Para começar, uma fábula menor de moral mínima: Há muito tempo, ainda no século passado, Manoel Castro e Cal Adan esfregaram uma lâmpada e fizeram um pedido ao gênio de todas as festas: que eles fossem empresários de uma banda de muito sucesso. Seu desejo foi atendido e surgiu o É o Tchan. Surpreendentemente, ambos continuaram soltos por aí. Sendo assim, os dois empresários reincidiram e criaram o grupo Babado Novo. Cuidado, eles ainda têm um terceiro e último pedido a fazer, embora o gênio festeiro, aproveitando que está na terra das leis casuístas e dos abadás, já deva ter votado e alterado a lei dos três pedidos.
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A indústria da axé-music continua crescendo. Quando Daniela Mercury começou a cantar que A cor da cidade era ela em decibéis supersônicos acabou-se o sono dos justos. Decibel é uma unidade de audição. Bel é como se chama o líder da banda Chiclete com Banana. Pondere o amigo, a amiga. Se um Bel já é uma indigência sonora, o que dizer de decibéis, ou seja, Bel elevado à décima potência.
Como tudo que está ruim sempre pode ficar pior, a cantora do Babado Novo, Cláudia Leitte, é lançada em carreira-solo (agora com dois “Ts” como recomenda o manual astral do show business). A justificativa é de que o grupo era um aquário muito pequeno para a cantora de tantos e louvados talentos (leia-se disposição para cantar, rebolar e obedecer tudo o que o empresário mandar). Mas, como a mentira tem pernas tão curtas quanto o figurino da cantora, soube-se que o último cd do grupo tinha vendido “apenas” 50 mil cópias. Um desastre para os números astronômicos da indústria da Música Prapular Brasileira.
Então, como nada se perde, transformou-se Cláudia Leitte no similar de Ivete Sangalo, a atual rainha de vendas de cds e produtos para a pele. Similar ou genérico, o que importa para uma cantora solista de trio elétrico é ser uma mistura bem sucedida de artista com maratonista. Como diz Nelson Motta, ao mesmo tempo em que se é artista tem que ser atleta pra pular junto com o povaréu imenso. O vozeirão não pode passar despercebido e nem podem faltar também os naturais cabelos esvoaçantes (leia-se dois superventiladores estrategicamente posicionados na frente do palco).
Mas, quando as trevas morais já encobriam o planeta da axé-music, eis que Cláudia Leitte declara seu cristianismo em entrevista. Ela conta que seu casamento foi celebrado pelo pastor Ivo Dias, da Comunidade Evangélica dos Artistas de Cristo (CEAC), e que ela já abriu um show com um hino da pastora-cantora Ludmila Ferber. Talvez seja essa sua idéia de testemunho para um público que usa a axé-music como trilha sonora para urros histéricos e beijos fugazes. Ela também afirma que não é vulgar, que usa “shortinho sem ofender a Deus”. Aí é que se vê que o evangelho de Cláudia Leitte é menos o de Jesus Cristo e mais o de Jesus Sangalo, o empresário e irmão de Ivete.
Veja você que há um tipo de evangélico moderno que não se arrepende nem da música que pratica. Há cantores que renunciam ao modo de vida que levavam antes da conversão; e há muitos astros que acreditam que não precisam renunciar a nada. Pode-se prosseguir na mesma velha e boa carreira artística e pensar que não se precisa fazer esforço algum, que tudo já foi feito por ele, que ele já recebeu a “unção”...
Há relatos que mostram como ex-artistas se aproximaram da comunidade evangélica. Em geral, os relatos mais sinceros são de artistas que estavam vivendo no ostracismo artístico. Por sua vez, cantores que estão surfando na crista da onda da mídia são mais reticentes em abandonar o padrão de vida que levam – e não deve ser fácil mesmo redirecionar todo um estilo de vida.
