O ensino de música tem prazo oficial para voltar à sala de aula como disciplina escolar. Quem será o professor? Os formados com licenciatura em música ou a "tia de artes" é quem vai dar a aula de música também? E por que mesmo a escola deve inserir nos inflacionados currículos a educação musical? Que tipo de educação musical será incentivada? Que músicas estarão no programa?
Na questão da importância da educação musical está um mar de pesquisas que revelam:
- a existência de afinidades entre o desenvolvimento musical e o desenvolvimento intelectual dos estudantes;
- a relação entre música, comportamento e relacionamento interpessoal;
- o sucesso de projetos sociais que se valem do ensino da música nas áreas urbanas mais pobres.
No entanto, muita gente ignora os atributos do fazer musical na sala de aula e pensa que o ensino de música deve dirigir-se apenas aos "mais talentosos". Essa ideia causou um grande mal à democratização da música, cuja instrução formal se tornou um privilégio de famílias economicamente mais abastadas. Outro argumento dominante e também contrário à educação musical nas escolas condena o caráter de entretenimento e diversão tradicionalmente ligado à música e acusa uma suposta futilidade das aulas de música. Fora aqueles que dizem que música não se aprende no colégio, mas em práticas musicais intuitivas longe da escola. É muita torcida contra!
Uma das primeiras tarefas da educação musical será a de justificar-se enquanto disciplina “séria” perante os pais de alunos e a sociedade. Terá que esclarecer que a educação musical na escola não pretende formar músicos profissionais (e a escola, porventura, forma geógrafos ou físicos?).
Em vez de servir apenas de objeto promocional de escolas ou como repertório de festejos cívicos e folclóricos, a música na sala de aula deve contribuir para a formação geral do estudante, aguçando sua sensibilidade estética, desenvolvendo sua capacidade de criação e ampliando seu universo cultural.
Então, por que música na escola? Liane Hentschke, pedagoga musical, argumenta que a música pode proporcionar ao aluno o desenvolvimento de sua sensibilidade artística e de sua imaginação criadora, um sentido histórico de nossa herança cultural, meios de transcender o mundo musical do seu ambiente social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o desenvolvimento da comunicação não-verbal. Dito assim, parece a salvação da lavoura escolar. Mas não podemos subestimar as razões e os efeitos de uma bem-sucedida experiência com a música na sala de aula.
Referências:
Ilza Joly, "Educação e educação musical". Em: Ensino de música: propostas para agir e pensar em sala de aula (Liane Hentschke & Luciana Del Ben, org.), 2003, pp. 113-126.
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