Valdecir Lima tem graduação em Línguas Modernas e Teologia na Southwestern Adventist University (Texas, EUA) e é professor de Línguas e Comunicação Aplicada nas faculdades do UNASP (campus Engenheiro Coelho, SP). No entanto, ele é mais conhecido por ser um letrista de raro talento, cuja parceria com os compositores Flávio Santos e Lineu Soares rendeu canções memoráveis (a lista é imensa, mas podemos citar O melhor lugar do mundo, Minha esperança, Falar com Deus, Deus sabe, Deus ouve, Deus vê). Suas letras apresentam um equilíbrio entre erudição e simplicidade, um inteligente uso de rimas e não perdem a fluência e a clareza de propósitos.
Em entrevista concedida à Revista Adventista (edição junho/2008), Valdecir Lima fala sobre questões relacionadas à música e à adoração nas igrejas. A seguir, apresento um resumo dessa entrevista, com meus comentários em itálico.
Nos Estados Unidos, denominou-se “gospel wars” o conflito que as igrejas evangélicas têm atravessado quanto às escolhas do seu repertório musical. No Brasil, as igrejas protestantes históricas ainda experimentam essa questão com menor ou maior grau de polêmica. Perguntado sobre onde estaria a raiz do problema, se na música ou nos adoradores, Valdecir Lima responde que “o problema pode estar na música, nos adoradores ou em ambos”. Diz também que, mais que uma música que promova a “verdadeira adoração”, todos precisam de uma atitude que seja fruto de ampla reforma na vida.
Valdecir adverte que “só existe verdadeiro louvor onde há união. Não é julgando e condenando um tipo de música que o adorador promoverá o louvor, nem é ignorando culturas e impondo um estilo próprio que o músico louvará com perfeição, mas vencendo os caprichos em função da união entre os irmãos”. E cita Filipenses 2:3: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.
Diz também que “se Cristo está no controle de sua vida, se você tiver a mente de Cristo, seu louvor será boa música. Se nos esquecemos disso, tentaremos explicar o louvor adequado por meio de pesquisas acadêmicas e longas bibliografias para nos autorizar a palavra final”.
Não vejo aqui nenhum ranço anti-intelectualista, até porque Valdecir é um homem das letras. Mas pode haver opiniões muito diversas numa mesma comunidade, todas acreditando ter o privilégio da “mente de Cristo”. Pode ser, então, que o estudo aprofundado tenha algo a contribuir para a orientação de uma linha de conduta musical que represente os padrões e os valores daquela comunidade religiosa.
O professor Valdecir prossegue: “Quanto mais pecadores nos tornamos, mais mandamentos necessitamos. Queremos um mandamento também para a música, (...) quando a Bíblia diz: ‘Anda na Minha presença e sê perfeito’(Gênesis 17:1). Se não seguirmos esse alto padrão, com certeza tentaremos eliminar os problemas por meio de algum tipo de exercício de poder. Porém, ‘nós que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos’ (Romanos 15:1).
A respeito do atual cenário da música adventista no Brasil, Valdecir comenta que “não é bíblico odiarmos os músicos que desagradam nosso gosto. Tampouco os músicos devem impor sua inadequação e gosto particular a um grupo de adoradores (...) Ouço com freqüência que o mundo está entrando na igreja, e é verdade, não simplesmente em virtude dos costumes, mas por nossa falta de oração, fé e poder, por dependermos muito de nós mesmos e confiarmos em nossos próprios julgamentos”.
Estas são palavras valem para toda denominação cristã. A questão da adequação litúrgica não deve ser tomada negligentemente. Sem dúvida, há música apropriada para as diferentes formas e horários de culto, assim como é preciso buscar uma música adequada para as diferentes faixas etárias. Quando as diversas gerações estão reunidas num mesmo local (em uma comunidade de pouca diferenciação étnica e cultural), os músicos não ignoram que tipo de música unifica melhor os pensamentos e não cria divisão. Se ignoram esse fator, seria por displicência, imposição do gosto pessoal, ingenuidade, despreparo, estão sendo mal-interpretados, nenhuma das alternativas?
Por fim, Valdecir afirma que “efeitos tecnológicos, especializações, letras bem trabalhadas, músicas bem construídas, crescimento em habilidade vocal ou bons objetivos, tudo isso é necessário, mas há mais que isso”. E completa: “O maior louvor que os homens podem apresentar a Deus é tornarem-se consagrados instrumentos por cujo intermédio possa Ele operar” (Atos dos Apóstolos, p. 566).
Sabiamente, o letrista não aborda as insistentes questões sobre o uso de instrumentos ou gêneros musicais específicos (o espaço de duas páginas não caberia mais argumentações e os objetivos propostos pelo entrevistador eram outros). Assim, ao indicar que a comunhão e a entrega espiritual são os pontos primordiais na vida do músico e do adorador, estes poderiam fazer escolhas musicais apropriadas e dialogar em bases cristãs. É um caminho, apesar das eventuais imperfeições humanas, para o louvor sincero e perfeito.
