consegue assistir a filmes com o mocinho e o vilão bem discerníveis, história bem linearzinha, e tiros, muitos tiros, ou piadas velhas, muitas piadas velhas e mal contadas, efeitos visuais espetaculares, muitos efeitos.
A outra ponta do problema são os filmes vendidos como se fossem o único tipo de cinema possível. São filmes que fazem questão de dizer que só um tipo de cinema existe: o cinema monoglota, aquele cujas balas e óculos escuros só falam inglês. Em filmes assim, uma cena dura pouco mais que alguns centésimos de segundo, outras cenas disputam para saber qual atinge os mais altos decibéis, e quase todas apresentam QI de uma bolha de sabão.
O cinema americano de ação e ficção viciou os olhos do mundo, banalizando o grande diferencial do cinema em relação às outras formas de arte: a edição. Ao acelerar cada vez mais os cortes de cena, esses filmes viciam os olhos e o hipotálamo numa montanha-russa emocional e visual; ao infantilizar as histórias, dão ao espectador aquilo que supostamente ele mais deseja, ou seja, uma narrativa que se entenda com o cérebro em ponto morto; ao vulgarizar o amor e o erotismo, rebaixam os relacionamentos humanos a um encontro entre um torso malhado e uma cintura de tanquinho; ao banalizar a violência, as sensibilidades se tornam tão pétreas quanto um punho do Steven Seagal (alguém aí já percebeu que esses moços, pobres moços, desses filmes parecem repetir o tempo todo o mantra “espelho, espelho meu, quem tem mais testosterona do que eu”?).
Não assisti o filme Transformers, e nem irei até ele na videolocadora – talvez se ele vier até mim gratuitamente numa sessão insone da Tela Quente... Pode ser que esse filme seja até divertido, mas de tanto barulho que faz, seja pelo marketing agressivo ou pelo ruído ensurdecedor de seus efeitos sonoros, peguei o filme pra Judas. Transformers representa o tipo de filme onde se dá o casamento entre a tecnologia digital e o emburrecimento formal (não confundir com “aborrecimento”, um pecado em qualquer esfera da arte). Esse matrimônio é abençoado por Santo Spielberg, padroeiro dos efeitos impossíveis, e os convidados costumam se divertir bastante à base de milho com sal e xarope gelado de cafeína com gás.
Essa espécie de filme é semelhante a um bolo de noiva: muito glacê e nenhum valor nutritivo. Não que os bufês de casamento tenham que ser nutricionalmente corretos – afinal, qual é a graça de uma recepção de casamento onde não se pode nem falar mal da comida? Mas assim como o bolo de noiva não é a única dieta alimentar, assim também os filmes “bolos-de-noiva” não são a única forma de cinema que há.
O historiador Eric Hobsbawn escreveu que, por medo de parecer anti-democrático, o crítico moderno não sabe ou não quer dizer se Shakespeare é melhor ou superior que Batman. Por isso, a hora vem e já chegou em que os adoradores de efeitos especiais colocarão na tela um Ricardo III de tríceps bombado urrando: “Meu reino por um transformer! Meu reino por um transformer!”. Se bem que as crianças já gritam assim mal pisam num shopping.
Comentários
não se trata de proibir tv ou cinema, mas se ensinar a ver tv e cinema, pois é assim que as falsas escolhas, os falsos programas serão deletados da nossa programação diária.
gostei do seu blog.
Para distração e recreação, nada como um "filme de mulher", qualquer um com Julia Roberts e, principalmente, Meg Ryan!! Filminho bobo, com o romance de sempre, e ainda choro no final! (Que vergonha para meu irmão...)
Na hora de admirar a arte do cinema, e toda a sensibilidade que ela comporta, "filme de intelectual"... intelectual sim, pois quase ninguém entende!! Prefiro ver sozinha, pra não ter que explicar pra ninguém, ou ter que admitir que tbém não entendi!! rrsrsrs Também não me sinto atraída pelo tipo de filme em questão, mas acredito que cinema, assim como música e livro, também pode ser diversão! Assim como meu blog, que não tem nada de útil, nenhuma reflexão filosófica... mas diverte!!
quant a filme de mulher, eis uma categoria pavorosa, que faz celebridades, provoca risinhos com piadas mil vezes contadas, ou seja, aquele tipo de filme leve como uma cabeça vazia que as amiguinhas recém-casadas e com uma vida conjugal mediana, se reúnem , pedem uma pizza e ficam babando pelo sorriso de mona lisa da julia roberts ou os olhares canastrões dos galãs branquinhhos e azedinhos.
é o tipo de mulher, desculpe generalizar, que fala mal de novela mas só conhece filme pela historinha edificante ou romancezinho fantasista.
não são todas as mulheres, eu sei, nõa se vê filme do mesmo jeito. mas concordo com o joezer quando ele diz que esse tipo de filme é o único que se faz ver.
em parte é verdade. esses filmes romanticos com o mesmo casalzinho branco e risonho repetem velhas fórmulas, mas que fazem o tempo passar agradavelmente. filmes assim represetam para as mulheres o mesmo que os transformers sõa para os homens. lá, movem as fantasias femininas mais banais. aqui, acessam os instintos masculinos mais primitivos.
num, a mulher quer se sentir amada e depois volta para a realidade do maridão. noutro, o cara projeta sua sede potência e dominio depois volta pra bater ponto no empreguinho caladinho.
no fim, depende muito do que é passar o tempo em diversão. se homens e mulheres acham que isso é o único cinema que existe, alguma coisa está errada com a educaçao artistica de nossas escolas (eu como, educadora, digo que está mesmo)
Vamos lá intelectuais, repitam comigo: "Intelectual sim... chato, jamais!!"