Diante de uma multidão, com a oportunidade de oferecer algo além de entretenimento rápido e indolor, vários artistas vendem a si mesmos e exaltam um arremedo de cristianismo bem apropriado para críticos que procuram uma boa desculpa para discriminar a religião. É assim que Cláudia Leitte, involuntariamente, acaba criando uma nova categoria de crente: a showgirl evangélica, para quem o cristianismo é somente um “negócio legal”, um babado anunciado como novo por dentro, mas que por fora é o mesmo odre velho. E enquanto não se apercebe disso, ela segue promovendo uma forma de religião tão banal e incoerente como as propagandas de refrigerante em que atua.
Como tudo que está ruim sempre pode ficar pior, a cantora do Babado Novo, Cláudia Leitte, é lançada em carreira-solo (agora com dois “Ts” como recomenda o manual astral do show business). A justificativa é de que o grupo era um aquário muito pequeno para a cantora de tantos e louvados talentos (leia-se disposição para cantar, rebolar e obedecer tudo o que o empresário mandar). Mas, como a mentira tem pernas tão curtas quanto o figurino da cantora, soube-se que o último cd do grupo tinha vendido “apenas” 50 mil cópias. Um desastre para os números astronômicos da indústria da Música Prapular Brasileira.
Então, como nada se perde, transformou-se Cláudia Leitte no similar de Ivete Sangalo, a atual rainha de vendas de cds e produtos para a pele. Similar ou genérico, o que importa para uma cantora solista de trio elétrico é ser uma mistura bem sucedida de artista com maratonista. Como diz Nelson Motta, ao mesmo tempo em que se é artista tem que ser atleta pra pular junto com o povaréu imenso. O vozeirão não pode passar despercebido e nem podem faltar também os naturais cabelos esvoaçantes (leia-se dois superventiladores estrategicamente posicionados na frente do palco).
Mas, quando as trevas morais já encobriam o planeta da axé-music, eis que Cláudia Leitte declara seu cristianismo em entrevista. Ela conta que seu casamento foi celebrado pelo pastor Ivo Dias, da Comunidade Evangélica dos Artistas de Cristo (CEAC), e que ela já abriu um show com um hino da pastora-cantora Ludmila Ferber. Talvez seja essa sua idéia de testemunho para um público que usa a axé-music como trilha sonora para urros histéricos e beijos fugazes. Ela também afirma que não é vulgar, que usa “shortinho sem ofender a Deus”. Aí é que se vê que o evangelho de Cláudia Leitte é menos o de Jesus Cristo e mais o de Jesus Sangalo, o empresário e irmão de Ivete.
Veja você que há um tipo de evangélico moderno que não se arrepende nem da música que pratica. Há cantores que renunciam ao modo de vida que levavam antes da conversão; e há muitos astros que acreditam que não precisam renunciar a nada. Pode-se prosseguir na mesma velha e boa carreira artística e pensar que não se precisa fazer esforço algum, que tudo já foi feito por ele, que ele já recebeu a “unção”...
Há relatos que mostram como ex-artistas se aproximaram da comunidade evangélica. Em geral, os relatos mais sinceros são de artistas que estavam vivendo no ostracismo artístico. Por sua vez, cantores que estão surfando na crista da onda da mídia são mais reticentes em abandonar o padrão de vida que levam – e não deve ser fácil mesmo redirecionar todo um estilo de vida.
Diante de uma multidão, com a oportunidade de oferecer algo além de entretenimento rápido e indolor, vários artistas vendem a si mesmos e exaltam um arremedo de cristianismo bem apropriado para críticos que procuram uma boa desculpa para discriminar a religião. É assim que Cláudia Leitte, involuntariamente, acaba criando uma nova categoria de crente: a showgirl evangélica, para quem o cristianismo é somente um “negócio legal”, um babado anunciado como novo por dentro, mas que por fora é o mesmo odre velho. E enquanto não se apercebe disso, ela segue promovendo uma forma de religião tão banal e incoerente como as propagandas de refrigerante em que atua.
Comentários
É A PURA REALIDADE!!