De um jogo pra outro, todo brasileiro resolveu pegar o Neymar pra neto. No começo, tal como os avós de antigamente (os avós de hoje só querem saber de caminhada e cruzeiro pelo litoral), tudo o que menino fazia era um mimo. Neymar dava um chapéu abusado no Chicão, é coisa de guri! Neymar entortava zagueiros como o Green Morton entortava colheres, é a magia da adolescência! Neymar apanhava dos adversários em campo, não mexam com meu garoto! O moleque tripudiava na grande área, humilhava zagueiros, caçoava do Rogério Ceni, enfim, era o capeta em forma de guri bom de bola.
Não demorou e o brasileiro passou a exigir a convocação de Neymar para a seleção. Olha aí, Dunga, ele pula, ele roda, ele faz requebradinha! Com um jogador maluquinho desses, o Brasil ganha fácil, fácil. Já dava pra escutar um Galvão aos berros: “Neymar neles! Seguuuura que eu quero ver!” Mas o Dunga segurou.
Só que a adolescência do Neymar mal começou. E aí os “problemas” apareceram. E de uma hora pra outra, todo mundo resolveu ser padrasto do menino. Agora ele reclama, esse menino é mal-educado. “Estão criando um monstro”, advertiu o técnico Renê Simões. Até o Mano Menezes, que fez o lançamento mundial das molecagens de Neymar na seleção, veio a público passar um pito no garoto. Logo logo, quando ele driblar de novo, vão dizer que ele não tem modos.
Os tios e avós postiços de Neymar já deram para os pais de verdade do menino um receituário de corretivos e soluções: “Deixem ele sem PlayStation por um mês”, “São as más influências do Twitter”, “É aquele penteado”, “Passem pimenta no brinco”, “É falta de umas boas palmadas”.
Não adianta psicologia barata (nem cara) numa hora dessas. Neymar é um projeto de craque, cheio de amor e chapéu pra dar, que precisa abrir o olho pra não virar um “Neymala”. Não é o caso de passar a mão no cabelo moicano toda vez que ele cometer uma bobagem. Mas não vamos fingir que, se fosse nosso filho, a gente faria melhor.
Comentários
2) corintianos são os piores? generalizar é mais fácil, né? deve ser difícil admitir que há gente de bom caráter e de más intenções em qualquer torcida. e infelizmente, em qualquer igreja.
Criticar torcedores de um time logo após ter sido genérico com o esporte como todo!
Vivemos em tempos onde não se pode generalizar a respeito de nehum ramo da atividade humana.
Tanto quanto o futebol, a religião, a política e até a espécie tem seus exemplares e modelos do pior e do melhor.
Neymar é a personificação não só do quadro futebolístico, como da figura humana pós moderna: completamente independente de tudo e todos, voltado apenas para si mesmo e lutando para que os holofotes da vida façam o mesmo por ele.
Seria mais justo analisar atitudes desse jovem à partir da Psicologia, Sociologia, Pedagogia e, mesmo da Religião que generalizar e demonizar o esporte. Até porque, verdadeiros cafajestes (moralmente falando) tiveram, têm e terão vida esportiva mais promissora que a dele, que é sem regras.
Fazer o quê?
Os maus exemplos estão aí, mesmo, para serem evitados e para servir de piada e ilustração bizarra.
Se Cristo não voltar até lá, contarei aos meus netos o que ele fez. E, como bons corinthianos, a gente vai rir muito!
Evanildo F. Carvalho