Em entrevista concedida à Revista Adventista (edição junho/2008), Valdecir Lima fala sobre questões relacionadas à música e à adoração nas igrejas. A seguir, apresento um resumo dessa entrevista, com meus comentários em itálico.
Nos Estados Unidos, denominou-se “gospel wars” o conflito que as igrejas evangélicas têm atravessado quanto às escolhas do seu repertório musical. No Brasil, as igrejas protestantes históricas ainda experimentam essa questão com menor ou maior grau de polêmica. Perguntado sobre onde estaria a raiz do problema, se na música ou nos adoradores, Valdecir Lima responde que “o problema pode estar na música, nos adoradores ou em ambos”. Diz também que, mais que uma música que promova a “verdadeira adoração”, todos precisam de uma atitude que seja fruto de ampla reforma na vida.
Valdecir adverte que “só existe verdadeiro louvor onde há união. Não é julgando e condenando um tipo de música que o adorador promoverá o louvor, nem é ignorando culturas e impondo um estilo próprio que o músico louvará com perfeição, mas vencendo os caprichos em função da união entre os irmãos”. E cita Filipenses 2:3: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.
Diz também que “se Cristo está no controle de sua vida, se você tiver a mente de Cristo, seu louvor será boa música. Se nos esquecemos disso, tentaremos explicar o louvor adequado por meio de pesquisas acadêmicas e longas bibliografias para nos autorizar a palavra final”.
Não vejo aqui nenhum ranço anti-intelectualista, até porque Valdecir é um homem das letras. Mas pode haver opiniões muito diversas numa mesma comunidade, todas acreditando ter o privilégio da “mente de Cristo”. Pode ser, então, que o estudo aprofundado tenha algo a contribuir para a orientação de uma linha de conduta musical que represente os padrões e os valores daquela comunidade religiosa.
O professor Valdecir prossegue: “Quanto mais pecadores nos tornamos, mais mandamentos necessitamos. Queremos um mandamento também para a música, (...) quando a Bíblia diz: ‘Anda na Minha presença e sê perfeito’(Gênesis 17:1). Se não seguirmos esse alto padrão, com certeza tentaremos eliminar os problemas por meio de algum tipo de exercício de poder. Porém, ‘nós que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos’ (Romanos 15:1).
A respeito do atual cenário da música adventista no Brasil, Valdecir comenta que “não é bíblico odiarmos os músicos que desagradam nosso gosto. Tampouco os músicos devem impor sua inadequação e gosto particular a um grupo de adoradores (...) Ouço com freqüência que o mundo está entrando na igreja, e é verdade, não simplesmente em virtude dos costumes, mas por nossa falta de oração, fé e poder, por dependermos muito de nós mesmos e confiarmos em nossos próprios julgamentos”.
Estas são palavras valem para toda denominação cristã. A questão da adequação litúrgica não deve ser tomada negligentemente. Sem dúvida, há música apropriada para as diferentes formas e horários de culto, assim como é preciso buscar uma música adequada para as diferentes faixas etárias. Quando as diversas gerações estão reunidas num mesmo local (em uma comunidade de pouca diferenciação étnica e cultural), os músicos não ignoram que tipo de música unifica melhor os pensamentos e não cria divisão. Se ignoram esse fator, seria por displicência, imposição do gosto pessoal, ingenuidade, despreparo, estão sendo mal-interpretados, nenhuma das alternativas?
Por fim, Valdecir afirma que “efeitos tecnológicos, especializações, letras bem trabalhadas, músicas bem construídas, crescimento em habilidade vocal ou bons objetivos, tudo isso é necessário, mas há mais que isso”. E completa: “O maior louvor que os homens podem apresentar a Deus é tornarem-se consagrados instrumentos por cujo intermédio possa Ele operar” (Atos dos Apóstolos, p. 566).
Sabiamente, o letrista não aborda as insistentes questões sobre o uso de instrumentos ou gêneros musicais específicos (o espaço de duas páginas não caberia mais argumentações e os objetivos propostos pelo entrevistador eram outros). Assim, ao indicar que a comunhão e a entrega espiritual são os pontos primordiais na vida do músico e do adorador, estes poderiam fazer escolhas musicais apropriadas e dialogar em bases cristãs. É um caminho, apesar das eventuais imperfeições humanas, para o louvor sincero e perfeito.
Comentários
Estou cursando música na UFPEL e atualmente na disciplina de etnomusicologia estou escrevendo um ensaio sobre música na IASD. Gostaria de ter a sua opnião sobre o assunto e se fosse possível lhe enviar um questionário. Obrigada.
Josi Hellen Azevedo
josi_hellen@hotmail.com