Para quem, esse ajuntado de palavras? Para quem, esses louvores terrenos? A quem se destina a estrofe pequena? A quem, tal destempero de versos? Às doze notas que mal aprendi Às mil vozes que escutei À canção que me balança a rede À música que, mesmo quando o timbre é amargo, Mesmo quando a paga não recompensa, Me faz querer possuí-la na beira do ouvido, Na ponta dos dedos, na margem da voz Música não existe por si Não é um ser não-gerado Não é uma deusa incriada A música precisa do músico para ser. Mas ele não diz: Haja música. Fica ali, na indecisão, entre o som e o silêncio, pois quer bem a ambos Tudo o que ele toca vira música Mesmo que chamem de barulho Por isso: Aos descobridores de melodias Aos que com notas de afeto desatam os nós escuros da alma alheia e me fazem sorrir numa unhappy hour Aos desafinados de bom coração Aos desvalidos da canção reprimida Aos festeiros da bossa triste Aos amuados do acorde feliz Aos que têm escala mas não têm ...
Música, mídia, cultura.