Já ouvi (ou penso ter ouvido) a frase saída da boca de um homem velho, cansado e doente: “A sabedoria nos chega numa idade em que já não nos serve para nada”. Quando ouço os ex-jogadores Edmundo e Neto falando dos erros cometidos que sabotaram a própria carreira, entendo o que quis dizer aquele idoso. Talvez, se sábios fossem, tivessem agido diferente ao longo da vida. Para o doutor Isak Borg, apesar das cãs de seus 73 anos, a sabedoria nem sequer chegou. Borg, o protagonista da obra-prima Morangos Silvestres (1957), viaja de carro até uma cidade onde receberá um título acadêmico. No trajeto lhe acompanha sua nora e três jovens que lhe pedem carona. Ao longo da viagem, ele faz uma revisão de sua vida e começa a perceber o quanto se afastou dos seus ideais de juventude. Os morangos silvestres colhidos agora pela sua memória, além de representarem a porta para relembrar a inocência distante, simbolizam os simples prazeres da vida que ele trocou por aquisições intelectuais. Doc...
Música, mídia, cultura.