O American Film Institute (AFI) divulgou outra lista de 100 melhores filmes americanos de todos os tempos. É um instituto do cinema anglófono e, assim, ninguém vai encontrar na lista filmes de Kurosawa, Fellini, Truffaut, Bergman ou Buñuel. Mas a lista impressiona pela quantidade de filmes que modelam até hoje a forma de fazer e assistir cinema.
As décadas de 60, com 17 filmes, e a de 70, com 20 filmes, tiveram mais filmes incluídos na lista. Mas o final do século até que não está tão ausente, com 11 filmes dos anos 90. Essa lista não é formada só de arrasa-quarteirões, tipo Os caçadores da arca perdida (nº 66 na lista), mas Steven Spielberg é o cineasta com mais filmes (cinco) na lista, sendo A Lista de Schindler (nº 8) o mais bem colocado.
O cinema americano é um cinema de ação, beijos e risos, às vezes tudo isso ao mesmo tempo. Não por acaso, filmes leves que combinam esses fatores foram os mais lembrados. Se reunirmos as comédias, os musicais, as animações, as aventuras fantásticas, os faroestes, os romances e os thrillers de ação e suspense, veremos que se chega a pelo menos 60 filmes. É claro que uma ficção científica como 2001 – uma odisséia no espaço (nº 15) não é uma aventura espacial como Guerra nas Estrelas (nº 13), nem uma comédia como MASH (nº 54) destina-se ao riso inocente como O Mágico de Oz (nº 10). Mas a aventura filosófico-existencialista de 2001 e a sátira ácida ao militarismo de MASH são a contrapartida mais erudita e politizada da mesma Hollywood.
Hollywood também é a máquina que ergue astros com a mesma facilidade com que os destrói. Cineastas e roteiristas retratavam essa roliúdi falsa e insidiosa ou então adentravam os bastidores do teatro e da TV para criticar as engrenagens do show business. Essa tendência de cuspir no prato que se come (e com todos os méritos) está representada na lista da AFI por comédias aparentemente cândidas como Cantando na Chuva (nº 5), e por dramas como A Malvada (nº 28) e, talvez o maior de todos no tema, Crepúsculo dos Deuses (nº 16). Mas filmes como Nashville, Rede de Intrigas e Cidadão Kane (o eterno nº 1 dessas listas) abordam com menor ou maior ênfase o mundo dos espetáculos. Cidadão Kane? Ora, quer maior espetáculo do que a imprensa?
O filme de guerra é outro gênero bem representado na lista. Se esse gênero é servo da propaganda belicista americana, dos filmes publicitários da II Guerra Mundial aos Rambos e Top Guns da Era Reagan, por outro lado, há filmes que procuraram mostrar o desastre da política intervencionista americana – Platoon (nº 86), O Franco-Atirador (nº 53), - a insensatez da guerra – A Ponte do Rio Kwai (nº 36) e Apocalypse Now (nº 30) ou a difícil readaptação social após a guerra – Os melhores anos de nossas vidas (nº 37). As guerras também servem de pano de fundo para romances – E o Vento Levou (nº 6) e Casablanca (nº 3), e épicos - Lawrence da Arábia (nº 7) é um dos raros filmes em que os árabes têm rosto e personalidade, antes de virarem meros alvos satanizados pelas mãos dos Braddocks do cinema.
As décadas de 60, com 17 filmes, e a de 70, com 20 filmes, tiveram mais filmes incluídos na lista. Mas o final do século até que não está tão ausente, com 11 filmes dos anos 90. Essa lista não é formada só de arrasa-quarteirões, tipo Os caçadores da arca perdida (nº 66 na lista), mas Steven Spielberg é o cineasta com mais filmes (cinco) na lista, sendo A Lista de Schindler (nº 8) o mais bem colocado.
