O que será que anda nas cabeças, anda nas bocas e andam falando alto pelos blogs? Além da crise financeira, fala-se nas eleições americanas. Há um videoclipe que circula na rede (via blog do jornalista Michelson Borges) que mostra a semelhança nos discursos de George W. Bush e John McCain. O vídeo é editado meio no estilão do cineasta Michael Moore, ou seja, edição rápida e nada imparcial, e mostra como presidente e candidato republicanos estão bem ligados. Embora a postura pública de Barack Obama tenha catalisado a atenção das mentes arejadas, é seguro mesmo não olhar os candidatos como salvadores da pátria. Aliás, chega de messianismo eleitoreiro, não é mesmo?
Leia a seguir trechos da matéria de Idelber Avelar (Tulane University) para Agência Carta Maior (seguido de meu comentário):
"Os últimos dias da campanha de John McCain foram de um tremendo vai-e-vem: a chapa partiu para ataques a Obama por suposta associação com alguém que foi terrorista quando ele tinha 8 anos de idade, usou apresentadores que se referiam a Barack Hussein Obama, soltou um comercial sinistro sobre o “perigo” Obama e por aí navegou durante três ou quatro dias.
Os comícios começaram a fugir do controle, com seus apoiadores chegando a gritar matem-no à menção do nome de Obama. O Serviço Secreto abriu, inclusive, o inaudito precedente de interrogar membros de um comício presidencial por ameaça de assassinato. Com a reação negativa gerada pelo sectarismo, McCain retrocedeu. De uma correligionária que começava um discurso sobre Obama, o “terrorista árabe”, ele chegou a tomar o microfone, meio sem graça ou talvez a contragosto, para dizer que Obama é "um homem de família decente com quem tenho algumas divergências". Foi vaiado durante alguns instantes pelo seu próprio público".
*****
Obama transparece uma renovação. Mais jovem, articulado e elegante que o candidato adversário, seu conceito de uma política de diálogo, tolerância e de não-intervencão repercutiram favoravelmente ao redor do mundo. Claro que, uma vez dentro do Salão Oval, a discussão pode ser outra, mas não cabem especulações agora, pois aí seria uma antevisão determinista que já assegura que toda e qualquer candidatura estaria fadada à corrupção dos propósitos.
A candidatura de McCain (somada a escolha de uma vice tão republicanóide como Sarah Palin), por sua vez, reacende questões como: a tradição intervencionista dos Estados Unidos no campo internacional durante os mandatos republicanos (Nixon, Reagan, Bush), o ufanismo exacerbado travestido de civismo patriótico, o lobby relacionado à venda de armas, o investimento em propaganda militarista, a aproximação entre as esferas do Estado e da religião como aprecia a ultraconservadora direita cristã e, vale lembrar, o histórico de estímulo à paranóia, que sobrecarrega um ambiente de "perigo social" capaz de convencer a mídia e a população a fim de justificar a perseguição ao pensamento crítico e/ou discordante (o mccarthismo, a caça aos "vermelhos", Guantánamo).
Sim, ambos os partidos (Democrata e Republicano) são co-responsáveis pelo iminente estado de recessão financeira global. Sim, um presidente acuado por outras esferas de poder (conjuntura econômica, o "clamor popular", um discurso ecológico e/ou religioso global), não importa a definição partidária, pode tomar medidas que não estavam presentes na sua proposta inicial de atuação. Sim, porque eleger não é redimir, eleição não é salvação.
Leia a seguir trechos da matéria de Idelber Avelar (Tulane University) para Agência Carta Maior (seguido de meu comentário):
"Os últimos dias da campanha de John McCain foram de um tremendo vai-e-vem: a chapa partiu para ataques a Obama por suposta associação com alguém que foi terrorista quando ele tinha 8 anos de idade, usou apresentadores que se referiam a Barack Hussein Obama, soltou um comercial sinistro sobre o “perigo” Obama e por aí navegou durante três ou quatro dias.
Os comícios começaram a fugir do controle, com seus apoiadores chegando a gritar matem-no à menção do nome de Obama. O Serviço Secreto abriu, inclusive, o inaudito precedente de interrogar membros de um comício presidencial por ameaça de assassinato. Com a reação negativa gerada pelo sectarismo, McCain retrocedeu. De uma correligionária que começava um discurso sobre Obama, o “terrorista árabe”, ele chegou a tomar o microfone, meio sem graça ou talvez a contragosto, para dizer que Obama é "um homem de família decente com quem tenho algumas divergências". Foi vaiado durante alguns instantes pelo seu próprio público".
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Obama transparece uma renovação. Mais jovem, articulado e elegante que o candidato adversário, seu conceito de uma política de diálogo, tolerância e de não-intervencão repercutiram favoravelmente ao redor do mundo. Claro que, uma vez dentro do Salão Oval, a discussão pode ser outra, mas não cabem especulações agora, pois aí seria uma antevisão determinista que já assegura que toda e qualquer candidatura estaria fadada à corrupção dos propósitos.
A candidatura de McCain (somada a escolha de uma vice tão republicanóide como Sarah Palin), por sua vez, reacende questões como: a tradição intervencionista dos Estados Unidos no campo internacional durante os mandatos republicanos (Nixon, Reagan, Bush), o ufanismo exacerbado travestido de civismo patriótico, o lobby relacionado à venda de armas, o investimento em propaganda militarista, a aproximação entre as esferas do Estado e da religião como aprecia a ultraconservadora direita cristã e, vale lembrar, o histórico de estímulo à paranóia, que sobrecarrega um ambiente de "perigo social" capaz de convencer a mídia e a população a fim de justificar a perseguição ao pensamento crítico e/ou discordante (o mccarthismo, a caça aos "vermelhos", Guantánamo).
Sim, ambos os partidos (Democrata e Republicano) são co-responsáveis pelo iminente estado de recessão financeira global. Sim, um presidente acuado por outras esferas de poder (conjuntura econômica, o "clamor popular", um discurso ecológico e/ou religioso global), não importa a definição partidária, pode tomar medidas que não estavam presentes na sua proposta inicial de atuação. Sim, porque eleger não é redimir, eleição não é salvação.
Comentários
A lista de cúmplices na derrocada americana inclui inclusive Alan Greenspan que pouco fez pra deter os abusos do mundo financeiro. Não admira o ele ter saído no início da crise.
Para adventistas que acham que cada eleição nos EUA significa um passo mais perto do decreto dominical, gostaria de lembrar que o decreto não vai partir da política americana e sim de eventos globais.