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a vitória de Messi, o anti-star


Lionel Messi ganhou o prêmio FIFA/Bola de Ouro de melhor jogador do mundo pelo terceiro ano consecutivo. E ninguém impede que ele continue sendo o melhor pelos próximos dois ou três anos. A menos que outros melhores que o enfrentam nos gramados, como Cristiano Ronaldo e Neymar, consigam vencer o time do Barcelona pelo menos três vezes por ano.

Neymar/Cristiano Ronaldo vs. Messi não é só um duelo de habilidade futebolística. É um confronto de personalidades. Pode haver mais diferença entre o comportamento narcisístico  do craque portuga Cristiano Ronaldo e o discreto Messi? Ou, entre os duzentos penteados bizarros de Neymar e o cabelo sem tintura do Messi?

Não estou dizendo que todo mundo tem que ser igual, que todos devem ser robozinhos com a mesma personalidade. Mas quando eu vejo garotos de 8 anos pedindo “papai, me dá um moicano de presente”, só me resta torcer para que o cabelo do Neymar seja o último dos moicanos.

No fundo, o penteado nem é o problema. Ao menos dá emprego pra cabeleireiro. Pior é quando imitam a empáfia, a vaidade, o egocentrismo de outros craques tidos e havidos por predadores de Maria-chuteiras e matadores de Ferrari.

Você já viu o Messi fazer dancinha na frente do zagueiro? Ou abrir os braços reclamando que o time não acerta um passe pra ele? Ou bater no peito feito um fariseu ao fazer mais um golaço?

Você já viu o Messi desfilando de Ferrari com uma “atriz e modelo”? Ou chegando atrasado ao treino porque a noite fez, digo, é uma criança? A vitória de Messi não é só o triunfo da beleza do drible e do encantamento do gol. É a vitória do anti-star. É um anti-Ronaldo, a despeito de todos os atributos físicos, espaciais e motores de Cristiano.

O comportamento de Messi dentro e fora de campo é espelho do time do Barcelona, um time que humilha o adversário sem provocá-lo à guerra. Quem perde do Barcelona não sai de campo com raiva (a não ser o Real Madri, justo o time de Cristiano Ronaldo e José Mourinho, jogador e técnico antônimos de Messi e Pep Guardiola).

Nós, enjoados torcedores brasileiros, admiramos Messi, que parece ser um gênio como Maradona, mas felizmente não tem o gênio de Maradona. Contudo, Messi é tão desprovido de empáfia que tem brasileiro desconfiando que ele não seja argentino. Bem, já que o Barcelona nem parece time desse planeta... 

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Comentários

Anônimo disse…
Verdade pura!
Angelo Repetto disse…
Joêzer entrou na área, pensou, digitou, postou e que golaço...
Jayme Alves disse…
Recordando uma observação que fiz sobre a seleção da Espanha campeã do mundo, o Messi é antes um artesão do que um artista - ele prefere ser autor a ser ator.
joêzer disse…
Saulo, ele é diferente mesmo, hein?

Angelo, valeu a 'comemoração' do gol, rs. obrigado pela gentileza.
joêzer disse…
"antes autor que ator": perfeito, Jayme.
Anônimo disse…
parabéns otimo comentario
Anônimo disse…
Q delícia de ensaio...
Rogério Azevedo disse…
Excelente artigo. Já sou fã do blog. Parabéns. Tenho lido e compartilhado diversos artigos e eles rebebem diversos comentários positivos...
joêzer disse…
grato, Rogério. valeu por compartilhar!
Anônimo disse…
Joêser,
se você bater na bola com a mesma precisão com que analisou o messi e os coadjuvantes citados, será (ou seria)um craque.
E por falar nisso, vc joga um "fut"?
Abraço
Paulo Roberto
joêzer disse…
Paulo Roberto, nos futs da vida meu apelido é Zizú (como chamavam o Zidane). Deve ser mais pela calvície que pelo domínio da bola. rsrs

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