O cinema americano é um cinema de ação, beijos e risos, às vezes tudo isso ao mesmo tempo. Não por acaso, filmes leves que combinam esses fatores foram os mais lembrados. Se reunirmos as comédias, os musicais, as animações, as aventuras fantásticas, os faroestes, os romances e os thrillers de ação e suspense, veremos que se chega a pelo menos 60 filmes. É claro que uma ficção científica como 2001 – uma odisséia no espaço (nº 15) não é uma aventura espacial como Guerra nas Estrelas (nº 13), nem uma comédia como MASH (nº 54) destina-se ao riso inocente como O Mágico de Oz (nº 10). Mas a aventura filosófico-existencialista de 2001 e a sátira ácida ao militarismo de MASH são a contrapartida mais erudita e politizada da mesma Hollywood.
Hollywood também é a máquina que ergue astros com a mesma facilidade com que os destrói. Cineastas e roteiristas retratavam essa roliúdi falsa e insidiosa ou então adentravam os bastidores do teatro e da TV para criticar as engrenagens do show business. Essa tendência de cuspir no prato que se come (e com todos os méritos) está representada na lista da AFI por comédias aparentemente cândidas como Cantando na Chuva (nº 5), e por dramas como A Malvada (nº 28) e, talvez o maior de todos no tema, Crepúsculo dos Deuses (nº 16). Mas filmes como Nashville, Rede de Intrigas e Cidadão Kane (o eterno nº 1 dessas listas) abordam com menor ou maior ênfase o mundo dos espetáculos. Cidadão Kane? Ora, quer maior espetáculo do que a imprensa?
O filme de guerra é outro gênero bem representado na lista. Se esse gênero é servo da propaganda belicista americana, dos filmes publicitários da II Guerra Mundial aos Rambos e Top Guns da Era Reagan, por outro lado, há filmes que procuraram mostrar o desastre da política intervencionista americana – Platoon (nº 86), O Franco-Atirador (nº 53), - a insensatez da guerra – A Ponte do Rio Kwai (nº 36) e Apocalypse Now (nº 30) ou a difícil readaptação social após a guerra – Os melhores anos de nossas vidas (nº 37). As guerras também servem de pano de fundo para romances – E o Vento Levou (nº 6) e Casablanca (nº 3), e épicos - Lawrence da Arábia (nº 7) é um dos raros filmes em que os árabes têm rosto e personalidade, antes de virarem meros alvos satanizados pelas mãos dos Braddocks do cinema.
A crítica social e política está presente nas discussões sobre o delacionismo (Sindicato de Ladrões), as questões latifundiárias (As Vinhas da Ira), o preconceito racial (O Sol é para Todos, No Calor da Noite e Faça a Coisa Certa), o caos urbano (Taxi Driver), a corrupção política (Todos os Homens do Presidente), a contracultura (Sem Destino), entre outros temas candentes.
Todos esses gêneros e temáticas servem tanto às formulações conservadoras quanto ao pensamento mais progressista, o que desmente a idéia de um cinema americano monolítico e unidimensional e revela a presença de discursos ideologicamente opostos na decantada Hollywood, símbolo de um cinema industrial que "ergue e destrói coisas belas".
Listas sempre são discutíveis, mas podem auxiliar a aumentar nosso campo de visão sobre a arte e a sociedade; depois de conhecer esses filmes cada um pode montar e remontar suas preferências, sendo essa lista uma boa introdução a um cinema de maior qualidade e exigência estética.
A lista completa, com direito a links de sinopses e fotos dos filmes, pode ser conferida aqui. E a foto na cumeeira desse texto é de Tempos Modernos, classificado em 78º lugar na eleição da AFI, mas que é o primeiro na minha lista pessoal.
Comentários
e se era pra ter filme inglês, como que não escolheram também O terceiro homem ou Henrique V?
Reginaldo, você lembrou alguns ótimos clássicos, recentes ou não. Eu ainda perguntaria por Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone; Cinzas no Paraíso, de Terrence Mallick; Fargo, dos irmãos Coen; A rosa púrpura do Cairo e/ou Manhattan, de Woody Allen; e até mais recentes ainda como Moulin Rouge e Conquista da Honra.
joêzer.